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Scioli e Macri disputam votos do centro na Argentina

Lavagna, braço direito do candidato derrotado Sergio Massa, assegura ao EL PAÍS que Scioli lhe ofereceu a pasta da Economia

Carlos E. Cué
Sergio Massa, Daniel Scioli e Mauricio Macri.
Sergio Massa, Daniel Scioli e Mauricio Macri.Natacha Pisarenko (AP)

A Argentina inicia a caminhada para o segundo turno com uma disputa feroz pelos votos de Sergio Massa, que, com os 21% conquistados, tornou-se um elemento central na corrida presidencial entre Mauricio Macri e Daniel Scioli. Os dois candidatos procuram, agora, atrair os eleitores de Massa. Scioli chegou até mesmo, por um intermediário, a oferecer o Ministério da Economia para Roberto Lavagna, principal consultor econômico de Massa. A informação foi dada pelo próprio Lavagna durante uma conversa com o EL PAÍS. A equipe de Scioli nega a existência dessa oferta.

Lavagna é um personagem importante. Foi ministro da Economia depois do desastre de 2001, inicialmente sob a Presidência de Eduardo Duhalde e depois sob o Governo de Nestor Kirchner. Em 2005, foi afastado pelo kirchnerismo, mas deixou o Ministério da Economia com uma avaliação positiva por parte da população, algo incomum em um país onde um outro conhecido ex-ministro como Domingo Cavallo quase não consegue sair na rua até hoje.

“Entraram em contato comigo, em nome de Scioli, para me oferecer o Ministério da Economia, mas eu lhes disse para não contarem comigo para nada, pois não aceitarei nenhum cargo. Scioli se entregou ao kirchnerismo, não acredito que vá mudar, mesmo que eles sejam capazes de qualquer coisa para manter o poder”, avalia Lavagna.

O ex-ministro aposta na mudança, embora também não apoie Macri abertamente. “Sou a favor da mudança. A continuidade me parece inaceitável. Mas se a mudança for para a direita, também acho inaceitável. Quanto a Scioli, é algo sem volta. Seus aliados sugerem que se afaste de Cristina, mas não sei se ele consegue fazer isso. É preciso ver, agora, o que Macri fará”. Lavagna acredita que Macri deveria se aproximar de Massa. “Espero que se aproxime e ouça as colocações de Massa, que pode puxar Macri para o centro. Não sei, vamos ver, pois dentro do macrismo alguns assessores parecem achar que não precisam de ninguém. Estou mais próximo da mudança, mas é preciso ver o que Macri fará. Massa deverá expor amanhã a nossa posição”, afirma Lavagna.

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Neste momento, desenvolvem-se conversações cruzadas de todo tipo. Scioli procura atrair os peronistas da equipe de Massa. Antes mesmo do primeiro turno, angariou o apoio de alguns prefeitos importantes, inclusive o que foi seu candidato a governador em Buenos Aires, Francisco de Narváez. Mas isso aconteceu quando Scioli despontava como favorito, e os peronistas se mudavam para as fileiras do possível vencedor. Agora, essa adesão ficará mais difícil, embora alguns sciolistas assinalem ao EL PAÍS que farão o impossível para obtê-la. “É preciso lhes oferecer alguma coisa. É a única saída”, afirma um deles. A batalha apenas começou.

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