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Uber desafia as autoridades e mantém seu carro autônomo

Aplicativo enfrenta as autoridades e não retira seus veículos de São Francisco

Um dos carros sem motorista da Uber na garagem do aplicativo.
Um dos carros sem motorista da Uber na garagem do aplicativo.Christian Van der Henst-Platzi

A Uber considera que a lei não se ajusta à realidade. O aplicativo de transportes decidiu manter seus carros autônomos em São Francisco e desobedecer ao Departamento de Veículos a Motor (DMV), que pediu o fim desse serviço na quarta-feira, dia de sua inauguração. “Decidimos que essa lei não nos afeta”, disse Anthony Levandowski, vice-presidente do departamento de tecnologias avançadas da Uber, os responsáveis pelo carro que começou a rodar na quarta-feira na capital do Vale do Silício.

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O executivo explicou em uma ligação os motivos para a rebelião. A Uber considera que a definição de carro autônomo do Estado da Califórnia não vale para os seus carros. Ao contrário do carro criado pela Google, que Levandowski evitou mencionar por ser sua empresa anterior, os fabricados pela Volvo e utilizados pela Uber possuem pedais e volante, e, por enquanto, um humano no banco do motorista. O serviço de transporte considera que é uma versão do piloto automático da Tesla, que ajuda o piloto, mas não funciona de maneira independente o tempo todo.

“O problema é que a lei não nos afeta. Não existe nenhuma razão para que obedeçamos a essa lei, porque funcionamos de outra forma”, frisou. O DMV ainda não se pronunciou sobre essa nova declaração.

Após uma grande aprovação inicial na cidade que viu nascer a startup, a polêmica nas redes sociais explodiu após a divulgação de um vídeo no qual um dos veículos furou um farol vermelho enquanto um pedestre atravessava nas proximidades do Museu de Arte Moderna de São Francisco. De acordo com a empresa, a infração ocorreu por um erro humano e o piloto automático não estava ligado na hora. A Uber o compara com uma aula de autoescola, o carro anda sozinho, mas o condutor pode facilmente assumir o controle. “A pessoa que fica no banco do motorista faz duas funções”, disse, “a de assumir o volante se for necessário, e a de monitorar e tomar notas para que seja cada vez mais seguro”.

O executivo afirma que esse sistema pode reduzir drasticamente o número de acidentes de trânsito e que a Califórnia é o melhor lugar para torná-lo uma realidade. “Começamos em Pittsburgh, onde o inverno é muito interessante em relação a testes, mas São Francisco é onde nascemos, onde vivemos e onde verdadeiramente podemos ter um grande impacto. O centro da cidade tem muito trânsito e grande número de pedestres. É a melhor maneira de fazer com que o sistema aprenda e funcione”, destacou.

No quartel general da Uber a proibição é vista como um impedimento ao progresso. “Esse canto do mundo é onde está o futuro, onde ele causa impacto. Claro que iríamos testá-lo aqui, não iríamos ao lado oculto da Lua. Queremos que os clientes ganhem confiança com esse tipo de serviços. Quantos mais o provarem, melhor. Quantos mais quilômetros os carros façam, mais seguros serão”.

Detalhe dos sensores e câmeras do veículo.
Detalhe dos sensores e câmeras do veículo.Christian Van der Henst-Platzi

A Uber pretende continuar com a experiência e ignorar as autoridades: “Nosso sistema é comparável ao da Tesla, existem milhares de carros assim circulando na região. Não estamos nos fazendo de desentendidos. Vamos continuar com os carros autônomos nas ruas. Não sabemos o que acontecerá amanhã, mas continuaremos. Não irão nos parar com multas. É uma questão de inovação”.

Levandowski se despediu estendendo a mão: “Claro que queremos colaborar. Somos os primeiros a querer demonstrar que isso é mais seguro do que quando um humano está na direção”.

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