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‘College’, uma opção mais barata para estudar inglês no Reino Unido

Poucos conhecem esses centros públicos de formação profissional, com preços reduzidos

Ana Torres Menárguez
Não se sabe exatamente quantos brasileiros estudam em 'colleges' britânicos.
Não se sabe exatamente quantos brasileiros estudam em 'colleges' britânicos.British Council

Quando um brasileiro ou espanhol decide se instalar por algumas semanas ou meses no Reino Unido para melhorar seu nível de inglês, costuma primeiramente pensar nos pacotes oferecidos pelas grandes empresas de idiomas que cobram milhares de dólares ou euros pelo curso e a estadia. Poucos sabem da existência dos chamados college of further education, centros públicos de formação profissional que oferecem cursos de inglês com preços bem abaixo dos das universidades ou escolas particulares. Em alguns, como o Belfast Metropolitan College, na Irlanda do Norte, é possível fazer um curso de preparação para os exames de Cambridge por 1,97 euro por hora, um preço que, no caso das escolas privadas chega a 15 euros, em média.

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“Poucos podem pagar pelos cursos exclusivos em tempo integral, por isso procuram os centros que oferecem horários flexíveis que podem ser conciliados com empregos de garçom ou de babá”, afirma Carolina Jiménez, diretora de política educativa do British Council na Espanha. No Reino Unido, existem cerca de 80 colleges e cada um fixa seus preços. Geralmente, aqueles que estão mais perto de Londres ou na região da costa oeste costumam ter taxas mais elevadas, diz Jiménez, mas em todos os casos estão bem abaixo do preço médio do mercado.

Não há dados sobre quantos brasileiros estavam matriculados nos colleges britânicos no ano passado — no caso dos espanhóis, cerca de 1.700. “Quase ninguém sabe que eles existem, e costumam descobrir quando já estão morando há vários meses”, explica Jiménez. Uma das vantagens desses centros é que favorecem a imersão na cultura anglo-saxônica porque os alunos compartilham as instalações esportivas, aulas de informática e os cafés com estudantes britânicos.

A espanhola Alicia Moreno, de 30 anos, chegou a Bristol em 2012. A crise econômica e a falta de perspectivas de emprego, apesar de ter dois diplomas universitários, publicidade e marketing, fez com que abandonasse a Espanha com seu companheiro em busca de oportunidades. Conseguiu um emprego de vendedora na Zara e, para melhorar seu inglês, decidiu se inscrever no College Green, em Bristol. “Eu estava muito verde, não entendia muito nem conseguia me comunicar. Como acontece com quase todos os espanhóis, o nível da escola e do colégio é muito baixo, um monte de gramática e pouca comunicação”, diz. Pagou cerca de 350 euros por um curso de seis meses e conseguiu o certificado de Cambridge PET, um B1. “A metodologia é muito boa com grande ênfase no speaking”. Moreno acredita que a maioria das escolas privadas são “impagáveis”, com um preço de cerca de 1.200 euros por três semanas.

ONDE FICAR

A maioria dos College of Further Education não tem residências estudantis para acomodar seus alunos. Alguns, como o Peterborough Regional College, 121 quilômetros ao norte de Londres, possui um banco de moradias nas quais os proprietários oferecem quartos por 154 euros por semana, com comida incluída, ou 117 sem.

Outros, como o Westminster Kingsway College, no centro de Londres, tem acordos com residências e o custo é entre 198 e 371 euros por semana.

Em Belfast, ficar em uma residência de estudantes custa entre 130 e 148 euros por semana. Na web daft é possível encontrar quartos a partir de 185 euros por mês.

Quando os alunos alcançam um bom nível de inglês, esses centros dão a opção de se inscrever em programas de formação profissional ou graduação em colaboração com algumas universidades. “Contam com um serviço de assessoramento acadêmico gratuito que analisa os interesses dos estudantes para aconselhar o melhor caminho”, indica Carolina Jiménez, do British Council. No caso de Alicia Moreno, dois anos após o início do curso no college, preparou-se para o IELTS e entrou na University of the West of England, onde fez um mestrado em marketing digital.

O problema do nível

David Thomas, responsável de aprendizagem do City of Bristol College, identificou claramente os pontos fracos dos espanhóis na hora de aprender inglês. Seus 27 anos como professor serviram para detectar que o principal problema na Espanha é a metodologia de ensino baseada na memorização. Os alunos sabem como responder um exame, mas não estão preparados para usar o inglês na vida real, opina. “Aprender um idioma tem a ver com o desenvolvimento de habilidades. Isso leva tempo e muita prática; expor os estudantes a situações reais”, diz.

Outro problema é que os certificados de nível que são emitidos pelos centros espanhóis não coincidem com os padrões do Reino Unido. “A maioria chega afirmando que têm um B1 e quando fazem o teste de nível, estão um ou dois cursos abaixo. Todos querem voltar para a Espanha com um First e é difícil entender que não estão preparados”.

Dois tipos de cursos

Alunos nas instalações do Belfast Metropolitan College, na Irlanda do Norte.
Alunos nas instalações do Belfast Metropolitan College, na Irlanda do Norte.

Os College of Further Education oferecem dois tipos de cursos de inglês, os chamados ESOL (English for Speakers of Other Language), projetados para estrangeiros com pouco conhecimento de inglês e homologados apenas no Reino Unido, e os EFL (English as a Foreign Language), mais acadêmicos e orientados para preparar os exames de Cambridge (KET, PET, First, Advanced ou Proficiency) e o IELTS, o mais utilizado no mundo para a acreditação linguística, juntamente com o TOEFL.

Os ESOL, divididos em cinco níveis, são subsidiados pelo Governo britânico e o preço da matrícula é muito baixo. Um bom exemplo é o curso de verão oferecido pelo Belfast Metropolitan College, um total de cinco semanas – 14 horas por semana – por 183 euros, 2,60 euros por hora. Na opinião de David Thomas, do City of Bristol College, esses cursos foram criados para aqueles que pretendem passar o resto da vida no Reino Unido e pode não ser adequado para alguém que quer melhorar em pouco tempo. “O nível é um pouco mais baixo do que o dos EFL, você aprende a preparar cartas de motivação para uma oferta de trabalho, a se comunicar adequadamente em um escritório... e também inclui conteúdo sobre a cultura britânica”.

Teresa McBurney, responsável de idiomas do Belfast Metropolitan College, pensa diferente. Ela acredita que precisamente estes cursos incidem sobre o listening e o speaking, as duas habilidades que podem ser a mais complicada. “Estes cursos servem para ganhar fluência e os EFL exigem mais tempo, pelo menos quatro meses para se preparar para o exame”.

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