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Haddad, sem força na periferia e rejeitado até por petistas em pesquisa

Levantamento do Datafolha revela Russomanno liderando e disputa embolada por terceiro lugar

G. A.

Em 2012 Fernando Haddad (PT) foi eleito prefeito de São Paulo graças aos votos do chamado cinturão vermelho, composto pelos bairros afastados do centro onde moram as famílias com menor renda. Por outro lado teve, como costuma ocorrer com os candidatos de sua legenda, desempenho fraco nos distritos do centro da cidade – foi derrotado por José Serra (PSDB) em quase todos. Quatro anos depois, às vésperas da largada para as eleições municipais de 2016, a mais recente pesquisa Datafolha mostra um cenário invertido (e desfavorável) para o prefeito, que durante sua gestão não conseguiu manter a predileção da periferia. A situação atípica, e com dois ex-petistas na disputa, embaralha ainda a corrida eleitoral mais pulverizada dos últimos anos.

O deputado federal Celso Russomanno, que lidera a disputa.
O deputado federal Celso Russomanno, que lidera a disputa.A. Augusto (Ag. Câmara)

A três meses da eleição e ainda com um número alto de paulistanos indecisos, Haddad tem 8% das intenções de voto, embolado em terceiro lugar com Luiza Erundina, do PSOL, com 10% e João Doria, do PSDB, com 6%. A margem de erro do levantamento é de três pontos percentuais. Na dianteira isolada, está Celso Russomanno, do PRB, com 25%, e a ex-petista Marta Suplicy, do PMDB, com 16%. Entre os eleitores mais pobres, com renda média de até dois salários mínimos, Haddad conta com a preferência de apenas 7%. Russomanno é o mais popular neste estrato social, com 26% das intenções de voto. Marta vem logo em seguida, com 21%. O melhor desempenho do petista, cujas bandeiras de gestão, como as ciclovias, são bem vistas em setores de classe média, ocorre justamente no outro extremo social: entre os eleitores que recebem mais de dez salários mínimos, Haddad tem a preferência de 16%, e lidera nesse segmento empatado com o empresário tucano Doria.

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O levantamento divulgado nesta sexta também mostra uma mudança no perfil do eleitor do petista do ponto de vista geográfico. A região da cidade onde Haddad tem melhor desempenho é no centro, com a preferência de 19% deste eleitorado local, atrás apenas de Russomanno, com 21%. Nas outras regiões da capital ele vai mal: 11% nas zonas Norte e Oeste, 9% na Sul e apenas 5% na Leste, um dos maiores colégios eleitorais de São Paulo. 

Outro problema para a Haddad é a taxa de rejeição, a maior entre todos os pré-candidatos da disputa: 45%, seguido pelo pastor Marco Feliciano (PSC), com 32%. Nem entre os eleitores que preferem o PT ele ganha alívio:  26% dos eleitores identificados com a legenda não pretendem votar nele. Neste ponto, ele tem desempenho pior até do que Marta Suplicy (22% de veto), que há poucos meses fez uma ruidosa saída do PT e votou pelo impeachment de Dilma Rousseff. Tanto pelo desempenho na periferia como entre os petistas, Marta se mostra uma ameaça para o prefeito pelo recall que a senadora ainda tem com suas bases eleitorais. Se o nicho é o "voto de opinião" progressista, aí seu espaço é disputado com a também ex-petista Erundina.

Os defensores de Haddad lembram que em 2012, nessa mesma época, o petista tinha apenas 7% dos votos, e conseguiu ser eleito com uma disparada na reta final da disputa. Mas, naquele período, o PT ainda não estava mergulhado até o pescoço na crise política, e Haddad ainda não era um rosto conhecido da população, portanto, livre de rejeição. O desafio é ainda maior porque o PT jamais levou uma eleição sem os bairros do cinturão vermelho, que há décadas oferecem maioria de votos ao partido e somam mais de 4,1 milhões de eleitores de um total de 8,7 milhões da capital. A derrota do candidato petista ao Governo do Estado Alexandre Padilha em 2014 em alguns destes distritos já indicava que a situação na região estava mudando em desfavor à legenda.

A incógnita Russomanno

O candidato do PRB larga bem neste início de campanha, com a preferência de 25% dos eleitores. Mas contra ele pesam dois fatores que podem fazer água em suas ambições. O primeiro – e mais grave - é um processo contra ele que tramita no Supremo Tribunal Federal por peculato (desvio de dinheiro). Em 2014 ele foi condenado em primeira instância, e agora, casos os ministros confirmem a sentença Russomanno estará fora da corrida eleitoral por ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa. Ele não poderá disputar eleição alguma por oito anos.

Além disso, o candidato terá que se cuidar para que suas intenções de voto não derretam na reta final, como aconteceu em 2012, quando ele liderou as pesquisas até a véspera do pleito. À época ele acabou sendo alvo na mídia e nos debates por não ter apresentado plano de Governo e por ter laços com a Igreja Universal, do qual o PRB é espécie de braço político, além de ter apresentado plano controverso para as tarifas de transporte.

Caso a candidatura de Russomanno seja barrada pelo Supremo, a pesquisa Datafolha aponta um cenário com duas mulheres ex-petistas indo ao segundo turno. Sem deputado do PRB na disputa, Marta lideraria com 21% das intenções de voto, seguida por Erundina, com 13%. Este cenário aponta vitória da peemedebista com 39% ante 33% de Erundina no segundo turno.

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