Deslizamento de terra sepulta vila na Guatemala
As autoridades confirmaram 26 mortos, 600 desaparecidos e 125 casas danificadas
Um penhasco de aproximadamente 115 metros de comprimento, do tamanho de um campo de futebol, soterrou a vila El Cambray II em Santa Catarina Pinula, a 15 km da Cidade da Guatemala, capital do país.
O deslizamento, de acordo com as autoridades municipais, ocorreu próximo à meia-noite da quinta-feira, horário local (3h de Brasília). Os primeiros dados divulgados pela Coordenadoria Nacional para a Redução de Desastres (Conred) sobre o número provisório de vítimas confirmam 26 mortos, cujos corpos foram resgatados dos escombros de suas casas.
As autoridades informaram também que foram registrados 600 desaparecidos e 125 casas danificadas. Tudo isso é resultado de uma tragédia prevista e anunciada, segundo o secretário-executivo da Conred, Alejandro Maldonado. “Desde 2008 essa zona foi declarada de alto risco”, disse ele, além de destacar que a última advertência das autoridades municipais havia sido dada em novembro de 2014. “A zona da tragédia está marcada em vermelho nesse relatório”, acrescentou.
O presidente da Guatemala, Alejandro Maldonado Aguirre, ao se manifestar sobre o tema, lembrou que a pobreza é o que obriga a população a permanecer em zonas declaradas inabitáveis, e a arriscar as próprias vidas. Diante de tais circunstâncias, o Estado pedirá ajuda à cooperação internacional e à iniciativa privada para encontrar lugares mais seguros para onde possam levar os sobreviventes. “O Estado reagirá com essa ajuda”, disse o presidente.
É pouco provável que um dia se saiba com exatidão o número de vítimas que esse deslizamento de terra deixou, já que não existe nenhum censo recente dos habitantes do local. Segundo as últimas informações divulgadas pelas autoridades, 100 casas estão em escombros. Mas, nos arredores da vila, havia muitas outras moradias onde viviam os mais pobres.
Logo após o deslizamento, os sobreviventes começaram a cavar com enxadadas, pedaços de pau e até mesmo com as mãos, os lugares onde ficavam suas casas, enterradas em toneladas de barro e pedras, em busca de parentes e amigos, sem se importarem com o risco ao que se estavam expondo.
Quando amanheceu na sexta-feira, socorristas, ajudados pelos moradores, trabalhavam para resgatar possíveis sobreviventes, cujas expectativas de vida se reduzem com o passar das horas. O Exército enviou o corpo de engenheiros com maquinaria pesada para agilizar a retirada de entulho. O porta-voz da instituição, coronel Hugo Rodríguez, disse à televisora Emisoras Unidas que 250 militares, especialistas em atuar em caso de tragédias naturais, também estão no local.
Enquanto isso, a Polícia estabeleceu três faixas de segurança em volta da aldeia, para evitar aglomerações de curiosos que atrapalham o trabalho dos socorristas, manter os parentes das vítimas afastados do perigo de novos deslizamentos e também com o objetivo de evitar que os aproveitadores de sempre possam tirar vantagem, agindo como aves de rapina.
A situação na vila é complicada porque as toneladas de terra taparam o leito de um rio próximo, o que está formando uma espécie de lago que poderia provocar novos deslizamentos, em terrenos já saturados pelas intensas chuvas que castigam a Guatemala desde o último fim de semana.
O sistema hospitalar local foi declarado em estado de emergência, e as ambulâncias têm graves problemas para circular, diante do colapso registrado na região. Os sobreviventes apresentam lesões próprias de uma tragédia dessa natureza, como fraturas em suas extremidades e nas costelas.
De acordo com um relatório da ONU, a Guatemala está entre os cinco países mais vulneráveis do mundo e o primeiro da América Latina em relação a desastres naturais. Sua localização geográfica, sobre três placas tectônicas – Caribe, Cocos e América do Norte –, na rota dos furações dos oceanos Atlântico e Pacífico e com uma cadeia de vulcões, se soma a um desmatamento descontrolado, o que põe o país nessa situação.
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