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Ex-presidente George W. Bush vai em socorro de seu irmão Jeb

Ex-governador da Flórida recorre à família depois dos maus resultados em Iowa e New Hampshire

George W. Bush e Jeb Bush.Vídeo: EFE
Yolanda Monge

George W. Bush voltou. "Estou aqui porque me importa o meu país e o meu irmão", declarou nesta segunda na Carolina do Sul. Diante de mais de 1.300 pessoas, e com seu já conhecido sentido de humor, o último presidente republicano dos EUA explicou as razões pelas quais seu irmão mais novo deveria ser o próximo mandatário do país. Entre outras coisas, porque considera que "a pessoa mais forte não é sempre a que mais grita". Esta foi uma das referências veladas a Donald Trump, que fez o nível do debate no campo republicano despencar.

Seu irmão Jeb começou a corrida para a Casa Branca querendo distanciar-se do ex-presidente, para evitar desagradáveis associações com a guerra do Iraque ou a brutal recessão econômica que deixou como legado. Tampouco ia ajudar se os eleitores vissem a marca Bush como uma dinastia que poderia estender-se por três décadas. “Vou ser eu mesmo e meus pontos de vista vão ser determinados pelo meu próprio pensamento”, declarou Jeb Bush quando anunciou sua intenção de apostar na nomeação republicana para 2016.

Mas a cada dia as pesquisas vêm mostrando ao último do clã Bush a desejar a presidência dos Estados Unidos uma realidade que, por fim, tornou difícil deixar o nome à margem e obrigou Jeb a recorrer à família. Primeiro foi a mãe Barbara em New Hampshire (aos 90 anos, George H. W. Bush, Bush pai, está com a saúde delicada demais para submeter-se aos rigores de uma campanha eleitoral). Nesta segunda-feira foi a vez do ex-presidente na Carolina do Sul, Estado onde no sábado serão realizadas as primárias republicanas. Tudo como uma última tentativa para salvar a campanha presidencial do ex-governador da Flórida, ferida gravemente pela irrupção em cena de personagens como Donald Trump e Ted Cruz.

George W. Bush disse estar consciente de que o tom da campanha eleitoral republicana subiu, mas manifestou que, como disse seu pai, "as etiquetas são para as latas de sopa". O irmão mais velho elogiou o mais novo e lembrou dos mandatos como governador da Flórida. "Para ser presidente, é preciso ter experiência, mão firme e estar preparado para o inesperado", disse. "Meu irmão está".

Após dizer que "quando o presidente dos EUA fala, todo mundo escuta", o George W. Bush insistiu na necessidade de ter "um presidente que entenda a realidade das ameaças que enfrentamos". "Necessitamos um candidato que possa ganhar em novembro", disse. "Jeb é esse candidato".

Quarto na Carolina do Sul

No ano 2000 a Carolina do Sul salvou George W. Bush e catapultou sua nomeação depois de perder em New Hampshire para John McCain. Hoje, com os doadores nervosos e tentados a mudar de lado, o aparecimento em cena em North Charleston de George W. Bush, muito popular entre as bases republicanas, está programado para atrair a importante população militar e de veteranos desse Estado.

Jeb Bush concluiu em sexto na classificação no caucus de Iowa e quarto nas primárias de New Hampshire. E as pesquisas também o situam em um quarto lugar nas intenções de voto nas primárias do sábado na Carolina do Sul.

“Estou muito orgulhoso e me sinto honrado pelo fato de ele vir”, declarou Jeb Bush, 63 anos, na semana passada, quando a presença do irmão foi anunciada. “Esta é a primeira vez que vai participar na cena política desde que foi presidente. Acho que haverá muito interesse pelo que tiver a dizer”, afirmou o ex-governador.

Mas ao contrário do ex-presidente Bill Clinton, que parece ter nascido para ser um animal político em campanha, George W. Bush, 69 anos, não faz uma aparição pública desse tipo desde que se retirou para o Texas ao concluir sua presidência, há sete anos. É verdade que gravou algumas mensagens eleitorais, seja para o irmão Jeb ou para o candidato anterior republicano à Casa Branca, Mitt Romney. Também é certo que fez um ou outro discurso e falou ou apareceu no rádio e na televisão. Mas isso é tudo.

O discurso de George W. Bush foi olhado com atenção. Para começar: responderá aos ataques feitos no sábado passado por Donald Trump, que já tornou quase um costume atacar Jeb usando seu irmão George? No último debate republicano Trump qualificou George W. Bush de mentiroso, de ter metido o país em uma guerra com argumentos falsos –as famosas inexistentes armas de destruição em massa no Iraque–, de ter gasto bilhões de dólares em uma guerra e do fato de que os atentados terroristas de 11 de Setembro aconteceram sob seu mandato.

Por ora, Trump já expressou sua opinião por meio de seu moderno megafone, o Twitter. “É engraçado que para não querer a ajuda de sua família ou sobrenome tenha acabado recorrendo à mamãe e agora a seu irmão”, tuitou o magnata nova-iorquino, que finalizou dizendo que o uso de George W. Bush por parte de Jeb abria campo para “um jogo justo”.

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