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O passado televisivo dos diretores e atores candidatos ao Oscar 2016

De onde eu conheço esse ator mesmo? Conheça o currículo dos indicados ao Oscar 2016 na televisão

Bryan Cranston em filme de 2015
Bryan Cranston em filme de 2015Reprodução

A passagem de atores e diretores do cinema para a televisão já é nosso pão de cada dia. Por isso é cada vez mais normal ver entre os indicados ao Oscar muitas caras que se tornaram conhecidas na televisão, assim como "oscarizados" que passam para a telinha após receberem o troféu. Todos temos um passado e, entre os nomes que podem levar uma estatueta na maior premiação do cinema norte-americano, muitos têm um passado no mundo das séries.

Melhor Diretor

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Vocês se lembram do jornalista desprezível da quinta temporada de The Wire? Hoje esse ator é um dos favoritos ao Oscar de Melhor Diretor. Tom McCarthy há anos é conhecido como um dos diretores independentes mais procurados, mas por muito tempo seu sustento veio da faceta interpretativa na televisão, em séries como Boston Public e Law & Order. Sua experiência atrás da câmera, no entanto, foi menos memorável. Há algumas semanas, os roteiristas Dan Benioff e D.B. Weiss diziam que o piloto original de Game of Thrones era horrível. McCarthy era o responsável. Talvez um diretor de filmes pequenos não fosse a opção para um grande drama medieval. O que fará McCarthy depois do Oscar? Dirigir a nova série de Selena Gómez para a Netflix, 13 Reasons Why. Uma mudança surpreendente.

Outro que irá para a telinha depois de exaustiva promoção de prêmios é Alejandro González Iñárritu (O Regresso), que há algum tempo vem preparando, no Starz, o drama The One Percent, sobre uma família de fazendeiros com Hillary Swank, Ed Harris e Ed Helms. Mas o projeto foi anunciado há tanto tempo e sem maiores notícias que tememos o pior. Com exceção de McCarthy, o diretor indicado que mais influência teve na televisão é, sem dúvida, Adam McKay, responsável por A Grande Aposta, conhecido até agora por sua parceria com Will Ferrell. Começou com Ferrell no Saturday Night Live, onde, depois de não ser contratado como coadjuvante, se tornou roteirista-chefe de uma das temporadas de maior sucesso. Na telinha produziu também a comédia de HBO Eastbound & Down e Funny or Die Presents, baseado nas esquetes de sua página de humor.

Tanto Lenny Abrahamson como George Miller deram os primeiros passos na televisão de seus países. O primeiro dirigiu a minissérie Prosperity na Irlanda, enquanto o veterano produziu séries com Hugo Weaving e Nicole Kidman na Austrália.

Melhor Ator

Começamos pelo mais óbvio: Bryan Cranston (candidato por Trumbo). Sua extensa carreira como ator inclui numerosos trabalhos tanto na televisão como no cinema, mas o primeiro não se esquecee e Cranston já é história da televisão por ter interpretado Walter White, um professor de química comum que, depois de ser diagnosticado com câncer, começa a fabricar uma metanfetamina que fará dele um popular e perigoso chefe do narcotráfico. Em suas cinco gloriosas temporadas, Breaking Bad deu notoriedade a um rosto que, até então, os fãs da televisão relacionavam com o pai de Malcolm in the Middle. Mas foi em Arquivo X que Vince Gilligan encontrou o homem perfeito para transformar em Heisenberg, antes, já tinha tido pequenos papéis em séries como Chumbo Grosso (Hill Street Blues), Falcon Crest, Assassinato por Escrito (Murder, She Wrote), Seinfeld e Como Eu Conheci Sua Mãe (How I Met Your Mother).

A televisão também foi onde deu seus primeiros passos o claro favorito para o Oscar desta noite, Leonardo DiCaprio. Títulos como The New Lassie, Santa Barbara, Roseanne, O Tiro que Não Saiu pela Culatra (Parenthood)e Tudo em Família (Growing Pains) serviram a DiCaprio de trampolim para o cinema antes de conseguir sua primeira indicação à estatueta com Gilbert Grape.

Um dos primeiros papéis de Michael Fassbender foi na minissérie Irmãos de Guerra (Band of Brothers). Embora o protagonista de Steve Jobs tenha participado de outras produções televisivas como Hearts and Bones, Murphy's Law, Hex e The Devil’s Whore, a produção de Steven Spielberg e Tom Hanks é, de longe, a mais noteável. Matt Damon, indicado por Perdido em Marte, não apareceu muito pelo mundo das séries, mas se recorda seu papel como o namorado piloto de Liz Lemon em 30 Rock ou seu recente papel no TV movie da HBO Behind the Candelabra. Eddie Redmayne (A Garota Dinamarquesa) também deu seus primeiros passos na televisão, com o papel que tinha na adaptação de Os Pilares da Terra (The Pillars of Earth).

Melhor Atriz

Não faz muito tempo que vimos Charlotte Rampling (candidata por 45 anos) na televisão. Sua última aparição foi na minissérie britânica London Spy. Além disso, foi um das caras novas que se incorporaram à segunda temporada de Broadchurch e, alguns anos antes, foi uma das poucas coisas que se salvavam na última temporada de Dexter. Brie Larson é a favorita para o prêmio este ano. Os fãs de Community recordarão a protagonista de O Quarto de Jack como a namorada meio esquisita de Abed. Antes, além de ter participado de capítulos soltos de séries, foi Kate Gregson em O Mundo de Tara (United States of Tara) e protagonizou Raising Dad ao lado de Bob Saget.

Jennifer Lawrence (Joy), presença recorrente no Oscar ultimamente, começou na telinha com papéis em Monk, Arquivo Morto (Cold Case) e Medium, onde interpretou dois personagens, um dos quais era a versão jovem da protagonista. Sua participação televisiva mais prolongada foi na comédia The Bill Engvall Show. Saoirse Ronan (Brooklyn) também deu seus primeiros passos como atriz na televisão nas séries irlandesas The Clinic e Proof. E embora a carreira de Cate Blanchett (Carol) tenha sido quase exclusivamente no cinema, lá por meados dos anos 1990 protagonizou duas minisséries, Heartland e Bordertown.

Melhor Ator Coadjuvante

Vários atores com um presente muito televisivo nesta categoria. Mark Rylance de fato este ano foi duplamente indicado para os Globos de Ouro, por Ponte dos Espiões e pela minissérie britânica Wolf Hall em que fazia o papel de Thomas Cromwell. Tom Hardy, antes de tirar partido do seu imponente físico em O Regresso já o fez na segunda temporada de Peaky Blinders. Foi coadjuvante em Band of Brothers e também participou de diferentes minisséries como The Take, Oliver Twist e Meadowlands.

Christian Bale (A Grande Aposta) prodigalizou-se pouco pela televisão e só foi parte de um filme para televisão e uma minissérie lá por 1987. Sylvester Stallone (Creed) tampouco é homem de televisão, mas pode ser produtor executivo de uma série sobre Rambo se o projeto for adiante. Quanto a Mark Ruffalo (Spotlight), seu papel no filme para televisão The Normal Heart lhe valeu várias indicações a prêmios mas, embora tenha participado de alguma série, são casos pontuais e longínquos no tempo.

Melhor Atriz Coadjuvante

Todas as atrizes indicadas nesta categoria começaram sua carreira na televisão. Alicia Vikander, por exemplo, protagonizou várias séries em sua Suécia natal antes de dar o salto para Hollywood. Ali se tornou famosa com a telenovela Andra Avenyn. Outra atriz jovem como Rooney Mara teve de passar também – como boa nova-iorquina – por episódios de Law & Order e ER para chegar ao fim do mês, mas a verdadeira atriz televisiva é sua irmã Kate Mara, que cativou Kevin Spacey em House of Cards.

Do outro lado estão as que decidiram retornar à televisão depois que sua carreira se estabilizou, quando a telinha ofereceu protagonistas mais interessantes que o cinema. Rachel McAdams saltou à fama no Canadá com Slings and Arrows mas logo chegou The Notebook e se esqueceu de seu passado. Pelo menos até ser redescoberta no ano passado em True Detective, onde sua detetive teimosa e complicada se tornou um dos poucos motivos para ver a segunda temporada.

Também Kate Winslet conseguiu na HBO um de seus papeis mais completos. No início dos anos 1990, a atriz saltou do teatro para tela com a série infantil de ficção científica Dark Season, projeto que rendeou ao roteirista Russel T. Davies um lugar em Doctor Who. Depois de várias minisséries britânicas no início da carreira, o cinema a monopolizou até que, em 2005, Ricky Gervais a ajudou a rir de sua fama em Extras (um episódio que serve de profecia para seu Oscar). Mas sua verdadeira obra prima chegou com o diretor Todd Haynes (menosprezado este ano por Carol), com quem trabalhou na pequena joia em forma de minissérie que foi o remake de Mildred Pierce. Winslet preenchia cada plano.

Por último, Jennifer Jason Leigh é uma daquelas atrizes maduras que se refugiou nas séries para manter seu trabalho, seja como irmã de Mary Louise Parker em Weeds ou como mãe de Emily VanCamp em Revenge. E em 2017 a veremos em um universo que lhe cai como uma luva na volta de Twin Peaks.

Outros

Entre os roteiristas indicados também há alguns nomes familiares para os fãs de séries. Josh Singer, responsável por Spotlight, esteve em Fringe, Lie to Me e West Wing. Drew Godard, que adaptou Perdido em Marte, é, por sua vez, um dos protegidos de dois gurus como Joss Whedon (com quem trabalhou em Buffy e Angel) e J.J. Abrams (que o contratou em Alias e Lost). Encarregou-se, além disso, de criar o conceito para a série Daredevil da Netflix.

Para Melhor canção é indicada Lady Gaga, hoje grande dama de Ryan Murphy em American Horror Story com um papel pelo qual ganhou um Globo de Ouro. Carter Burwell, compositor indicado por Carol, punha o tema de Winslet no Mildred Pierce e de Frances McDormand em Olive Kitteridge. E Thomas Newman, com sua enésima indicação por Ponte dos Espiões, escreveu as músicas de abertura de The Newsroom, Boston Public e Six Feet Under.

Por último, não podemos nos esquecer que dois dos documentários indicados são da Netflix, e, portanto, estão naquele espaço indefinido entre cinema e televisão: What Happened, Miss Simone?, sobre a vida e a luta da cantora Nina Simone, e Winter of Fire, sobre o conflito ucraniano.

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