Grécia alerta que suas ilhas estão “à beira da explosão”
Atenas calcula haver até 17.000 refugiados na ilha de Lesbos, que tem 85.000 habitantes
Apesar da intensificação dos controles de segurança na costa turca, migrantes e refugiados continuam chegando diariamente às ilhas gregas. Calcula-se que na ilha de Lesbos, que tem 85.000 habitantes, haja até 17.000 refugiados – mesmo depois de 3.000 deles terem ido embora para a Grécia continental em duas balsas na segunda-feira. Na ilha de Kos, com 33.000 moradores, ainda restam 6.000 imigrantes, e na pequena Leros, com população de 8.000 pessoas, há 2.000. “A situação está realmente à beira da explosão”, afirmou o ministro grego de Política Migratória, Yannis Muzalas.
Ele se referia especificamente a Lesbos, onde nos últimos dias houve confrontos entre imigrantes de diversas nacionalidades e ataques racistas por parte da população local. Na segunda-feira, simpatizantes do partido neonazista grego Aurora Dourada tentaram dispersar uma manifestação de refugiados que exigia a aceleração do processo de registro e a autorização para que deixem a ilha e sigam seu caminho. Policiais e outros moradores intervieram para evitar brigas.
As forças de segurança e as autoridades locais estão sobrecarregadas pelo problema migratório, por isso o Governo de transição que dirige a Grécia até as eleições do próximo dia 20 mobilizaram o Exército para prestar ajuda às ilhas, anunciando que, nos próximos dias, enviará várias balsas a Lesbos para transferir até 10.000 refugiados ao continente.
A ajuda de 33 milhões de euros (141 milhões de reais) prometida na sexta-feira pela Comissão Europeia para que o país mediterrâneo – já mergulhado numa profunda recessão – confronte a crise econômica não será suficiente, segundo Atenas, que também decidiu acionar o mecanismo de proteção civil da UE, graças ao qual equipes especializadas em gestão de emergências deverão levar ajuda às ilhas gregas e colaborar com as autoridades do país.
Muzalas anunciou também o estabelecimento de “centros de recepção e registro” e disse que vários navios serão transformados em albergues temporários para que os refugiados de Lesbos e outras ilhas não durmam ao relento, como até agora. Entretanto, as autoridades locais de outros lugares, como Kos, se opõem à construção destes centros, com medo de que as condições mais dignas sirvam como chamariz para outros refugiados.
Na ilha de Kos “há uma combinação de um sistema de registro muito lento e ineficiente, que só nos últimos dias está melhorando, com uma total falta de acomodação e de serviços, porque as autoridades locais não aceitaram nossas reiteradas ofertas de ajuda”, denunciou Roberto Mignone, coordenador de emergências do Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).
“Pedimos que nos cedam um terreno no interior da ilha para estabelecer um centro de recepção, e de fato encomendamos casas pré-fabricadas, que já estão a caminho, mas a Prefeitura se nega a nos autorizar um metro quadrado que seja, apesar de o Governo central grego já ter aceitado a nossa oferta”.
Mignone alerta que, se as condições dos refugiados em Kos não melhorarem, poderão surgir problemas como os já registrados nos últimos dias em Lesbos: “É uma situação delicada e inclusive perigosa. Além de os refugiados viverem em condições indignas, poderia haver enfrentamentos entre refugiados de diferentes nacionalidades ou com a polícia”.
São cerca de 5h em Kos (hora local) quando as luzes de um navio da Guarda Costeira grega começam a se deslocar com rapidez em meio à escuridão, ao redor de um ponto situado na estreita faixa de mar que separa a Turquia da Grécia. A guarda-costeira turca também se dirige ao mesmo lugar. Ao acender seus potentes faróis, os dois navios descobrem dois botes infláveis ocupados por refugiados. Após um momento em que ambos os navios dão voltas em torno das precárias embarcações, numa discussão – assim parece visto de Kos – sobre a qual país pertencem aquelas águas territoriais, os gregos levam os ocupantes dos botes até o porto de Kos. Conseguiram. Chegaram à Europa.
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