Assim é o ‘remake’ de ‘Caça-Fantasmas’ com mulheres protagonistas
Dez pontos, sem ‘spoilers’, da refilmagem do filme de 1984, que estreia neste fim de semana no Brasil
Combater assombrações é o seu ofício. Mas desta vez Caça-Fantasmas, remake do filme de 1984, enfrenta ameaças diferentes: não cospem substâncias pegajosas, mas dão o mesmo medo. A pressão representada pelo filme original, um grande sucesso de bilheteria; o desafio de igualá-lo com um diretor e um elenco novos; o ceticismo ante a paixão de Hollywood por se repetir — Mogli: O Menino Lobo, Jurassic World, Star Wars: O Despertar da Força… — o trailer mais criticado da história do YouTube; e uma inquietante chuva de comentários machistas na Internet lamentando que as protagonistas sejam quatro mulheres. Em um encontro em Londres, as caça-fantasmas (Melissa McCarthy, Kristen Wiig, Kate McKinnon e Leslie Jones) e o diretor (Paul Feig) se mostraram confiantes de que poderão lidar com tantos inimigos. Caça-Fantasmas estreia nesse fim de semana nos Estados Unidos e no Brasil. Aqui apresentamos 10 pontos sobre a obra, sem spoilers.
Um roteiro novo, mas nem tanto. A saga original dos Caça-Fantasmas terminou com sua segunda parte, em 1989. Ao longo desses 27 anos já foram lançados videogames, séries, desenhos e livros, mas não outro filme. Dan Aykroyd nunca deixou de tentar, apesar de Bill Murray não querer saber nada sobre ele. Os roteiros foram se acumulando, de uma viagem a uma Nova York alternativa a uma história em que a equipe original contasse suas experiências a caça-fantasmas mais jovens, mas ninguém topou. Apesar de todo esse material, Feig optou por escrever uma outra trama do zero, junto com Katie Dippold. Na verdade, a história tem muitas e evidentes semelhanças com o filme de 1984. Aykroyd, com certeza, ainda planeja seguir em frente com seu projeto original.
Um mundo sem fantasmas. Feig decidiu apostar em um novo roteiro também para criar uma trama em que, ao contrário da original, o aparecimento de fantasmas não fosse algo comum, mas um fato extraordinário, como seria hoje em dia no mundo real. No filme, algumas protagonistas inclusive deixaram de acreditar que assombrações existem, após anos de pesquisas infrutíferas.
Referências sim, plágio não. Em suas quase duas horas de duração, Caça-Fantasmas inclui dezenas de referências ao original. O carro, a antiga sede e o anúncio — “Quem você vai chamar?” — têm seus momentos de protagonismo, assim como Geleca ou a canção de Ray Parker Jr. Sempre, de fato, buscando um toque novo. Feig, que adora o filme de 1984 e o assistiu no dia de sua estreia, queria uma homenagem na dose certa, que respeitasse o espírito original, mas que caminhasse com suas próprias pernas.
Amor e ódio. No entanto, exatamente a falta de novidade é um dos defeitos apontados pelas primeiras críticas. Por enquanto, o veredicto dos críticos não é animador. Variety, The Hollywood Reporter e Indiewire destruíram Caça-Fantasmas, chegando a afirmar que não se entende por que se fez este remake. Por outro lado, o The Guardian considerou bem-sucedido e extremamente divertido. Segundo Feig, as exibições prévias do filme foram todas um sucesso. Na projeção para a imprensa internacional em Londres, no entanto, houve poucas risadas e na saída da sala só se escutava reclamações.
(Quase) todos retornam. Talvez a princípio devesse ser uma surpresa. Mas, pouco a pouco, foi se revelando e confirmando a presença no elenco original ao longo do remake. Assim como se deixou claro que nenhum deles retomaria seus personagens. Dessa forma, as únicas dúvidas para o espectador são descobrir quando Murray aparece ou qual será o papel interpretado por Aykroyd. Entre os ausentes, Rick Moranis recusou a oferta para fazer uma ponta. E Harold Ramis morreu em fevereiro de 2014: o filme é dedicado em sua memória.
Os fantasmas dão medo. Há bastante tempo, a então chefe da Sony, Amy Pascal, saiu para comer com Feig. Contou-lhe o projeto do remake, assim como sua surpresa: “Por que nenhum diretor de comédia quer assumir?”. Naquele dia, Pascal precisou acrescentar a todas as recusas já recebidas a de Feig. Na verdade, o cineasta disse “não” até duas vezes. Na terceira, após o longo passeio que costuma fazer diariamente por seu bairro para arejar a mente, aceitou.
Agarrado na poltrona até o final. É o que Feig espera que aconteça com o público. Mas, inclusive se não terminar satisfeito, é altamente recomendável que o espectador aguente firme até o final dos créditos. Receberá sua recompensa.
O reino do improviso. “Quase nenhuma sequência foi rodada da forma que estava escrita”, afirma o site Imdb sobre o filme original. E a aposta no improviso se repete nesse remake. Não é por acaso que as quatro protagonistas já trabalharam juntas, todas passaram pelo Saturday Night Live e têm humor correndo pelas veias. Em Londres, agradeceram a Feig por estar aberto a todo tipo de proposta e mudança durante a filmagem. E também comemoraram o inesperado poderio cômico de Chris Hemsworth, o novo Janine. Após tantos heróis, o ator interpreta um personagem comum, com apenas um aspecto excepcional: sua ingenuidade.
Risos contra o machismo. O filme inclui piadas que fazem referência diretamente à tempestade de ataques machistas (incluindo, como não, de Donald Trump) que as atrizes têm sofrido desde que foram confirmadas pela primeira vez como as novas caça-fantasmas. Foram brincadeiras acrescentadas a posteriori, após o surgimento dessas polêmicas? “Beeeeem…”, confirmaram entre risadas McCarthy e Wiig em Londres.
Seis indicados ao Oscar. Bill Murray, Dan Aykroyd, Sigourney Weaver, Melissa McCarthy, Kristen Wiig e Andy García, todos presentes no filme, já concorreram ao Oscar. A protagonista de Alien esteve perto da estatueta em três ocasiões. No entanto, nenhum deles ganhou. E dificilmente o farão com esse filme.
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