Incêndio destrói o Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo
Brigadista que atua no local morreu vítima de uma parada cardiorrespiratória Fogo varreu o teto da estrutura, que divide espaço com a Estação da Luz
Um incêndio de grandes proporções atingiu o Museu da Língua Portuguesa, contíguo à estação da Luz – cartão postal da região central da cidade de São Paulo – na tarde desta segunda-feira (21). Segundo as autoridades paulistas, o bombeiro Ronaldo Pereira da Cruz, que atuava como brigadista no museu, morreu após ser socorrido, vítima de uma parada cardiorrespiratória.
Ali na Rua Mauá, que passa ao lado da estação, Paulo Cassiano da Costa, 69 anos, viu tudo desde o início, por volta das 16h. Dono de uma banca de jornal desde 1972, diz nunca ter presenciado nada tão impressionante. “As labaredas subiam por de cima da torre e se espalhavam com o vento, parecia que ia acabar com o prédio todo”, diz Cassiano, que resume seu carinho pelo cartão postal paulistano mostrando a foto de capa de seu celular: uma foto da estação. “Pra mim é um orgulho trabalhar por aqui, isso aí foi uma pena”.
Em meio a uma chuva torrencial, que com os ventos fortes ajudava a espalhar o fogo, o Corpo de Bombeiros anunciou que a situação estava controlada por volta das 17h, mas o fogo continuou assustando a população até às 18h30, quando foi extinto de vez. Ainda não se sabe o que ocasionou o incêndio que, segundo o coronel da corporação, Marcos Palumbo, começou no primeiro andar do Museu e se espalhou rapidamente para os andares superiores. O temor, enquanto o incêndio ainda estava fora de controle, é que ele atingisse a estação da Luz e danificasse o resto da estrutura histórica. O Museu da Língua Portuguesa foi inteiro devastado.
Às 19h, com as chamas apagadas, os arredores começavam a voltar à normalidade. Na frente dos bares se comentava o incêndio e o fato de o Museu estar fechado para visitação por ser segunda-feira. “Ali ia gente de todo o canto do Brasil, muita excursão de escola e de outras cidades, inclusive. É muito triste, mas sorte que foi numa segunda-feira que não tinha ninguém lá”, comentou Sebastião Pereira Teixeira, 70 anos, na região há mais de 30 anos.
Já ao cair da noite, com a chuva enfraquecida, alguns desavisados olhavam meio atordoados para a porta fechada da estação, um dos ramais mais importantes de trens da cidade, por onde passam cerca de 200 mil pessoas diariamente. Hoje a volta para casa ficou ainda mais longa. Segundo informou a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos, a circulação de trens foi interrompida logo que o fogo teve início no museu.
Sem alvará
As causas do incêndio ainda não são conhecidas, mas uma investigação já está em andamento. Já foi descoberto que o museu e todo complexo da estação da Luz não tinham aval dos bombeiros para funcionar. Segundo a corporação, o projeto, aprovado em 2004, foi aprovado, mas não teve prosseguimento. A apresentação é apenas o primeiro passo para a obtenção do AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros).
Em passagem pelo local após o ocorrido, o governador Geraldo Alckmin garantiu que o museu será reconstruído. "Vamos imediatamente tomar todas as providências, unir a iniciativa privada e nossos parceiros para a sua reconstrução", prometeu o governador.
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