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Dilma mantém silêncio sobre o novo embaixador de Israel

Brasil continua há quatro meses sem aprovar nome para o posto de embaixador israelense

Juan Carlos Sanz

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, designou no início de agosto o líder dos colonos judeus Dani Dayan, de origem argentina, como novo embaixador no Brasil. Mais de quatro meses depois, o Governo da presidenta Dilma Rousseff continua sem dar o agrément ao ex-dirigente do Conselho Yesha, que agrupa os assentamentos na Cisjordânia e Jerusalém Oriental, territórios ocupados por Israel desde a Guerra de 1967. Está armado o embate diplomático entre o gigante latino-americano e a principal potência militar do Oriente Médio.

Dilma, em evento em Brasília no último dia 18.
Dilma, em evento em Brasília no último dia 18.EVARISTO SA (AFP)

Um alto funcionário de Brasília afirmou ao jornal digital Times of Israel que o Gabinete do Governo não vai dar seu aval, embora tampouco vá rejeitá-lo de forma clara. A mesma fonte sustenta que Rousseff se limitará a esperar que Netanyahu entenda a mensagem e retire a indicação de Dayan –um líder político que rejeita a solução de dois Estados para pôr fim ao conflito palestino-israelense e que reside em um assentamento em território ocupado– para o cargo de embaixador. O Brasil lembra que não foi consultado com antecipação sobre a nomeação, e que somente recebeu a notificação depois que o primeiro-ministro já havia comunicado a nomeação à imprensa.

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O Ministério de Relações Exteriores de Israel, cujo titular é precisamente Netanyahu, parece decidido a esperar com paciência que o Brasil comunique seu agrément a Dayan, segundo revela o correspondente diplomático do jornal Haaretz, Barak David. O Governo israelense confia em uma mudança de opinião em Brasília, onde considera que não existe nenhum precedente de que um embaixador proposto fosse rejeitado.

Dayan, de 59 anos, é membro do partido Lar Judaico, o mais votado pelos cerca de 600.000 colonos dos assentamentos e um dos parceiros cruciais da coalizão que sustenta o atual Governo. A decisão brasileira ameaça provocar a reação de Israel de rebaixar o nível dos laços bilaterais, em um momento em que o Estado judaico mostra grande interesse em ampliar suas relações com a América Latina, “com ênfase no Brasil”, segundo afirmou Netanyahu ao anunciar que Dayan seria o novo embaixador.

Mais de 40 organizações brasileiras e vários deputados no Congresso, em Brasília, questionaram a designação do novo embaixador israelense, por considerarem que representa a ocupação de territórios palestinos e a consequente violação da legislação internacional. O Governo do Brasil retirou seu embaixador em Israel durante a Guerra de Gaza de 2014.

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