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Polícia descarta ligação do ataque de Munique com o Estado Islâmico

Autor do massacre guardava informações sobre crimes semelhantes, e não há sinais de motivação jihadista

O pai de uma vítima segura o retrato do filho.Vídeo: Karl-Josef Hildenbrand (EFE)

A polícia alemã descartou que David S., cidadão germano-iraniano de 18 anos apontado como autor da morte de nove pessoas na sexta-feira em Munique, tivesse vínculos com o grupo jihadista Estado Islâmico (EI). Os investigadores informaram neste sábado que o suposto autor do massacre estava em tratamento por depressão. Em buscas na casa do estudante, no bairro de Maxvorstadt, no centro da capital bávara, a polícia encontrou livros e artigos sobre matanças do passado, mas nada que sugira uma motivação jihadista.

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Um dos livros apreendido chama-se Amok – Por Que os Estudantes Matam. Amok é um termo alemão que se refere a matanças cometidas durante acessos de loucura. A polícia acredita que ele pirateou uma conta alheia do Facebook e a usou para chamar várias pessoas ao McDonald’s onde cometeu o ataque.

O chefe da polícia de Munique, Hubertus Andrä, acredita que o jovem pode ter se inspirado na matança cometida exatamente cinco anos antes, na Noruega, pelo militante de direita Anders Breivik. A correlação, segundo o policial, “é óbvia”, já que David S. fez várias buscas na internet sobre o massacre cometido por Breivik no dia 22 de julho de 2011 em Oslo e na ilha de Utoya, com um saldo de 76 mortos. O estudante germano-iraniano também fez buscas sobre outros massacres.

O chefe de polícia destacou três pontos: o atentado não está relacionado com o jihadismo nem com os refugiados; a segurança na cidade foi restabelecida e não há nenhum motivo para que a população não tenha uma vida normal; e não há nenhum indício de que o agressor tivesse cúmplices.

A maior parte das vítimas é composta por jovens que aproveitavam a tarde de sexta-feira, durante as férias de verão, nos arredores do shopping Olympia. Oito dos nove mortos teriam entre 14 e 21 anos, segundo informações policiais citadas pelo canal público de TV ARD. Três deles seriam oriundos de Kosovo, assim como uma mulher de 45 anos, confirmou um porta-voz policial. Um longo cordão policial isola neste sábado a área do tiroteio, onde a polícia colhe pistas.

Alguns curiosos se aglomeravam ali. No meio deles, Nadine contava que havia passeado pelo local na noite anterior ao ataque. “A polícia nos pediu que ficássemos em casa e não nos aproximássemos das janelas. A noite foi uma catástrofe. Meus três filhos tinham muito medo e passamos a noite na mesma cama porque não conseguiam dormir. É horrível pensar que um homem tão jovem tenha feito algo assim. E não sabemos se era um terrorista, um louco, ou o que o levou a fazer isso”, disse.

Munique tenta recuperar a calma após o pior dia da cidade em várias décadas. O massacre deixou 10 mortos, incluindo o agressor, além de 16 feridos, sendo 3 em estado grave.

O caos e a tensão da sexta-feira à noite deram lugar a um ambiente um pouco mais calmo quando a polícia alterou a versão com a qual trabalhava: não procurava mais três terroristas dispostos a matar por toda a cidade. O chefe da polícia explicou na madrugada de sábado que as duas pessoas detidas como suspeitas não tinham “absolutamente nada a ver” com o atentado – eram apenas testemunhas apavoradas depois do tiroteio.

“Foi um só agressor, e está morto. Já não gera mais nenhum perigo, e isso é o mais importante para nós”, disse no sábado o chefe de polícia Andrä. O corpo do jovem, que usou uma pistola, foi achado depois do tiroteio numa rua vizinha ao shopping, com claros sinais de suicídio. A polícia ainda investiga a autenticidade de um vídeo no qual o agressor, de um telhado, gritava “Sou alemão, nasci aqui” e avisava estar em tratamento psiquiátrico.

O Governo convocou seu gabinete de segurança para uma reunião neste sábado. “Os ministros responsáveis já estão a caminho de Berlim”, disse na noite de sexta o chefe de gabinete da chanceler (primeira-ministra) Angela Merkel, Peter Altmaier. Além dela, participarão o vice-chanceler Sigmar Gabriel e os responsáveis pelas pastas de Interior, Defesa, Justiça, Relações Exteriores, Transporte e Chancelaria (Casa Civil). O ministro do Interior, Thomas de Maiziere, anunciou um dia de luto nacional.

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