“Liberdade!”, “Obrigado, Colômbia!”: a comemoração dos venezuelanos ao cruzar a fronteira
Milhares de venezuelanos atravessaram a fronteira no domingo Autoridades acreditam que a maioria voltará ao seu país
Ao entrar na Colômbia pela ponte Simón Bolivar, os venezuelanos saúdam as autoridades vizinhas, choram, sorriem, agradecem e alguns gritam “liberdade!”, “obrigado, Colômbia!”. A condição é temporária, o trânsito entre ambos países foi permitido das 6h às 23h de domingo em caráter extraordinário após a chegada de cerca de 40.000 pessoas em busca de alimentos no dia anterior. A entrada de domingo foi a mais numerosa das três que aconteceram na última semana. Só neste fim de semana cerca de 130.000 cidadãos da Venezuela chegaram à cidade fronteiriça de Cúcuta para fazer compras. E 70% tinha voltado para casa até as 18h. O aumento dos números traz uma nova questão: todos voltam?
As autoridades da Imigração e da Chancelaria da Colômbia acreditam que, como aconteceu até agora, a maioria desses venezuelanos vai retornar ao seu país. Por enquanto não há cifras oficiais que permitam concluir quem ficou em território colombiano. Um primeiro balanço de sábado conclui que 85% voltaram, dos 15% restantes ainda não há dados. “Foi montada uma operação da Polícia para controlar aquelas pessoas que tentam viajar para o interior do país”, afirma Humberto Velázquez, subdiretor de Imigração. “Além disso, trabalhamos com as autoridades por meio de um sistema informativo para estudar cada caso”.
Na Colômbia ninguém quer ouvir falar em deportação desde agosto passado, quando a Venezuela expulsou cidadãos colombianos depois de o presidente Nicolás Maduro decretar estado de exceção. Por isso, o batalhão que recebe os venezuelanos está carregado de sorrisos e solidariedade, querem evitar qualquer tipo de comparação no tratamento dado aos cidadãos nos dois lados da ponte. “É preciso observar como se comporta o fluxo de retorno e o manejo que damos”, diz Víctor Batista, diretor de assuntos de fronteira na Chancelaria da Colômbia. As autoridades colombianas reconhecem que estão recebendo muitas consultas por parte de cidadãos venezuelanos que querem permanecer mais de um dia em território vizinho para poder visitar seus familiares. “Esta é uma região em que tradicionalmente muitos colombianos e venezuelanos transitavam para ir ao trabalho, à escola ou a visitar familiares”, diz ele. Às18h, 70% dos quase 90.000 que entraram no domingo já tinham retornado.
Os que não o fizeram têm prazo até as 23h. A partir desse momento as autoridades verificarão se possuem passagem aérea, passaporte e meios econômicos para viajar pela Colômbia. Em outras palavras, serão aplicados os mesmos requisitos de entrada adotados em qualquer outro dia de trânsito e nos diferentes aeroportos colombianos.
Nesta segunda-feira deve chegar a Cúcuta a chanceler María Ángela Holguín para reunir-se com as autoridades locais, avaliar o plano de abertura da fronteira e, se necessário, revisar a data de reunião com sua homóloga venezuelana, prevista para 4 de agosto. A Colômbia não fala, por enquanto, em crise humanitária. “Com o registro de entrada, fazemos pesquisas para avaliar as razões que trazem os venezuelanos ao nosso país”, explica Batista. “A chanceler se encarregará de estudar esses dados e chegar a uma conclusão sobre a situação”.
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