Sobrinhos de Maduro que estão detidos nos EUA admitem fazer parte de rede de narcotráfico
Os dois parentes do presidente da Venezuela foram capturados em novembro de 2015 Eles podem ser condenados à prisão perpétua
Os dois sobrinhos da primeira-dama da Venezuela, Cilia Flores, e também do presidente, Nicolás Maduro, acusados de tentar transportar 800 quilos de cocaína para os Estados Unidos, admitiram seu envolvimento com uma rede de narcotráfico, de acordo com documentos judiciais. Franqui Francisco Flores de Freitas, de 30 anos, e Efraín Antonio Campo Flores, de 29, foram detidos em novembro de 2015, no Haiti, por membros da polícia do país e também da agência norte-americana de combate ao tráfico de drogas DEA (Drug Enforcement Administration), que os levaram para Nova York. Ambos podem ser condenados à prisão perpétua.
Os documentos da promotoria, registrados na sexta-feira pelo tribunal federal de Nova York – que administra o caso –, incluem resumos dos interrogatórios aos quais os dois suspeitos foram submetidos pelos agentes da DEA durante o voo do Haiti aos Estados Unidos. Segundo os registros da DEA, seu fornecedor de cocaína seria um indivíduo que recebia a droga das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
As autoridades norte-americanas acreditam que a maior parte da cocaína produzida na Colômbia tem como principais destinos a Europa e os EUA, saindo da Venezuela. A prisão de Freitas e Flores, que foi criticada pelo Governo de Maduro, ocorreu no momento em que se intensificaram as investigações dos EUA sobre o suposto envolvimento de altos funcionários venezuelanos em um sistema de tráfico internacional de cocaína. Em dezembro de 2015, a promotoria acusou o chefe da Guarda Nacional do país latino-americano, Néstor Reverol, por participação em tal atividade ilegal.
O julgamento dos parentes de Maduro, que permanecem detidos sem possibilidade de pagamento de fiança, será realizado em novembro. Os dois venezuelanos já se declararam culpados. No entanto, sua defesa pede que não se leve em conta os depoimentos dos agentes da DEA, porque os réus não sabiam exatamente quais eram seus direitos de acordo com a lei dos Estados Unidos, incluído o de permanecer em silêncio.
Os documentos judiciais mostram como os dois acusados estavam envolvidos em um plano para transportar centenas de quilos de cocaína da Venezuela até Honduras e, desse país, aos Estados Unidos. A cocaína seria comprada por supostos narcotraficantes mexicanos que, na verdade, eram informantes da DEA. Os documentos incluem capturas de tela de um vídeo que, segundo a promotoria, mostram um dos detidos com um pacote de cocaína.
Flores e Freitas planejaram, durante reuniões realizadas em Venezuela, Honduras e Haiti, transportar a cocaína aos EUA por meio de aviões particulares. Freitas chegou a admitir que o seu objetivo era “ganhar dinheiro” e que esperavam conseguir cerca de cinco milhões de dólares (16,2 milhões de reais) apenas com a primeira carga, com um lucro individual de 560.000 dólares (1,8 milhão de reais). De acordo com os promotores, eles estimavam ganhos de até 20 milhões de dólares (65,1 milhões de reais) após entregar uma série de carregamentos.
Os dois detidos disseram aos agentes da DEA que, por serem sobrinhos de Maduro, não precisariam da ajuda do Governo, de policiais ou de militares venezuelanos para fazer com que a droga deixasse o país à bordo de aviões, segundo o The Wall Street Journal. Eles também explicaram que seus guarda-costas poderiam ajudá-los a concretizar as operações.
Segundo os registros, Flores disse à DEA que o dinheiro obtido com o tráfico de drogas seria destinado a financiar a campanha eleitoral de sua tia, a primeira-dama da Venezuela. No entanto, depois, ele negou essa afirmação. Flores explicou que sua família não sabia de seus planos e que “o mataria” se descobrisse e garantiu que sua real motivação era “ganhar dinheiro”.
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