Em marco da abertura digital, Cuba anuncia wi-fi no Malecón
Internet paga deverá cobrir seis quilômetros da orla marítima de Havana
![Pablo de Llano Neira](https://imagenes.elpais.com/resizer/v2/https%3A%2F%2Fs3.amazonaws.com%2Farc-authors%2Fprisa%2F54da206b-fa41-42c8-82c2-74ee2ad5197f.jpg?auth=a032241d3c2b4915c0391add9de332ed056bbfffaff10a8bc7a2ce230552b1db&width=100&height=100&smart=true)
![Jovens no Malecón de Havana.](https://imagenes.elpais.com/resizer/v2/7BGRQCRZEG6HPYHR2ZJ6DCZEU4.jpg?auth=68d83c61362b3b26ac71f2cb3366bf85e8c4e5f9b1017670b76c1d7163e5e392&width=414)
A expansão do acesso à Internet é o fenômeno mais chamativo e intenso do moroso processo de abertura em Cuba, e agora o Governo de Raúl Castro anunciou um projeto que simboliza esse impulso: ainda neste ano, uma rede wi-fi com acesso pago deverá ser instalada no Malecón, a principal avenida litorânea de Havana.
O objetivo é que a rede cubra seis quilômetros da via, um ícone urbano da ilha, da esquina com o Paseo del Prado, no coração da capital, até a foz do rio Almendares, limite oeste do centro da cidade. Havana começou a instalar pontos de wi-fi em julho de 2015, e a rede está sendo ampliada em bairros populosos da cidade e em outras localidades do país comunista.
Para os cubanos, foi uma mudança sideral. A Internet amplia suas possibilidades de comunicação, algo crucial num país onde pouca gente não tem um parente no exterior – e onde há mais de meio século a população está sedenta por informações vindas de fora.
O acesso, entretanto, ainda é muito difícil. Uma hora de conexão custa dois pesos conversíveis (6,40 reais), soma vultosa demais num país onde os salários estatais variam de 65 a 95 reais por mês – apesar de serem cada vez mais complementados por fontes privadas de renda. A cobertura desses pontos de wi-fi é irregular, e sites críticos ao Governo são censurados.
Contudo, a necessidade de comunicação e a proverbial criatividade cubana fazem com que o número de pessoas conectadas cresça rapidamente. Estima-se que apenas 5% da população cubana tenha acesso à rede, mas, na prática, essa cifra é maior, sobretudo em Havana e em outras grandes cidades. Truques como o uso de softwares para dividir o sinal entre vários usuários ajudam a driblar as limitações.
Por enquanto, a instalação da Internet em domicílios privados está muito restrita, limitando-se a alguns funcionários públicos e profissionais como médicos e jornalistas da imprensa estatal ou estrangeira. A expectativa é de que gradualmente o Governo reduza esse controle, e há inclusive um plano-piloto – anunciado há meses, mas aparentemente ainda não implantado – de colocar Internet em casas particulares de Havana Velha. Empresas como o Google já estão em contato com as autoridades para eventualmente desenvolver a infraestrutura.
Com esta novidade, o Malecón deve se consagrar ainda mais como um ponto de encontro da população de Havana. O dique construído há um século, passeio frontal da cidade, um enorme banco para conversas, bebidas ou a mera contemplação – “Mais que um parapeito contra as ressacas”, escreveu Leonardo Padura, “barreira física e psicológica onde terminaram ou começaram os sonhos e possibilidades de tantos cubanos” –, será, quando o anúncio virar realidade, o balcão tecnológico da nascente Cuba digital.
Mais informações
![Pessoas de todas as idades se reúnem para se conectar neste e em outros pontos de Havana.](https://imagenes.elpais.com/resizer/v2/ZXA6RSEU3IN6GXROU3JYXNZ6LQ.jpg?auth=5e599b27bf6e39b61ef27ba6088270f372e5814e3a661bfab82a57f0f88d2763&width=414&height=311&smart=true)