Só dá Bolt
Jamaicano, mais intocável que nunca nas semifinais dos 200m no Rio, que eliminaram Blake e Gatlin
Mais uma vez, Usain Bolt foi esplêndido. O velocista jamaicano avançou com facilidade nas semifinais dos 200m rasos nesta quarta-feira, que marcaram o ocaso talvez definitivo do já grisalho Justin Gatlin e a eliminação surpreendente de Yohan Blake. Vá lá que o público brasileiro não entende nada de atletismo e se comporta com a animação dos estádios de futebol, mas ele sabe distinguir os ídolos e suas exigências. Encheu pela metade o estádio minutos antes da prova do jamaicano; o abandonou logo depois. Era só Bolt.
Blake e Gatlin seriam teoricamente os favoritos na sua semifinal, a terceira, mas foram surpreendidos pelo panamenho Alonso Edward e pelo holandês Churandy Martina, na mais lenta das três baterias. Blake vinha de uma contusão da qual não se recuperara totalmente, e Gatlin, de uma vaia monumental no Engenhão na noite da final dos 100 metros.
Sem a companhia de Blake, seu amigo e compatriota, Bolt foi atrás de outro atleta para brincar. Encontrou-o no mais brilhante dos jovens recém-chegados, Andre de Grasse, 21 anos, bronze nos 100m no Rio e também no Mundial de Pequim 2015. De Grasse acordara motivado e decidiu usar todas as suas forças. Queria bater o recorde do seu país, e conseguiu – 19s80, melhorando em oito centésimos a sua melhor marca. Por isso, obrigou Usain Bolt, que vinha ao seu lado, a correr os 200 metros completos, em vez de acelerar nos 150 iniciais e apenas trotar nos 50 finais, como costuma fazer. Após uma curva extraordinária, o seu reino, o gigante jamaicano quis começar a diminuir o ritmo, mas o canadense não parava, não parava. No final, Bolt se virou para ele, como se dissesse: “Aonde você vai, seu maluco? Não está vendo que isto aqui é uma semifinal?”.
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— The Olympic Games (@Olympics) August 18, 2016
Por orgulho, Bolt venceu a semifinal, por um décimo: 19s78, sua melhor marca do ano. “Eu tinha um dia de folga, e ele me obrigou a correr”, disse. “Não final vai ser outra coisa. Definitivamente, acho que posso bater o recorde mundial. Mas tenho que correr de forma eficiente.”
Será a final de Bolt e seus coristas, um variado elenco de velocistas. Sete, de sete países diferentes. Os anos se passaram. Bolt está a apenas três dias de completar 30, e só ele, entre os da sua geração, resiste incólume. Outros vêm, vão, voltam e desaparecem. Querendo apertar Bolt, que voará pelo recorde e por sua terceira dobradinha olímpica consecutiva nos 100m e 200m, haverá um canadense (De Grasse), um americano (Merrit, bronze dos 400m, na prova vencida com o recorde mundial de Van Niekerk), um francês (Lemaitre, que volta), um panamenho (Edwards), um britânico (Gemili, que progride), um turco (Guliyev, que já esteve em Pequim) e um holandês (Martina).
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