_
_
_
_
_

O reencontro das rebeldes Thelma e Louise

Susan Sarandon e Geena Davis acreditam que o cinema dá menos oportunidades às mulheres

Susan Sarandon e Geena Davis no festival de CannesFoto: reuters_live
G. B.
Mais informações
“Eu não filmava sexo por medo e preguiça”
Guerra aos saltos altos em Cannes
George Clooney: “Donald Trump não vai ser presidente dos Estados Unidos”

Já se passaram 25 anos da estreia de Thelma & Louise, e para Susan Sarandon e Geena Davis, suas protagonistas, a indústria piorou. “Hoje não teria sido filmado. Em sua estreia em 1991, e ainda mais após o sucesso que conseguiu, pensei que existiriam mais filmes centrados na amizade feminina. Isso nunca aconteceu”, afirmou Sarandon na entrega do Women in Motion às duas atrizes, premiação de conversas sobre a falta de igualdade no cinema patrocinadas pela revista Variety, a empresa de luxo Kering e o festival de Cannes, que com a criação desse simpósio encarou no ano passado as críticas à falta de diretoras em suas edições passadas. “Os executivos atuais de Hollywood são sexistas. É vergonhosa a falta de imaginação de Hollywood e sua pouca preocupação pelas questões femininas”.

Ao seu lado, Geena Davis lembrou que Susan Sarandon foi a primeira mulher que ela ouviu dizer a opinião em voz alta em uma filmagem. “Eu acredito que a indústria do cinema está em um bom caminho, pelo menos melhor do que nos conselhos de administração, o Congresso e outras instituições”. Sarandon lembra que quando chegou às salas de cinema, o fato de Thelma & Louise ser feminista não foi sequer colocado. “Era um filme de amigos e nós tínhamos poder e capacidade de decidir. E ainda assim muita gente ficou irritada”. É certo que o filme de Ridley Scott inaugurou a selfie, de modo que Davis e Sarandon repetiram várias vezes na noite de domingo o gesto de se autorretratar com uma câmera.

A atriz Salma Hayek, em Cannes.
A atriz Salma Hayek, em Cannes.Thibault Camus (AP)

Juliette Binoche também não teve papas na língua, e afirmou no domingo nas conversas da Variety que cobrou tanto Martin Scorsese como Steven Spielberg por não fazerem mais filmes com protagonistas femininas. A francesa disse que Spielberg – de quem recusou a oferta de fazer Jurassic Park – lhe respondeu que um de seus filmes é A Cor Púrpura. Mas desde então todos os seus personagens principais foram masculinos. “Tive a mesma conversa com Scorsese, que possui um lado muito feminino, que eu acredito que não explorou em seu trabalho”, afirmou a atriz.

No segundo dia do Women in Motion, realizado na manhã de segunda-feira, a convidada foi outra atriz de frases claras e contundentes, a mexicana Salma Hayek. “No Oscar, os dramas com protagonistas femininas têm seu limite na categoria de melhor atriz, nunca vencem como melhor filme”; “Como espectadoras precisamos apoiar nas salas de cinema outros gêneros além da comédia romântica, por favor, somos muito mais capazes”; “Na França, ao contrário de Hollywood, as atrizes não começam a injetar botox quando completam 30 anos”; “Cada mulher tem a luta contra a opressão em seu DNA. Se os homens têm músculos, nós temos resistência” foram algumas das frases com que Hayek sacudiu seu público. Segundo dados da We Do It Together, uma iniciativa sem fins lucrativos para dar oportunidades às mulheres em Hollywood, a proporção entre filmes dirigidos por homens e mulheres nos grandes estúdios é de 9 para 1, e no ritmo atual, a balança se equilibraria dentro de 700 anos.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_