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Suspeitas de apostas ilegais entre 16 dos 50 maiores tenistas do mundo

Investigação da BBC e BuzzFeed News denuncia rede de corrupção no tênis Esquema envolveria ganhadores de Grand Slam da última década e o torneio de Wimbledon

Alejandro Ciriza

Ao mesmo tempo em que se iniciou o primeiro grande torneio da temporada em Melbourne, o tênis mundial foi sacudido por um grave escândalo de corrupção. Uma investigação feita pela BBC e o BuzzFeed News revela uma suposta rede de apostas ilegais e armações esportivas durante a última década em partidas de alto nível. De concreto, segundo os veículos de comunicação citados, o caso envolveria 16 jogadores do top-50 do ranking mundial e alguns dos suspeitos (oito, “na maior parte argentinos e espanhóis”, diz o BuzzFeed News) participam atualmente do Aberto da Austrália. Por enquanto os nomes dos tenistas não foram publicados.

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Segundo a informação, a trama mafiosa teria origem na Rússia, no norte da Itália e na Sicília. Por conta das suspeitas, a Unidade de Integridade do Tênis (TIU) – encarregada de controlar possíveis irregularidades – investigou 26.000 partidas nos últimos anos e seus relatórios dão a entender que alguns jogadores (que se reuniam previamente com mafiosos em seus hotéis e acertavam a derrota em troca de 50.000 dólares – 202.000 reais – ou mais) entregaram seus jogos. O caso, além disso, envolve Wimbledon, um dos eventos esportivos mais prestigiosos do mundo. Três partidas do torneio britânico teriam sido armadas.

“Campeões de torneios de Grand Slam, em simples e duplas, fazem parte do grupo central de 16 jogadores que, diversas vezes, foram apontados por perderem partidas quando existiam apostas muito suspeitas contra eles”, descreve o BuzzFeed. A BBC, por sua vez, fala de “ganhadores de Grand Slam”, mas não especifica as categorias. Nos últimos 10 anos sete jogadores ganharam um Grand Slam em simples: o suíço Roger Federer (13 desde 2005, 17 no total), o espanhol Rafael Nadal (14), o sérvio Novak Djokovic (10), o suíço Stanislas Wawrinka (2), o escocês Andy Murray (2), o argentino Juan Martín del Potro (1) e o croata Marin Cilic (1).

O caso envolveria 16 jogadores do top-50. Três partidas do torneio britânico teriam sido combinadas

O BuzzFeed utilizou um algoritmo que detectou alterações em partidas nas quais jogaram os 16 jogadores sob suspeita. A investigação começou com o caso Davydenko (leia sobre ele aqui, em espanhol). Em 2007, o tenista Nikolay Davydenko, que chegou a ser o número quatro do mundo, perdeu um jogo no torneio de Sopot (Polônia) contra o argentino Martín Vasallo-Argüello (87 do mundo à época) após ganhar o primeiro set (6-2); depois de ceder o segundo (6-3), o russo se retirou no terceiro (com 2-1 contra) por uma lesão no pé. Estranhamente, o acumulado de apostas chegou a cinco milhões de euros (22,05 milhões de reais), dez vezes o montante habitual.

O presidente da ATP, Chris Kermode, em uma entrevista coletiva em Melbourne, negou que estejam ocultando qualquer tipo de informação sobre as supostas armações e afirmou que o órgão que dirige o circuito estudará a fundo as informações publicadas pela BBC e o BuzzFeed News. “Não é verdade que a informação está sendo ocultada. Nós condenamos qualquer tipo de conduta corrupta em nosso esporte”, disse Kermode; “a ideia de que o tênis não está agindo corretamente é ridícula”.

Até agora 18 tenistas foram punidos, seis deles por toda a vida

Por sua parte, o diretor da TIU, Nigel Willerton, afirmou que “foram abertas novas investigações sobre alguns dos jogadores que foram mencionados no relatório de 2008” e que “toda a informação crível recebida é analisada, avaliada e investigada por profissionais de grande experiência”. Perguntado sobre os supostos envolvidos que competem no torneio australiano, Willerton respondeu: “Não seria apropriado de minha parte dizer se existem jogadores no torneio que estão sendo investigados”.

Desde 2008, data de sua criação, a TIU recebeu mais de 14 milhões de dólares (56,7 milhões de reais) para realizar suas investigações e puniu 18 tenistas (entre eles o espanhol Guillermo Olaso), seis deles por toda a vida (o primeiro foi o austríaco Daniel Koellerer, depois foram punidos sine die o russo Andrey Kumantsov, o sérvio David Davic, o grego Alexandros Jakupovic e os italianos Potito Starace e Daniele Bracciali.

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