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Contra crise dos refugiados, Obama prega o desenvolvimento

Presidente dos EUA pede que “os países que puderem” acolham mais refugiados

Barack Obama, presidente dos EUA.Foto: reuters_live | Vídeo: REUTERS
Amanda Mars

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, defendeu no domingo na sede da ONU que o investimento em desenvolvimento “não é caridade, e sim um investimento inteligente no futuro”, salientando que muitos conflitos, como as crises de refugiados, poderiam ser evitados com mais investimentos destinados aos povos envolvidos. Obama, que pediu aos Governos nacionais que acolham mais refugiados, lançou esta mensagem durante a cúpula de desenvolvimento sustentável, um encontro que antecede à sessão anual da Assembleia Geral da ONU. A Síria deverá ditar a pauta desse evento nos próximos dias.

Os conflitos bélicos representam uma das grandes ameaças para o avanço da humanidade, advertiu Obama. “Não é coincidência que metade das pessoas que vivem na pobreza esteja em lugares afetados por conflitos”, observou. Nos últimos tempos, cerca de 60 milhões de pessoas tiveram de abandonar suas casas no Oriente Médio e África, e isso, disse Obama, gera “crises humanitárias que não podemos ignorar”. Nesta linha, ele defendeu a oferta de ajuda “imediatamente” e pediu que os países que puderem “se empenhem mais em acolher refugiados”.

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Os EUA anunciaram há alguns dias que aumentarão o número de refugiados que o país recebe a cada ano, saltando de 70.000 para 100.000 em 2016, sendo entre 10.000 e 15.000 sírios. “Essas crianças são como os nossos filhos”, disse Obama. Na União Europeia, os Estados membros concordaram em dividir entre si 120.000 asilados sírios num prazo de dois anos, sendo que a Espanha receberá 14.900 – praticamente o mesmo tanto que os EUA.

Mas não são só as guerras que podem expulsar os cidadãos de seus países. O presidente norte-americano também alertou que o mundo começará a ver refugiados climáticos.

Obama salientou o compromisso norte-americano com as 17 grandes metas de desenvolvimento adotados na sexta-feira pela ONU, com o objetivo de fazer do mundo um lugar menos desigual, menos injusto e menos autodestrutivo. Essas metas para o período 2015-2030 buscam acabar por completo com a fome, combater a mudança climática e garantir a igualdade de oportunidades, entre outros elementos, como continuação das Metas de Desenvolvimento do Milênio, definidas em 2000.

Embora o mundo tenha tirado mais de um bilhão de pessoas da pobreza extrema na última década e meia, os objetivos para o período 2000-2015 só foram alcançados de forma muito parcial, mas Obama fez um libelo contra a incredulidade. “Os céticos devem saber que o desenvolvimento funciona”, destacou, “e que o cinismo é nosso inimigo na nova agenda de desenvolvimento”. Nesse sentido, destacou a redução da miséria e do número de pessoas infectadas ou mortas pelo vírus da AIDS, entre outras metas, apesar de recordar que ainda há 800 milhões de cidadãos no mundo que vivem com menos de 1,25 dólar por dia.

“O mundo precisa agira agora, não podemos deixar a ninguém para trás. Hoje nos comprometemos com novos objetivos de desenvolvimento sustentável, incluindo eliminar a pobreza extrema. Fazemos isso sabendo como a tarefa será difícil, não nos enganamos com os desafios pela frente, mas sabemos que é algo que teremos de fazer”, enfatizou.

Obama admitiu que a desigualdade, um dos grandes motores da pobreza e dos conflitos, não é um problema só de países em desenvolvimento: “Neste país, a nação mais rica do mundo, ainda estamos trabalhando para sermos mais justos e equitativos”, disse.

Além da desigualdade e das guerras, o presidente norte-americano advertiu que a má gestão pública – especialmente a corrupção – e a discriminação contra as mulheres também são ameaças ao desenvolvimento. “Sabemos que há uma longa tradição de discriminar as mulheres em alguns lugares, mas isso não me serve como desculpa”, afirmou.

O presidente citou o caso de Eva, uma menina de 15 anos, moradora de um povoado da Tanzânia, que lhe escreveu uma carta. “Ela sonha em ir à universidade, mas, como tem pouca comida, às vezes tem dificuldade de se concentrar na escola e, como não tem eletricidade, não consegue estudar em casa à noite. Não é que seus pais não gostem dela e não tenham ambições para ela [...]. Eles só precisam de uma ajudinha”, disse. E concluiu seu discurso dirigindo a Eva “e a centenas de milhões – bilhões – como ela”: “Eu os vejo, os escuto”, disse. Aos Governos mundiais, cobrou: “Não podemos decepcioná-los”.

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