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Um Brasil meia-boca passa pela Venezuela nas eliminatórias da Copa

A seleção pentacampeã mundial faz 3 x 1 na ‘Vinotinto’, que se ressente da ausência do aposentado Juan Arango, melhor jogador da sua história

Ricardo e Willian do Brasil celebram a vitória.
Ricardo e Willian do Brasil celebram a vitória.Marcelo Sayão (EFE)

O Brasil que bateu a Venezuela na segunda rodada das eliminatórias para a Copa do Mundo da Rússia de 2018 deve ser a pior seleção canarinha em muitos anos. Destacam-se apenas Willian, indomável para a precária defesa da Vinotinto, e alguns lampejos de Douglas Costa. Os outros são operários calcados à imagem e semelhança de seu treinador, esse volante pegador e gritão que foi Dunga, ou jogadores à beira da aposentadoria, como Kaká e Ricardo Oliveira. Mais do que em crise –como de fato está–, o futebol do Brasil está em dívida com seus gloriosos antepassados. É hoje uma equipe vulgar, que gosta do jogo vertical e rudimentar. Mas isso bastou para levar os três pontos disputados no estádio Castelão, em Fortaleza.

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Foi, de todo modo, uma vitória justa e que poderia ser mais elástica não fosse pelos erros diante da meta de Baroja ou pelos desarmes da zaga. A Venezuela voltou a se parecer com aquela equipe que há 20 anos vagava pela América do Sul dando vexame. Sem o recém-aposentado Juan Arango, seu melhor jogador, e com um treinador, Noel Sanvicente, incapaz de transmitir suas ideias aos jogadores, o time se assemelha a uma reunião de onze voluntários sem criatividade. Antes, levava algum perigo nas jogadas de bola parada, porque as cobranças ficavam a cargo da excelente canhota de Arango. Hoje não lhe resta nem mesmo essa opção, porque os substitutos não têm o mesmo talento.

A Venezuela buscou em Jeffren Suárez o jogador diferenciado que tinha em Arango

Neste começo de eliminatórias a Venezuela buscou em Jeffren Suárez, ex-jogador do Barcelona nascido em Ciudad Bolívar, o jogador diferenciado que tinha em Arango. Mas, após a aceitável apresentação na estreia contra o Paraguai, Jeffren se lesionou. Seu substituto foi Alejandro Guerra, que carregou a cruz do primeiro gol brasileiro. Aos 30 segundos do primeiro tempo, o meia do Nacional de Medellín tentou um drible no círculo central, foi pressionado por Luis Gustavo e perdeu a bola, que caiu nos pés de Willian. O volante do Chelsea se livrou de Amorebieta –uma sombra do zagueiro rude, mas eficiente, que jogou no Athletic há algumas temporadas– e dobrou as mãos do goleiro com um chute muito alto de direita. Qualquer plano que Sanvicente tivesse foi estraçalhado antes do primeiro minuto de partida.

A Venezuela tentou pelas laterais, mas a equipe não é capaz de gerar jogadas com perigo real. Entre os jogadores venezuelanos, o futebol coletivo é uma quimera, e os volantes não sobem para receber a bola, parecendo superados pelo ritmo frenético dos adversários. Este Brasil da marca Dunga retrocedeu e se limitou a esperar. Quando se cansou da inoperância do meio campo da Vinotinto, quando se fartou de driblar Salomón Rondón e Cristian Santos, dois fantasmas de camisa bordô, decidiu reassumir o controle e levar perigo com a antecipação de Elias, numa grande partida, e as mudanças de velocidade de Douglas Costa e Willian. E assim veio o segundo gol. Filipe Luis superou Vargas, e Ricardo Oliveira, aos 35 anos ainda em grande fase no futebol brasileiro, deixou a bola passar para a chegada de Willian. O chute de perna direita do franzino meia do Chelsea superou o arqueiro Baroja. O Brasil ganhava por 2 x 0, com justiça.

Noel Sanvicente, que não parece encontrar respostas para levantar o time, fez duas mudanças logo no começo do segundo tempo, mas nem Arquímedes Figuera nem John Murillo contribuíram para dar saída ao time. Porém, o avanço da Venezuela e o recuo do Brasil resultaram em três escanteios. Os dois primeiros, cabeceados por Cristian Santos, artilheiro do holandês Eredivise, terminaram nas mãos de Allison, mas no terceiro os venezuelanos encurtaram as distâncias. Foi um momento de lucidez dos visitantes, com a bola parada, e lembrou a época em que o time era comandado pelo professor César Farías. Em uma jogada ensaiada, Vizcarrondo cabeceou no primeiro pau, e Santos só teve o trabalho de empurrar para dentro.

A ‘Vinotinto’ tentou pelas laterais, mas é incapaz de criar jogadas de perigo

A partir daí parecia que a Vinotinto poderia propor algo a mais, mas novamente apareceram os erros de principiantes. O irreconhecível Amorebieta, com tudo a favor para limpar um cruzamento da esquerda, deixou a bola passar. Oliveira não desperdiçou o presente e marcou o 3 x 1 definitivo. São os três primeiros pontos do pentacampeão mundial, depois da derrota como visitante frente ao Chile. Na próxima rodada, o Brasil visitará a Argentina e receberá o Peru. A Venezuela, enquanto isso, terá de subir até La Paz para enfrentar a Bolívia, no duelo das piores equipes do subcontinente. Depois jogará em Puerto Ordaz contra o Equador, que mostrou um grande nível de jogo nesta primeira rodada dupla. Para as duas seleções que estiveram em Fortaleza nesta quarta, o caminho continuará sendo cheio de precipícios.

BRASIL 3 X 1 VENEZUELA

Brasil: Allison; Dani Alves, Miranda, Marquinhos, Filipe Luis; Elias Luiz Gustavo, Douglas Costa (Kaká, min.75), Oscar (Lucas Lima, min. 65), Willian; Ricardo Oliveira (Hulk, min. 81).

Venezuela: Baroja; Rosales, Vizcarrondo, Amorebieta, Cichero; Rincón, Seijas (A. González, min. 81), Vargas (Murillo, min. 45) e Guerra (Figuera, min. 45); Santos e Rondón.

Gols: 1 x 0, min. 1, Willian; 2 x 0, min. 42, Willian; 2 x 1, min. 64, Santos; 3 x 1, min. 74, R. Oliveira.

Árbitro: Darío Ubriaco (Uruguai). Deu cartão amarelo a Rosales, Vizcarrondo e Douglas Costa.

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