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Assim é o Pixel, o ‘mata iPhones’ do Google

Câmera e acabamento são os pontos fortes do smartphone do buscador

O Google Pixel, logo após ser ligado.
O Google Pixel, logo após ser ligado.Fabián Oloarte - Platzi

O Google deu um passo de gigante. O Pixel é o celular sob medida para as suas ambições. Um verdadeiro mata iPhone. O buscador não conseguiu isso da primeira vez, nem da segunda. Demorou para finalmente fazer, do princípio ao fim, um telefone à altura dos modelos superiores do sistema operacional mais usado no mundo. O Pixel foi totalmente projetado para aproveitar o melhor do Android Nougat. Tem a potência dos últimos componentes – incluindo processador de Qualcoom – e um acabamento de primeira.

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Embora seja fabricado pela HTC, isso não é percebido em nenhum momento. De fato, nem dá para saber a marca. A parte traseira só apresenta uma letra G como único emblema, que está debaixo de um de seus trunfos: o leitor de impressões digitais. Fica numa posição de modo que o dedo indicador cai sobre o sensor quando o usuário o segura pela lateral. Isso basta para desbloqueá-lo logo que você o tira do bolso. Os anteriores Nexus já contavam com esse sistema, que agora é ainda mais rápido.

O Google não quis entrar na guerra dos megapixels. Já a considera superada e se contenta com 12. Mas continua brigando na guerra do sensor, que é extremamente luminoso. O resultado surpreende pela capacidade de brincar com a cor, adivinhar o tipo de cena e disparar uma rajada, de maneira rápida e indefinida.

O estabilizador, que combina elementos óticos e mecânicos, oferece excelentes fotos e vídeos, em movimento e com pouca luz. Além dessa solução, ele vem com um software que prevê movimentos para que as oscilações no vídeo quase não sejam percebidas.

O Pixel é vendido em dois tamanhos, com tela de 5 e 5,5 polegadas, e duas capacidades: 32 e 128 giga de memória interna. O resto é parecido. Ao contrário do que acontece com o iPhone, a câmera, o potencial e os outros detalhes são similares. Os modelos saem a partir de 649 dólares na Espanha (cerca de 2.100 reais). O Google ainda não divulgou a data prevista de lançamento no Brasil.

Parte da frente do Google Pixel.
Parte da frente do Google Pixel.Fabián Oloarte - Platzi.

Durante o dia de teste, a bateria aguentou com 30% de carga restante no final da jornada de trabalho. É suficiente, mas o Google inclui um carregador rápido para ajudar no ponto mais fraco de seus celulares. Usa a entrada de nova geração USB C, cada vez mais popular, mas ainda longe de ser majoritária.

Outro detalhe que chama a atenção é a possibilidade de mudança de dados. Ou seja: o aparelho permite ser configurado como novo ou aproveitar os dados de outro Android ou mesmo de um iPhone, seja através da nuvem ou com um cabo que o fabricante oferece. O Google quer que a passagem de um telefone a outro seja a mais simples possível.

O Pixel possui um armazenamento de 32 ou 128 giga, sem possibilidade de ser ampliado com cartão adicional. O aparelho é fechado. Não é possível retirar a bateria. O Google resolveu essa limitação com a opção de armazenar gratuitamente na nuvem fotos e vídeos de alta qualidade.

Parte traseira com G de Google e sensor de digitais.
Parte traseira com G de Google e sensor de digitais.Fabián Oloarte - Platzi.

Allo, a assistente virtual de voz e texto, funciona de um modo similar ao da Siri e tem o mesmo problema: não percebe o contexto. Responde à primeira pergunta, mas custa a acertar a resposta seguinte se a pergunta tem a ver com a anterior. Ou seja: se as perguntas forem feitas como algo fluido, não como novos pedidos.

A embalagem do smartphone continha um anúncio: “Em breve, em espanhol”. É uma notícia boa e ruim. Não sabe espanhol, mas está se preparando. Se o usuário fala em castelhano, o aparelho diz não entender ou, com algumas palavras, traduz para o inglês de maneira automática. Isso significa que será capaz de manter uma conversa em outro idioma? Certamente antes do que se espera, mas o Google não quer decepcionar ao fazer isso.

A sensação que a assistente deixa é de certa frieza. Não surpreende que o Google tenha contratado humoristas para melhorar os fluxos de linguagem e as respostas enquanto prepara a chegada de Home, sua versão de inteligência artificial integrada à casa. Acredita-se que, até o fim do ano, as novidades mostradas em 4 de outubro poderão ser compradas nos Estados Unidos. Não há datas previstas para o resto do mundo. Tampouco para o Pixel.

O estabilizador, combinação de elementos óticos e mecânicos, oferece excelentes fotografias e vídeos, em movimento ou com pouca luz

Entre o que precisa ser melhorado, que também é um fato, estão preço e design, sobretudo, mas também a assistente virtual. Sundar Pichai apareceu no palco com um lema que repetiu várias vezes: o Google não é uma empresa que apresenta um celular, mas a inteligência artificial, Essa é sua prioridade. Por isso o Pixel põe a assistente no botão principal. Se fica pressionado, tem início a conversa, como com a Siri.

Resta ainda outra dúvida: que acontece se nós, os humanos, não queremos falar com máquinas? Se for chato falar com uma interface? Muitos consideram possível fazer isso sozinho, mas agrada menos quando se está acompanhado. E se a pessoa tem problemas para falar? É verdade que tudo pode ser feito, por ora, pelo menu de aplicativos, como marcar uma reunião ou reservar um restaurante, mas também o fato é que o Google tem como plano passar a conhecer melhor o uso que se faz para, aos poucos, adaptar a interface clássica a uma modalidade que combine voz e teclado. Talvez também levem em conta gestos em uma fase seguinte. Isso significa que, se a adoção desta modalidade de interação entre humanos e máquinas for rápida e positiva, logo as interfaces serão mudadas e será dado mais peso a gestos e comandos de voz.

Não, o Pixel não é um telefone a mais, é o Cavalo de Tróia do Google para entender como querem que seja a computação do futuro. Com hardware excelente, mas sem sabor próprio. Pagar 649 dólares por algo que, à primeira vista, parece um iPhone não é muito atraente. É muito provável que se transforme em um celular de culto para os fanáticos do Google. Sem dúvida, estabelece um marco. Mas não será um produto com supervendas. O que está claro é que finca as bases para as próximas gerações do Android, servirá de inspiração para que outros fabricantes sigam sua estrela. É muito provável que as linhas top de 2017 peguem ideias do Pixel.

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