_
_
_
_

Donald Trump volta a imaginar atos de violência contra Hillary Clinton

‘Seus guarda-costas deveriam se desarmar’, diz Trump ao criticar a política democrata quanto às armas

Donald Trump fala em um comício em Miami na sexta-feira.Foto: atlas | Vídeo: JOHNNY LOUIS (FILM MAGIC) / ATLAS
Marc Bassets

O republicano Donald Trump voltou a evocar cenários de violência política em um país no qual circulam milhões de armas de fogo, e que viu presidentes e candidatos a presidente serem mortos a tiros. Em um comício em Miami, na noite de sexta-feira, Trump imaginou o que ocorreria se sua rival democrata na disputa pela Casa Branca, Hillary Clinton, perdesse o amparo dos agentes do Serviço Secreto, o corpo policial federal que protege tanto a ela como a ele mesmo.

Mais informações
América Latina participa da campanha eleitoral dos EUA à revelia
Com pneumonia, Hillary Clinton deixa eventos do 11 de Setembro
Hillary Clinton recusa convite de Peña Nieto para ir ao México

A hipótese serve ao republicano para denunciar a suposta hipocrisia de Hillary Clinton. Ele sustenta que, como a candidata democrata é contrária ao direito de portar armas de fogo, protegido pela Segunda Emenda da Constituição dos EUA, ele deveria renunciar às armas que a protegem.

É um argumento falso, porque Hillary Clinton, ao contrário do que afirma Trump, não propõe abolir a Segunda Emenda. A posição da democrata é outra. Quer reforçar a regulamentação que afeta o comércio e a posse de armas de fogo no âmbito privado. Não propõe que as forças policiais públicas tenham de se desarmar.

“Acredito que seu guarda-costas deveriam deixar de lado todas as armas. Deveriam se desarmar. Imediatamente. Veremos o que acontecerá com ela. Retiremos as armas deles. Concordo. Será muito perigoso”, disse Trump.

Esse tipo de insinuações enganosas não é novidade na campanha de Trump. Em agosto, ele deu a entender que “as pessoas da Segunda Emenda” − os defensores do direito de portar armas − podiam atuar para impedir a eleição de Hillary Clinton. A frase foi interpretada como um chamado sutil à violência, embora também se pudesse entender como uma apelo à mobilização nas urnas.

Os comentários de Trump sempre são suficientemente ambíguos e vagos para lhe permitir descartá-los depois como um sarcasmo ou um frase mal interpretada. O incomum, em comparação com outras campanhas, é que seja um candidato à Casa Branca que lance essas insinuações.

O candidato republicano pronunciou essas palavras no mesmo dia em que, depois de cinco anos difundindo a teoria conspiratória de que o presidente Barack Obama não tinha nascido nos Estados Unidos, aceitou que não é assim. Ao distanciar-se dessa mentira, recorreu a outra mentira: a de que foi Hillary Clinton que deu início a essa teoria conspiratória.

A declaração de sexta-feira em Miami é uma variação de um refrão que Trump e o lobby das armas, a Associação Nacional do Rifle, usam com frequência. O raciocínio, que encontra um público receptivo entre muitos eleitores conservadores, é o seguinte. Se Hillary Clinton, Obama e outros políticos partidários da regulamentação das armas de fogo estão protegidos por armas de fogo, por que os demais cidadãos não têm direito a se proteger também?

“O republicano Donald Trump apresenta um padrão recorrente de incitar as pessoas à violência”, disse Robby Mook, coordenador da campanha de Hillary Clinton. “Tanto faz se ele disse isso para provocar os que protestam em um comício, se falou casualmente ou até como uma piada, é algo inaceitável em alguém que aspira ao posto de comandante-chefe.”

Faltando menos de dois meses para as eleições presidenciais, o republicano reduziu a vantagem da democrata nas pesquisas. Algumas mostram um empate.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_