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Argentinos voltam a ocupar as ruas para exigir o fim da violência de gênero

Milhares de pessoas se mobilizaram nas principais cidades do país nesta sexta-feira

O grito “Ni una menos” ecoou nesta sexta-feira nas principais praças da Argentina. Pelo segundo ano consecutivo, uma multidão voltou a ocupar o centro de Buenos Aires para exigir o fim da violência machista. Com mensagens escritas em cartazes, camisetas, broches, bandeiras e também no asfalto, pessoas de todas as idades expressaram seu repúdio ao feminicídio, o assassinato de mulheres por motivos de gênero, a forma mais extrema desse tipo de violência. Nos últimos 12 meses, 275 mulheres foram assassinadas na Argentina por serem mulheres, uma a cada 30 horas, em média. Devido a esses crimes, pelo menos 217 menores ficaram órfãos de mãe. As famílias das vítimas exigem a aprovação urgente do projeto de lei que prevê a perda automática da responsabilidade parental para o assassino condenado.Ricardo Ceppi
Claudia Lima, de 8 anos, foi estuprada, assassinada e abandonada em um lixão. Seu brutal feminicídio chocou a pequena cidade de Santo Tomé, na província de Corrientes. “Tenho uma sobrinha lá, tenho primas. Peço que a justiça seja feita, por Claudia e que não aconteça mais”, afirma Roxana, com um cartaz com a foto da menina e outra de Blanca Dosantos, outra vítima de violência em sua cidade natal.Ricardo Ceppi
As três irmãs de Marcela Folch e sua sobrinha disseram “presente” na manifestação de Buenos Aires para exigir que o Governo argentino proteja os três filhos da irmã morta do pai abusivo. Folch denunciou o marido três vezes, mas a violência contra ela e seus filhos não cessou. Seu estado depressivo — causado por anos de maus-tratos — se aprofundou quando perdeu o seguro de saúde que cobria seu tratamento médico e psiquiátrico. Depois de sete anos sem conseguir justiça, em 20 de março cometeu suicídio. No ano passado, havia participado da manifestação “Nem uma a menos”, sem saber que seria mais uma. Suas irmãs agora temem pela integridade física de seus sobrinhos, que atualmente moram com o pai.Ricardo Ceppi
Malena Giglio é irmã de Paula, uma mulher de 33 anos assassinada em 18 de junho de 2014 enquanto esperava na fila de uma agência do Governo em San Carlos, na província de Mendoza. Yamil Pallares entrou com uma faca no edifício, escolheu Paula aleatoriamente e a esfaqueou cinco vezes depois de cortar seu pescoço por trás. Pallares foi inocentado porque um tribunal o declarou esquizofrênico, resultado de um sério problema com as drogas. A família de Paula conseguiu, finalmente, que o assassino permaneça internado em um hospital psiquiátrico. Agora, pedem a revisão da Lei de Saúde Mental, que permite saídas temporárias de doentes considerados perigosos.Ricardo Ceppi
As famílias das argentinas Marina Menegazzo e María José Coni, de 21 e 22 anos, respectivamente, passaram cinco dias sob suspense devido ao desaparecimento das jovens no Equador. Em 22 de fevereiro, foram encontradas mortas na cidade turística de Montañita. Mirta, tia de Coni, afirma que há “mais envolvidos”, além dos dois réus atuais, acusados ​​de estuprá-las e matá-las. Ao seu lado, uma colega denuncia o tratamento da mídia sobre o caso e recorda que “viajavam juntas, não sozinhas”.Ricardo Ceppi
Dezenas de bocas abertas com a palavra “BASTA”. Dessa forma tão gráfica, milhares de jovens expressaram seu repúdio às grosserias que os homens dizem diariamente nas ruas. “Não é um elogio, é assédio na rua”, afirmam as entrevistadas, cansadas de sentir medo quando saem às ruas. Seus lenços verdes amarrados em volta do pescoço expressam outra reivindicação: o direito de decidir sobre seus próprios corpos com uma lei de aborto legal, seguro e gratuito.Ricardo Ceppi
“Xs meninxs não mentem quando falam sobre abuso sexual”, diz o cartaz segurado por Sara, à frente da marcha. Sua filha lhe contou há cinco anos que foi molestada pelo pai e, desde então, luta para vê-lo atrás das grades. O mesmo calvário foi enfrentado por Celeste Sibiglia, que também participava da manifestação. Seu ex-parceiro, Guillermo Sosa, abusou sexualmente por mais de uma década de suas três filhas, que eram menores de idade. As meninas também foram molestadas pelo ​seu avô, o pai de Sosa. Através de um julgamento rápido, foram condenados a oito anos de prisão.Ricardo Ceppi
Cinco pessoas transexuais foram mortas no último ano na Argentina. Uma das vítimas foi a ativista Diana Sacayán, relembrada na sexta-feira por dezenas de colegas no centro de Buenos Aires. O crime contra ela, perpetrado no apartamento onde morava, foi o primeiro a ser tipificado como feminicídio na Argentina. Diana foi uma das líderes da luta pelos direitos das pessoas transexuais, que em 2010 comemoraram a adoção da Lei de Identidade de Gênero, que, pela primeira vez, reconheceu sua identidade autopercebida. “Ser travesti é uma identidade que Diana mantinha com orgulho, como muitas outras colegas”, diz Elena, com o rosto de Diana desenhado em um broche preso ao casaco. “Estou aqui para lembrar Diana e lutar para que nossos corpos deixem de ser atingidos pela violência. Temos que nos unir para lutar pela igualdade social”, afirma.Ricardo Ceppi
Milhares de pessoas foram espontaneamente ao centro de Buenos Aires para compartilhar a rejeição à violência contra as mulheres, mas muitas outras o fizeram de forma organizada. Ao contrário do ano passado, neste 3 de junho cresceu a participação de partidos políticos de esquerda e sindicatos. Suas bandeiras partidárias se misturaram com faixas de protesto de organizações feministas como a Mumala, que marchou com bexigas pretas em sinal de luto pelas mulheres assassinadas.Ricardo Ceppi