_
_
_
_

América Latina tem 1,7 milhão de novos desempregados, segundo OIT

Trata do primeiro aumento, em cinco anos, da porcentagem de desempregados na região Taxa de desemprego no Brasil cresceu 1,5% este ano, segundo a organização

O Diretor da OIT para a América Latina e o Caribe, José Manuel Salazar.
O Diretor da OIT para a América Latina e o Caribe, José Manuel Salazar.Ernesto Arias (EFE)

O impacto da desaceleração econômica no mercado de trabalho começou a ser sentido este ano, com o primeiro aumento, em cinco anos, da porcentagem de desempregados na América Latina: há 1,7 milhão novos desempregados na região, ou seja, um total de 19 milhões, informou nesta quinta-feira a Organização Internacional do Trabalho (OIT) ao apresentar em Lima o relatório Panorama Laboral 2015 da América Latina e do Caribe.

“O desemprego vai chegar em 2015 a uma média regional de 6,7%. É o primeiro aumento significativo em cinco anos, e espera-se que continue em 2016”, disse José Manuel Salazar, diretor regional da OIT para a América Latina, em uma coletiva de imprensa nesta quinta-feira. Segundo o relatório, os indicadores do mercado de trabalho mostram que “a informalidade pode estar aumentando”, algo que em 2013 afetava 130 milhões de latino-americanos.

Mais informações
América Latina nunca teve tantos jovens, mas não aproveita impulso
60% dos jovens da América Latina têm trabalhos precários
‘América Latina não cresce a um ritmo desejável para gerar emprego’
Desemprego no Brasil cresce e a fila por uma vaga dobra a esquina
Mais tributos e mais cortes: a conta da austeridade que o brasileiro vai pagar
Terceirização coincide com fim de ‘ciclo de bonança’ de trabalhadores

Juan Chacaltana, especialista regional em economia do trabalho da OIT, afirmou que a proporção de emprego assalariado caiu em 2015 e que “em três dos nove países com dados disponíveis, o emprego registrado caiu, um indicador muito fino do emprego formal”. O especialista sublinhou que este indicador, medido pela CEPAL (Comissão Econômica das Nações Unidas para a América Latina e o Caribe), tinha subido durante mais de uma década em todos os países da região, mas Brasil, Peru e Uruguai registraram queda.

“Revertendo uma tendência observada na última década, a participação do emprego assalariado caiu [0,35% em 2015] e foi registrado um crescimento do emprego não assalariado. O desemprego aumentou em seis dos 17 países que temos informações conjunturais”, disse o relatório.

Salazar destacou que os maiores aumentos no desemprego no terceiro trimestre de 2015 foram registrados na América do Sul (entre 6,4% e 6,7%, excluindo o Brasil), mas a taxa de desemprego no Brasil (incluindo população rural e urbana) cresceu 1,5% este ano: quer dizer, passou de 6,9% em 2014 para 8,4% em 2015. Chacaltana disse que o Brasil representa 40% da agrupação do mercado de trabalho da América Latina, por causa de suas conexões com a região e com o mundo.

O documento revela que os 18 milhões de pessoas dedicadas ao trabalho doméstico representam 7% da força de trabalho na região. As mulheres são 93% desse setor

O diretor regional da OIT classificou como “uma crise em câmara lenta” o período que atravessa a América Latina, por causa dos efeitos da desaceleração e a perda do dinamismo no crescimento. Indicou ainda que o trabalho por conta própria aumentou no ano passado, e que a situação laboral afeta sobretudo, como nos anos anteriores, os jovens e as mulheres. Salazar afirmou que este ano 900.000 mulheres que procuraram emprego na América Latina não encontraram. Ou seja, a participação no mercado de trabalho aumentou, mas o desemprego feminino foi de 8,2% no terceiro trimestre do ano em comparação com 5,9% no caso dos homens. Mais da metade dos novos desempregados em 2015 são mulheres.

O desemprego dos jovens

“Uso minhas habilidades para agarrar o corrimão do ônibus”, fala com ironia um jovem vendedor de doces na noite de quarta-feira em Lima, acrescentando que vive em um “bairro violento”, El Callao, mas preferiu não escolher a delinquência. É um dos milhões afetados pela informalidade e pelo desemprego entre os jovens que, de acordo com a OIT, começaram a crescer em 2013, atingindo 15,3% desse setor no último trimestre de 2015. De acordo com o relatório, a taxa de desemprego dos jovens latino-americanos é o triplo da dos adultos e é um pouco superior à observada na última década.

Taxa de desemprego no Brasil (incluindo população rural e urbana) cresceu 1,5% este ano

Frente a esse quadro, o diretor regional da OIT explicou: “Na América Latina, não conseguimos escapar do ciclo econômico de volatilidade dos preços internacionais, e de um grau excessivo de dependência dessas dinâmicas da economia global”. Por isso, exortou os países a diversificar suas estruturas de produção, procurar maior eficiência e ter uma agenda de desenvolvimento para criar mais e melhores empregos.

O documento revela que os 18 milhões de pessoas dedicadas ao trabalho doméstico representam 7% da força de trabalho na região. As mulheres são 93% desse setor.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_