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O CRIME DO CAMINHO DE SANTIAGO

Polícia encontra corpo de peregrina desaparecida no Caminho de Santiago

A norte-americana Denise Thiem havia desaparecido em abril deste ano na trilha

A polícia já considera resolvido o caso do crime do Caminho de Santiago: a peregrina norte-americana Denise Pikka Thiem, de 41 anos, foi morta por Miguel Ángel Muñoz Blas, de 39 anos, em cuja propriedade foi encontrado o corpo em estado avançado de decomposição da mulher desaparecida em abril. Os investigadores, além disso, encontraram o DNA da peregrina em ferramentas na propriedade do suspeito do desaparecimento e morte da viajante. A polícia continua concentrando sua atenção no sítio localizado entre Santa Catalina de Somoza e San Martín de Agostedo (perto da casa do suspeito), em León, para buscar pistas que possam ajudar a esclarecer “outros casos inquietantes” de peregrinos precisamente nesse trecho do caminho, sobretudo supostos ataques a peregrinas de várias nacionalidades.

O ministro do Interior, Jorge Fernández Díaz, informou em Astorga (León) que o cadáver encontrado na sexta-feira, dia 11 de setembro, estão sendo analisados pelo Instituto Anatômico Forense da localidade. Na segunda-feira, dia 14, o DNA do corpo encontrado no sítio será comparado com amostras biológicas que foram solicitadas aos familiares da viajante norte-americana. O ministro garantiu que o principal suspeito “tinha alguns antecedentes”, mas não quis entrar em detalhes até que os depoimentos sejam concluídos.

A polícia encontrou nesta sexta-feira, enterrado no sítio do principal suspeito, os restos mortais de que quase se tem certeza serem da peregrina norte-americana Denise Pikka Thiem. Em avançado estado de decomposição, o corpo —enterrado desde abril, a altas temperaturas— não pode ser identificado ao simples olhar, nem para a determinação do sexo. Porém, outros indícios apontam que seja ela.

Denise Pikka Thiem, durante uma de suas últimas etapas do Caminho Francês a Santiago.
Denise Pikka Thiem, durante uma de suas últimas etapas do Caminho Francês a Santiago.

No sítio foi encontrada uma serra com restos biológicos da mulher, segundo fontes da investigação. Também se sabe que o preso trocou 1.200 dólares por euros quatro dias depois do desaparecimento de Denise Pikka Thiem. Algumas fontes policiais sugerem que o homem tinha uma grande quantidade de dinheiro escondida no sítio. E, finalmente, a própria fuga de Muñoz Blas, que ao ser preso não ofereceu resistência e até manifestou resignação por ter sido capturado.

Os investigadores, no entanto, procuram pistas que permitam resolver outros casos não esclarecidos nessa região do caminho, um trecho de terras avermelhadas. Por exemplo, o fato de várias peregrinas, exatamente entre maio e junho deste ano, terem denunciado que sofreram ataques. O que se tenta esclarecer é se o homem detido é, como se suspeita, “o tal Miguel” que atacou duas peregrinas, uma holandesa e outra americana. Fontes da Guarda Civil explicaram na época: “O homem vinha dirigindo, desceu para falar com elas e chegou a lhes dizer seu suposto nome, então agarrou uma e tentou enfiá-la no carro. Elas tentaram afastá-lo como puderem, com os bastões que usam para caminhar”.

Muñoz Blas era o suspeito número 1 na lista da polícia e já tinha sido investigado no início do caso. Na tarde de sexta-feira, foi preso pelos agentes em um bar de Grandas de Salime (Astúrias), a 162 quilômetros da aldeia de Castrillo de los Polvazares, em Astorga (León), onde morava em uma casa pré-fabricada distante do núcleo urbano, e da qual fugiu sem deixar rastro na semana passada.

O ministro do Interior cumprimentou todas as forças policiais e o Exército pela “magnífica operação” da qual “o FBI sempre esteve a par”. Fernández destacou que nas investigações foram interrogadas “mais de 200 pessoas de 20 nacionalidades”, em sua maioria peregrinos que estiveram com Denise Thiem no Caminho de Santiago.

O preso permanece no momento na delegacia de Astorga e deve passar a segunda-feira à disposição do Juizado de Instrução número 2 da capital maragata. Na audiência, Fernández estava rodeado de dezenas de membros das forças policiais e da Unidade Militar de Emergências que participaram da busca (cerca de 300 pessoas).

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