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China instala mísseis em ilha de região disputada com Taiwan e Vietnã

Pequim afirma que todas as suas ações na área são “defensivas”

Vista aérea da ilha de Woody. / GOOGLEFoto: reuters_live
Macarena Vidal Liy
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Pequim instalou mísseis terra-ar em uma das ilhas que o país controla em águas sob litígio no mar do sul da China, segundo confirmou Taiwan. Em uma iniciativa que faz aumentar ainda mais as tensões em torno da soberania da região, os mísseis foram colocados desde a semana passada na ilha de Woody, conhecida como Yongxing em mandarim, nas Paracel, que são disputadas pela China, Taiwan e Vietnã. A denúncia de Taiwan coincide com o encerramento da primeira reunião entre os Estados Unidos e os países do sudeste asiático integrantes da ASEAN, realizada em Rancho Mirage (Califórnia, EUA).

Um porta-voz do Ministério da Defesa de Taiwan, David Lo, não quis dar mais detalhes. “As partes interessadas precisam colaborar para que se mantenha a paz e a estabilidade na região do mar do sul da China e evitar a adoção de medidas unilaterais que possam alimentar as tensões”, afirmou.

Em Pequim, o ministro das Relações Exteriores, Wang Yi, afirmou em entrevista coletiva ao lado de sua homóloga australiana, Julie Bishop, que as instalações de Pequim no Mar da China Meridional são “limitadas” e destinadas à “defesa”, sem confirmar nem desmentir que os mísseis tenham sido instalados, informa a EFE. “As construções limitadas e necessárias de autodefesa que a China realizou nessas águas respeitam o direito de proteção contemplado pelo direito internacional”.

Diante das declarações de Lo, Taiwan confirmou informações da rede de televisão norte-americana Fox News. A Fox havia divulgado fotografias obtidas por satélites da empresa ImageSat International (ISA), que, segundo afirma, mostram duas baterias com oito lançadores de mísseis cada uma, além de um sistema de radar, no dia 14 de fevereiro, na ilha. Em 3 de fevereiro, essas imagens mostravam uma praia deserta.

De acordo com a Fox, um funcionário norte-americano confirmou a autenticidade das fotos. Segundo esse funcionário, não identificado, as imagens parecem mostrar o sistema de defesa aérea chinês HQ-9, semelhante ao S-300 russo e com alcance de 200 quilômetros, o suficiente para atingir um avião — civil ou militar — que sobrevoasse as suas proximidades.

A instalação dos mísseis se dá depois que navios militares dos EUA realizaram missões de patrulha nas proximidades das ilhas artificiais, o que causou fortes protestos da parte de Pequim. A última dessas operações ocorreu no mês passado, quando um destroier norte-americano se aproximou da ilha Tritão, nas Paracel, uma manobra que a China considerou provocadora.

Pequim reclama para si cada vez mais enfaticamente as Paracel, as Spratly e os bancos de Scarborough, a distâncias de até 1.300 quilômetros de sua costa continental. No caso das Spratly, seis países disputam sua soberania: China, Filipinas, Taiwan, Malásia, Brunei e Vietnã. A disputa é especialmente acirrada entre China e Vietnã e Filipinas.

Os Estados Unidos não mantêm exigências territoriais na região e assegura que não está ao lado de ninguém na disputa, mas defende a liberdade de navegação. A área em disputa é chave para o comércio marítimo mundial, pois se movimentam por ela cerca de 5 bilhões de dólares anuais em produtos.

A China constrói uma série de pequenas ilhas artificiais para reforçar suas exigências e já acelerou o ritmo de construção nos últimos 18 meses. Segundo Pequim, essas ilhas terão um uso misto civil e de Defesa, mas garantiu que não as “militarizará”. Ao término de seu encontro com os líderes da ASEAN, o presidente dos EUA, Barack Obama, declarou que “falamos sobre a necessidade de dar passos tangíveis no mar do Sul da China para reduzir as tensões”. Entre eles, enumerou o “fim de novos projetos (de dragagem e extração de areia marinha), de construções e de militarização nas regiões em disputa”.

A reunião EUA-ASEAN tinha como objetivo estreitar laços entre Washington e os países do sudeste asiático, em um momento em que Estados Unidos e China brigam por garantir sua influência na região da Ásia-Pacífico. O Governo de Barack Obama anunciou uma série de viagens de sua equipe de política externa para valorizar região, e Pequim suspeita que esta decisão tenha o propósito de limitar sua pujança.

Nos últimos meses, Washington dedicou atenção especial ao sudeste asiático. O secretário de Estado, John Kerry, visitou Camboja e Laos no mês passado, enquanto Michelle Obama viajou ao Camboja ano passado, a primeira vez que este país recebeu uma primeira-dama norte-americana. O conselheiro adjunto de Segurança da Casa Branca Ben Rhodes se deslocou até a Birmânia. Em Rancho Mirage, Obama anunciou visitas nos próximos meses ao Vietnã e a Laos, país para o qual um chefe de Estado dos EUA nunca viajou.

Entre outros anúncios durante o encontro, Obama informou uma série de medidas para impulsionar a economia da região e dar fôlego ao intercâmbio comercial. Os 10 países da ASEAN, em conjunto, representam o quarto parceiro comercial dos EUA.

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