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“O EL PAÍS existe para contribuir com a democracia e o progresso”

Antonio Caño, diretor do jornal, e Juan Luis Cebrián, presidente-executivo do grupo PRISA, analisam a transformação digital da publicação a poucos meses do seu 40º aniversário

Antonio Caño durante seu discurso.Vídeo: Claudio Pérez
Juan José Mateo

Antonio Caño, diretor do EL PAÍS, analisou nesta quinta-feira os passos que o jornal está dando para concluir sua transformação digital, consolidar sua posição como líder mundial da imprensa em idioma espanhol e potencializar sua capacidade de articular a sociedade.

“Qualquer transformação que desejar ter sucesso precisa levar em conta a primeira razão pela qual o EL PAÍS existe: sua contribuição, modesta, porém insubstituível, à convivência, à democracia e ao progresso”, argumentou Caño, que foi apresentado na instituição Nueva Economía Fórum por Juan Luis Cebrián, presidente-executivo do Grupo PRISA e do EL PAÍS.

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Caño destacou que há dois pilares que fazem do EL PAÍS uma referência informativa mundial: sua transformação digital e a aposta em se diversificar na América Latina, consolidando-se num mercado mundial de 417 milhões de falantes do espanhol e 240 milhões do português

“O EL PAÍS está superando a crise graças à aceleração da nossa estratégia digital e da nossa expansão global”, disse Caño. “Hoje somos o jornal em espanhol mais lido do mundo, com grande distância sobre os nossos competidores. O EL PAÍS não é apenas uma marca de prestígio na América Latina, e sim um meio de influência tangível e diária no México, Brasil, Colômbia e outros países da região”, acrescentou. “A essência destes tempos é a mudança constante, e o EL PAÍS quer responder a esse desafio.”

Caño prepara com a redação do EL PAÍS a comemoração do 40º aniversário do jornal, fundado em 1976. Ele é o quinto diretor da publicação, depois de Cebrián, Joaquín Estefanía, Jesús Ceberio e Javier Moreno. Após uma longa carreira na agência Efe, incorporou-se em 1982 ao jornal, no qual foi correspondente no México e América Central e chefe da sucursal de Washington, onde implantou a edição América. Hoje, dirige um jornal de matriz espanhola com sucursais no Brasil, México e Colômbia, que aposta em criar seu próprio canal de TV na Internet e que é o número um em audiência entre os jornais espanhóis, tanto nas bancas quanto na Web.

“Há uma autêntica refundação do jornal”, disse Cebrián, exaltando a gestão de Caño e da sua equipe de diretores. “O EL PAÍS, que faz 40 anos no próximo ano, está diante da segunda fundação do jornal, ocorrida fundamentalmente por causa da mudança tecnológica”, acrescentou, antes de anunciar que a dívida do grupo editorial é “um problema praticamente resolvido, e que definitivamente estará resolvido nos próximos dez meses”.

“O EL PAÍS hoje não é um jornal exclusivamente espanhol”, recordou Cebrián. “Mais da metade dos nossos leitores está hoje fora da Espanha, quase 60% podem estar na América Latina. Temos uma edição no Brasil com quase um milhão de usuários únicos, uma edição em inglês, uma edição em catalão… Somos o único jornal global em espanhol graças à revolução tecnológica, que por um lado é sangrenta, e por outro é uma mudança de civilização. Essa mudança de civilização é o que Antonio Caño deve liderar”.

Nos últimos meses, o jornal reforçou sua redação com perfis digitais e apostou em potencializar suas equipes de televisão, vídeo e redes sociais. Também iniciou experiências com aplicativos de realidade virtual e novas formas narrativas que lhe permitam chegar aos leitores em todos os suportes possíveis. A meta do jornal, segundo seu diretor, é colocar o usuário no coração do produto.

“Toda a nossa estratégia de transformação gira em torno dos leitores e usuários”, disse Caño a uma plateia formada por pesos-pesados dos dois principais partidos políticos da Espanha. “As cifras do jornal evoluem numa direção bastante positiva”, acrescentou. “Nosso tráfego na Internet cresce a um ritmo superior a 50%. Somos o primeiro jornal em espanhol do mundo há um ano. A queda do papel, que é um mal mundial, está sendo reduzida”, comentou. “Estou otimista sobre a circulação e o tráfego de Internet do jornal”.

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