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Rejeitado no Brasil, colono israelense será cônsul em Nova York

Netanyahu retira a proposta para nomear Dani Dayan como embaixador em Brasília

Dani Dayan, ex-líder do movimento colono judaico, em Jerusalém.
Dani Dayan, ex-líder do movimento colono judaico, em Jerusalém.RONEN ZVULUN (REUTERS)

O Brasil ganhou a batalha travada há quase oito meses com o Governo de Israel devido à polêmica nomeação de Dani Dayan como embaixador israelense em Brasília. Dayan é ex-líder do movimento colono judaico e membro do partido ultranacionalista Casa Judaica. A vitória foi entregue nesta segunda-feira pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que, na condição de ministro de Relações Exteriores, desistiu da disputa para colocar Dayan como representante diplomático máximo no Brasil, anunciando que o colono será nomeado cônsul-geral de Israel em Nova York.

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A notícia foi recebida com entusiasmo pelo protagonista da crise diplomática entre os dois países que, longe de interpretá-la como uma derrota para Israel, disse que a decisão significa completamente o oposto. "Aqueles que não me queriam em Brasília me terão na capital do mundo, e isso para mim é uma vitória", disse Dayan em uma conferência contra o movimento internacional Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS), organizada pelo jornal israelense Yediot Aharonot, em Jerusalém. Pouco antes, Dayan havia confessado à Rádio do Exército que, quando lhe ofereceram a representação diplomática no Brasil, pediu para ser cônsul-geral em Nova York.

No mesmo fórum contra o BDS, o deputado e ex-embaixador israelense para os Estados Unidos, Michael Oren, aplaudiu a determinação de Netanyahu e avaliou que se tratava de uma "excelente" decisão. Um ar triunfal que foi compartilhado pela vice-ministra de Relações Exteriores, Tzipi Hotoveli, uma das principais defensoras de Dayan durante o cabo de guerra com o gigante sul-americano. No último domingo, em um comunicado, Hotoveli classificou a nomeação como "uma importante mensagem ao mundo", já que "Israel apoia Dayan como um digno e leal representante do Estado".

Sem embaixador no Brasil

As atividades de Dayan durante os seis anos em que dirigiu o Conselho Yesha, o grupo de colonos da Cisjordânia, e sua própria condição de colono – já que ainda vive no assentamento judaico de Maaleh Shomron, nos territórios palestinos ocupados, a cerca de 10 quilômetros da cidade palestina de Qalquilia –, foram os principais obstáculos para o Brasil atrasar o plácet e nunca formalizar sua nomeação.

Ainda não se sabe se Israel irá nomear um novo embaixador para sua embaixada em Brasília ou se, pelo contrário, o Governo de Netanyahu deixará por mais tempo a representação atual do segundo escalão, como um gesto de protesto para refletir que a crise iniciada com a presidenta Dilma Rousseff ainda não acabou. "Só podemos confirmar que a única certeza é que Dayan irá a Nova York", dizem fontes oficiais consultadas pelo EL PAÍS.

Se não houver mais contratempos na carreira diplomática do ex-líder dos colonos, espera-se que Dayan assuma seu novo cargo em meados deste ano, substituindo Ido Aharoni, o veterano diplomata israelense que ocupa o posto desde fevereiro de 2011.

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