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Mundo político vive alvoroço com detenção do ex-ministro da Fazenda

Lula diz que operação deveria se chamar “boca de urna”. Planalto se surpreende com prisão

Lula durante comício na tarde desta quarta-feira na cidade de Iguatu (Ceará).
Lula durante comício na tarde desta quarta-feira na cidade de Iguatu (Ceará).Ricardo Stuckert/ Instituto Lula

O mundo político amanheceu em alvoroço nesta quinta-feira. As reações à prisão preventiva do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega durante a 34ª fase da operação Lava Jato foram imediatas. Antes das 8h dezenas de políticos já estavam usando suas redes sociais para comentarem a detenção do petista. Deputados e senadores participaram de grupos de discussão via mensagens de celular para tratar do assunto. No Palácio do Planalto, a primeira reação foi de surpresa, segundo auxiliares do presidente Michel Temer (PMDB).

Os primeiros sinais de que uma nova fase da operação ocorreria nesta quinta-feira foram dados nesta quarta. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, convidou jornalistas de Brasília para um café da manhã que seria realizado na manhã desta quinta na sede da procuradoria. Poucas horas após fazer o convite, Janot, por meio de seus assessores, desmarcou o encontro, sem apresentar qualquer justificativa. O cancelamento gerou um burburinho inclusive entre membros do Ministério Público Federal de que "algo grande estaria a caminho", conforme um procurador relatou ao EL PAÍS.

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No meio político, um dos que reagiram a essa fase da operação foi o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de quem Guido Mantega foi ministro da Fazenda. Em entrevista à rádio Povo do Ceará, o líder petista disse que o avanço da operação neste momento aparenta ter caráter eleitoral, já que ocorre nas vésperas das eleições municipais. “[A operação] deveria se chamar operação boca de urna. Está chegando perto das eleições e outra vez eles vêm para cima do PT”, criticou Lula. Como réu pelos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção, o próprio ex-presidente está entre os alvos mais recentes da Lava Jato.

Assim como outros aliados de Mantega, Lula reclamou do momento da prisão do ex-ministro, que teria ocorrido enquanto ele acompanhava uma cirurgia de câncer realizada pela mulher dele, em São Paulo. “Se isso é verdade, qualquer tese de humanitarismo foi jogada no lixo. Ele foi ministro da Fazenda, tem residência fixa e as pessoas deveriam tratá-lo como qualquer ser humano deveria ser tratado”, afirmou o ex-presidente, pouco antes do juiz Sergio Moro revogar a detenção.

A senadora Vanessa Graziotin (PCdoB-AM) também questionou os métodos utilizados pela força-tarefa da operação Lava Jato. “Tem de ser feito dentro dos princípios da humanidade (...) Qual é a justificativa de retirar uma pessoa de dentro do hospital acompanhando a cirurgia de sua esposa?”, questionou a parlamentar.

Outra indagação feita pela senadora é que a Lava Jato estaria “cometendo excessos” com o objetivo de se desmoralizar e ser encerrada antes que as investigações atingissem o núcleo duro do governo Michel Temer (PMDB), uma teoria que tem ganhado adeptos desde a apresentação da denúncia contra Lula num powerpoint. “Ou seja, as punições ocorreriam apenas com os que já estão investigados. Os que promoveram o golpe continuariam soltos, livres e sem serem questionados”.

Os opositores do PT, que hoje estão no Governo, dizem que a prisão de Mantega é resultado dos erros cometidos por ele e pelo seu partido. “Mestre da contabilidade criativa, Mantega foi também o criador da matriz econômica que quebrou o Brasil. Agora ele é preso como um dos que achacava empresários para dar dinheiro ao Partido dos Trabalhadores. É lamentável como o PT e seus governantes trataram a coisa pública do nosso país”, afirmou o líder do DEM na Câmara, Pauderney Avelino.

O líder do PSDB no Senado, Paulo Bauer, diz que o país precisa comemorar o avanço das investigações. “A prisão do ministro Mantega demonstra que o trabalho da Lava Jato não terminou. A prisão também de outros envolvidos demonstra que o Brasil segue sendo um país sério onde quem atua no mundo da ilegalidade, da corrupção, concretamente acabará sendo punido”, afirmou.

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