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Quatro são presos em Chicago por torturar um deficiente ao vivo no Facebook

Procuradoria acusa de crimes de ódio quatro afro-americanos que torturaram um garoto branco e fizeram insultos a Trump

A polícia de Chicago deteve, na quinta-feira, quatro jovens negros suspeitos de serem os autores do que parece ser praticamente uma sessão de tortura a um garoto branco com deficiência mental, transmitida ao vivo através do recurso Facebook Live da mesma rede social. O vídeo, de cerca de 30 minutos de duração, já foi tirado do ar, apesar de a polícia ter divulgado um trecho no qual é possível ver a vítima, que parece estar amordaçada e sentada em um canto de um quarto, enquanto ouve gozações por parte dos agressores. Também são emitidos insultos contra o presidente-eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, e gritos contra os brancos. A Procuradoria-Geral acusa os suspeitos de crimes de ódio, entre outros delitos.

A violência das imagens, o fato de o ataque ter sido premeditado e a vontade de divulgá-lo em todo o mundo causaram horror em uma cidade casca grossa. Chicago, a terceira maior metrópole dos Estados Unidos, é historicamente violenta, mas nos últimos anos atravessa uma verdadeira epidemia de homicídios.

Com uma população de 2,8 milhões de habitantes, Chicago foi palco de 762 assassinatos no ano passado - 56% a mais do que ano anterior e a cifra mais alta em 20 anos. Juntas, Nova York e Los Angeles, com o quádruplo da população, não chegam a esse número de mortes violentas, segundo dados da Associated Press.

Em uma entrevista coletiva transmitida pelas redes sociais, o superintendente da polícia, Eddie Johnson, enfatizou a brutalidade e o descaramento com que agiram os agressores, já sob custódia e à espera de indiciamento. “É nojento”, resumiu Johnson. Os investigadores também estão à espera que a vítima, que foi internada em um hospital, se recupere do choque e possa dar mais detalhes do ocorrido para que se decida se os detidos também serão acusados de sequestro.

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O rapaz agredido, cuja identidade não foi divulgada, vive em uma cidade nos arredores de Chicago e, segundo a polícia, talvez conheça alguns dos jovens que o levaram e o atacaram. “Ele está traumatizado pelo incidente e é difícil falar com ele neste momento”, disse um dos responsáveis pelo caso.

Os investigadores acreditam que o jovem ficou sob a posse dos agressores entre 24 e 48 horas. Os pais comunicaram o desaparecimento do filho na segunda-feira. Segundo a agência EFE, nas imagens, já retiradas do Facebook, é possível ver os atacantes cortando a roupa do rapaz, lançando cinzas de cigarro sobre ele, chutando sua cabeça e cortando parte de seu couro cabeludo com uma faca. A agência informa ainda que os jovens também pedem que ele insulte Trump e o obrigam a beber água de um vaso sanitário.

Drogas e armas

Nos últimos anos, Chicago também sofreu uma proliferação de pequenas quadrilhas, um fenômenos agora mais frequente que o das tradicionais gangues de bairro. Os crimes relacionados a elas e às drogas estão por trás deste aumento da violência, agora também muito presentes nas redes sociais, não apenas através de vídeos como o deste ataque, mas ainda porque muitos dos membros se alvejam e se ameaçam através de suas contas no Facebook, por exemplo.

A maioria das vítimas são afro-americanas e pobres. Chicago, a cidade que formatou a carreira política do primeiro presidente negro dos Estados Unidos, Barack Obama, é também uma das mais segregadas do país – e aquela na qual mais armas ilegais são apreendidas pela polícia. Os casos de brutalidade policial e o preconceito racial agravaram as tensões na cidade.

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