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Inglaterra submete Gales numa Eurocopa de enfarte

Foi a oitava partida com gols a partir dos 42 minutos do segundo tempo

José Sámano
Sturridge celebra o gol que deu a vitória à Inglaterra.
Sturridge celebra o gol que deu a vitória à Inglaterra.PAUL ELLIS (AFP)

Como explicar o inexplicável: nem o próprio ítalo-argentino Renato Cesarini poderia. Nos anos 30, por causa de seus gols com a Juventus e a Itália nos últimos suspiros das partidas, chegou a ser criado o termo zona Cesarini, hoje mais válido do que nunca nesta Eurocopa de enfarte. Nas primeiras 17 partidas já foram anotados nove gols a partir do 42º minuto do segundo tempo e seis deles foram decisivos no marcador. Um fenômeno sobrenatural ao qual a Inglaterra se aferrou para desalojar Gales em uma partida com mais emotividade e simbologia do que grande jogo.

Com uma mexida na equipe, os ingleses mudaram o rumo depois do intervalo e, com mais ritmo resgataram uma vitória importante. Não só porque lhes abre caminho em oitavas de final que estava se complicando para eles, mas também porque evitaram uma costumeira vergonha regional. É futebol, não rúgbi, e Gales só havia conseguido um empate com a Inglaterra. E desde esse acontecimento se passaram 43 anos.

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Não foi um jogo para ficar na história, mas teve fatos episódicos relevantes. Como aquele em que Bale, que só havia arranhado uma bola de cabeça e executado um chute da área, projetou a bola com êxito, e força, de uns 20 metros, em linha reta para o gol adversário. Hart, num cochilo, se lançou tarde e com mãos sem firmeza. O astro galês selou seu segundo gol seguido no torneio, o que só haviam conseguido Platini, na edição de 1984 — incluído o infeliz Arconada na final — e o alemão Hassler em 1992. Ao redor de Bale em Gales só há um batalhão de soldados rasos com o ânimo e o orgulho pelas nuvens. Nada mais tem a medíocre Gales, que supre suas carências com o entusiasmo. Mas aí está, com opções de ir para as oitavas. O delírio para seu povo, pouco gratificado quando a bola não é ovalada. A destreza é outra.

Bale tem as manhas para este jogo. Seu gol, perto do intervalo, descompôs o decepcionante grupo de Hodgson, que partiu com o mesmo regimento da estreia diante da Rússia. Mas era outra Inglaterra, mais pacata em tudo, sem pulso e criatividade. Ninguém se somou à cátedra de Rooney como meio-campista. Com Gales fechada em sua área com um pelotão de sentinelas os pross não tiveram respostas. Nem sequer com o lúcido novo Rooney, de repente um mensageiro que distribui jogo com simplicidade e muita habilidade. Tic, tac. Era o único a querer fazer funcionar a equipe mais jovem no torneio na França. Impossível até o intervalo.

Hodgson mexeu na escalação e retirou Sterling e Kane, que jogavam nas pontas dos pés no primeiro tempo. Sturridge e Vardy, seus substitutos, fizeram história. Segundo as estatísticas, tornaram-se os primeiros suplentes que marcam em uma mesma partida de um grande torneio. Com eles, a Inglaterra foi outra. Sturridge impôs uma ofensiva que Sterling não havia tido e Vardy agiu como Vardy, recolhendo um golzinho, como é seu costume. Com Gales nas cordas e os ingleses guiados por Rooney, e o empenho do incansável Walker, o empate chegou. Um gol de safári, com rebotes e lançamentos errados para longe, entre uma floresta de jogadores. O último desatino foi de Williams, capitão galês, que desviou a bola para seu gol e legitimou a posição de Vardy. Aliviada, a Inglaterra avançou então com Rashford, o jogador mais jovem da Eurocopa (18 anos e 229 dias). A investida era constante e mesmo Bale reforçava a defesa. Até que, aos 47, Sturridge, hábil, abriu passagem na selva e armou um chute sutil e instantâneo que dinamitou a barricada adversária. Cara para a Inglaterra nesta Euro taquicardíaca. Cuidado! Ainda houve uma cabeçada de Bale... De loucos. Nem Cesarini acreditava.

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