Marie Kondo e a magia da arrumação em nove passos
Japonesa virou um sucesso graças ao seu livro sobre como organizar o lar
Arrumo, logo existo. Esse parece ser o lema da japonesa Marie Kondo, que aborda a organização como uma forma de terapia em seu sucesso de vendas A Mágica da Arrumação - A Arte Japonesa de Colocar Ordem na Sua Casa e na Sua Vida. "A verdadeira vida começa após colocar sua casa em ordem", afirma.
A guru da organização conseguiu vender milhões de exemplares de seu livro em todo o mundo com afirmações como essas: "Quando experimentar o que é ter uma casa realmente organizada, sentirá como todo seu mundo ficará iluminado"; "arrume sua casa, mas arrume também seus assuntos e seu passado. Como resultado conseguirá ver com clareza o que realmente precisa". Para ela isso é claríssimo, talvez porque quando as outras meninas brincavam de pular corda ela passava horas encantada com revistas de decoração.
Do outro lado do muro, entretanto, as perguntas se acumulam: Não era ponto comum que a desordem estimula a criatividade? A ordem é uma prioridade para os seres humanos, como parece indicar a enxurrada de artigos e manuais no mercado? E, sobretudo, a ordem total, da casa e da vida, não é uma utopia inalcançável?
"As habilidades que você constrói quando aprende a arrumar sua casa podem influenciar nas outras partes de sua vida de muitas formas positivas", responde Kondo a Verne por e-mail. "Nossas vidas são muito complicadas, e frequentemente os problemas vêm ao mesmo tempo de diferentes direções, como uma só meia para dois pés. Para isso, para a maioria das pessoas é mais simples começar uma coisa nova do que simplesmente centrar-se em fazer uma única coisa da forma correta. O resultado é uma falta de organização".
Em relação à criatividade que supostamente surge do caos, (pensemos na famosa e amontoada mesa de Einstein, por exemplo), a autora recomenda manter um espaço na casa ou no escritório onde guardar coisas que inspiram e ajudam a obter resultados. "Mas esses objetos devem ficar na área especial, onde são facilmente encontrados. E se inspiram felicidade, devem estar visíveis na casa".
Kondo se transformou em uma autora cultuada nos Estados Unidos, com grupos do Facebook nos quais os fãs compartilham truques e fotos de gavetas impecáveis e utilizam seu nome como um verbo sinônimo de arrumar, como "vou Kondear minhas camisetas". Seu manifesto se apoia em muitos cestos de lixo para jogar os objetos descartados e truques que mostraremos a seguir:
1. Primeiro, descarte
Tudo se reduz a duas tarefas: eliminar coisas e decidir onde guardá-las. "São somente duas tarefas, mas a eliminação deve vir primeiro. Termine a primeira tarefa antes de começar a seguinte", escreve Kondo. E qual é o critério para decidir o que descartar? É a próxima pergunta.
2. Traz felicidade?
Esse é o principal ponto da filosofia de Kondo: descartar tudo aquilo que não nos traz alegria. "Acredito que devemos nos cercar somente do que nos traz felicidade. Para algumas pessoas serão muitas coisas. Para outras, somente um punhado", diz a autora. "A chave é trabalhar para identificar aquilo que verdadeiramente produz felicidade, e para a maioria das pessoas não é fácil. Mas é a melhor maneira de nos assegurar de que vivemos com aquilo que nos satisfaz. E na quantidade justa".
3. Arrume por categoria e não por lugares
Ao invés de arrumar quarto por quarto, Kondo recomenda centrar-se em uma categoria. Por exemplo, roupa (que por sua vez tem subcategorias como esportiva e sapatos), livros e papéis. Nesse caso, a ordem dos fatores altera o produto. Comece com a roupa, continue com os livros e papéis e objetos variados, e termine com os de valor sentimental. "Se reduzir suas posses nessa ordem, seu trabalho irá fluir com uma facilidade surpreendente", afirma. "Ao começar com as coisas fáceis e deixar as mais difíceis para o final poderá melhorar pouco a pouco suas habilidades para tomar decisões, e assim terminará por achar o serviço simples".
Atenção: É dos que usam em casa a roupa da qual não gosta, ou que ficou velha para usar na rua, como as blusas desgastadas? Erro. "Não me parece certo conservar roupa que não gostamos para andar pela casa. O tempo que passamos em casa é uma parte preciosa da vida. Seu valor não deve mudar porque ninguém está nos vendo".
4. Faça de uma vez
"Alguns acreditam que isso é um processo que nunca termina, e que é preciso realizá-lo todos os dias", diz Kondo. Seu método é extremo: a purga deve ser feita de uma vez, de uma tacada, para "mudar drasticamente a mentalidade". Não existe uma pilha de objetos duvidosos; nada fica para depois. Justamente o contrário do que outros especialistas costumam recomendar, que acreditam em adquirir o hábito de fazer um pouco por vez. "Se organizar um pouco por dia, nunca acabará", diz Kondo.
5. Trate as coisas como se fossem (quase) pessoas
"Nunca, jamais faça uma bola com suas meias", escreve em seu livro. "Sofrem um bocado em seu trabalho diário. O tempo que passam em sua gaveta é sua única oportunidade de descansar". No universo Kondiano, as coisas estão vivas, ou quase. Uma colocação que deixará muitos leitores estupefatos, e que ela justifica dessa forma: "Não acredito que deva existir competição em nosso coração entre coisas e pessoas. Se valorizamos os objetos que nos importam, e os tratamos bem, não só durarão mais e nos darão mais prazer; também poderemos aprender até mesmo a sermos mais amáveis e generosos com as pessoas".
6. Utilize caixas de sapato vazias
Ao contrário de outros gurus da organização, que recomendam a utilização de um exército de produtos de armazenamento, Kondo acredita que são uma armadilha, já que resolvem o problema somente de maneira superficial. Não precisa comprar separadores ou coisas do tipo. "Pode solucionar seus problemas de armazenamento com coisas que já tem em casa. O objeto mais comum que eu uso são caixas de sapato vazias".
7. Roupa de estação
O costume de empacotar a roupa de estação, afirma Kondo, está obsoleto, já que com o ar condicionado no verão e o aquecimento central no inverno as casas e escritórios estão menos expostos ao clima exterior. "Já é hora de abandonar esse costume e ter toda nossa roupa pronta para ser usada o ano inteiro não importa a estação".
8. Não deixe que sua família veja
"Recomendo especialmente aos meus clientes que evitem ser vistos por seus pais e familiares. Os pais ficam muito angustiados ao ver o que os filhos descartam. O volume das coisas pode fazer com que os pais se perguntem ansiosamente se seus filhos poderão sobreviver com o que restar", escreve Kondo. E o que dizer das roupas que passam de mãe para filha? Sua resposta é um taxativo não.
9. O que fazer quando não puder descartar algo
Por exemplo, as tacinhas de chá de sua avó, que carregou de mudança em mudança e que, de tão feias, nunca se atreveu a usá-las. O vestido que te encantava, mas que agora, depois de ter sido mãe, já não cai tão bem. "Quando encontrar algo que não pode descartar pense com cuidado sobre o verdadeiro propósito em sua vida. Será uma surpresa ver a quantidade de coisas que possui que já cumpriram sua função. Ao reconhecer sua contribuição e as deixar ir com gratidão, será capaz de colocar verdadeiramente em ordem as coisas que possui e toda sua vida".
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