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Governo Alckmin se prepara para “guerra” e alunos vão para as ruas

Chefe de gabinete da secretaria de Educação do Estado promete "desqualificar o movimento" e lança decreto para a desocupação de escolas

Marina Rossi
Estudantes em manifestação nesta segunda, na avenida Faria Lima.
Estudantes em manifestação nesta segunda, na avenida Faria Lima.

"Temos que ganhar a guerra final. E vamos ganhar", disse Fernando Padula Novaes, chefe de gabinete da Secretaria de Educação do Estado, em uma reunião neste domingo com diretores de ensino. No encontro, convocado para debater as próximas estratégias para lidar com as ocupações de ao menos 190 escolas em todo o Estado, de alunos contrários à reorganização escolar, Padula fala em "desqualificar o movimento" por meio de uma estratégia que inclui convencer pais e professores de que as ocupações nas escolas estão prejudicando os alunos, isolar os colégios onde a ocupação está fortalecida e, o mais importante: baixar o decreto regulamentando a reorganização escolar.

O decreto, que será publicado no Diário Oficial nesta terça-feira, servirá como um "instrumento legal" para que o Estado "tome todas essas medidas", segundo Padula, e mostra o endurecimento da estratégia de Alckmin. Transforma esta terça num dia-chave na resistência dos secundaristas que já dura ao menos três semanas com ocupações —desde outubro, porém, os alunos vêm organizando manifestações estudantis pelo Estado de São Paulo contra a reorganização.

O conteúdo da reunião foi gravado e publicado pela rede Jornalistas Livres no domingo à noite. Nesta segunda-feira, os reflexos das lições de Padula já começaram a respingar pela cidade. Logo cedo, pais, professores e membros da comunidade do entorno da Escola Honório Monteiro, na zona sul, tentaram entrar na escola, que estava ocupada. A polícia foi acionada e os alunos acabaram pressionados a abrir o portão.

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Na confusão, o estudante do terceiro ano David de Aquino, 17, tentou filmar o que acontecia, mas foi impedido pela polícia. "A PM tomou a minha câmera, de maneira truculenta, e me levou para a delegacia, junto com um outro estudante", contou David. "Só me devolveram a câmera depois que eu assinei meu depoimento e apaguei o vídeo." Procurada, a Secretaria de Segurança Pública informou, por meio de nota, que A PM foi chamada "por tumulto na via pública, pois funcionários da escola estavam sendo impedidos de entrar no local. Um homem e um adolescente de 17 anos foram levados ao 100º DP (Jardim Herculano). Um boletim de ocorrência foi registrado e todos foram liberados."

David contou que havia muitas mães de alunos do ensino fundamental entre os que queriam entrar na escola. "Elas estão desesperadas porque não têm onde deixar seus filhos [já que a escola está com as aulas suspensas]", disse. Com esse movimento, a escola acabou sendo desocupada.

Faria Lima

Enquanto a escola Honório Monteiro era desocupada na zona sul, na zona oeste, pouco menos de 100 estudantes bloquearam o cruzamento da avenida Faria Lima com a avenida Rebouças, um dos mais movimentados da cidade. Os alunos, em sua maioria da escola Fernão Dias, marcharam de volta para a escola, bloqueando um trecho da rua Teodoro Sampaio, até o Fernão, que fica próxima dali, na avenida Pedroso de Morais. "Acabou a paz. Isso aqui vai virar o Chile", gritavam os alunos, em alusão à Revolta dos Pinguins, movimento ocorrido no Chile em 2006, quando milhares de secundaristas pararam o país.

Na reunião de domingo, Padula afirmou que "nem passa pela cabeça do secretário [de Educação, Herman Voorwald] voltar atrás [quando à reorganização escolar]." Voorwald já havia dito algo parecido há duas semanas, em uma coletiva de imprensa. "A política pública não está em discussão”, afirmou. Além da manifestação ocorrida nesta manhã, os estudantes preparam novas mobilizações para a noite desta segunda e a manhã da terça-feira.

O áudio completo da reunião de ontem pode ser ouvido aqui:

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