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Fim do assédio sexual e mais 10 pontos para o “busão dos sonhos” paulistano

ONGs entregam para a Prefeitura as reivindicações para a melhoria do transporte público

Marina Rossi
Passageiros à espera de ônibus em São Paulo.
Passageiros à espera de ônibus em São Paulo.Fernando Pereira/SECOM

O secretário de Transportes da cidade de São Paulo, Jilmar Tatto, recebeu na manhã desta segunda-feira um documento que, se levado em consideração, pode ser capaz de mudar a cara do transporte público da cidade. As 18 páginas do documento criado por um coletivo de ONGs chamado Busão dos Sonhos aponta quais são as principais demandas da população para a melhoria do transporte público.

Veja as 11 medidas para o 'busão' perfeito:

1 - Com ar-condicionado, wi-fi e tomadas para recarregar aparelhos como celular e laptop

2 - Intervalo menor entre a passagem de um ônibus e outro no ponto. Com isso e com mais assentos, será o fim da superlotação

3 - Só usam combustíveis não poluentes

4 - Nos pontos e dentro dos ônibus há informações sobre as linhas e seus terminais

5 - Casos de assédio sexual às mulheres ficaram num passado sombrio

6 - Passagem é mais barata. Para para todas ou algumas linhas, o custo é zero

7 - Pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida não tem nenhum problema para usar o serviço

8 - Os bairros têm mais opções de linhas que circulam nas redondezas

9 - As reclamações dos passageiros é usado como índice para abater o lucro das empresas

10 - As calçadas não têm mais buracos

11 - Os motoristas e cobradores são capacitados para tratar os usuários e respeitar os ciclistas

Essas questões foram discutidas nos últimos 15 dias. Esse foi o período de prazo estendido pela Prefeitura para que se realizasse uma consulta pública ao processo de licitação do transporte público na cidade, que vai movimentar 70 bilhões de reais.

"Percebemos que o que foi discutido nas manifestações de 2013, que foi a questão da tarifa, aparece com muita força ainda, tanto sobre a tarifa zero, quanto sobre tarifas mais justas", afirma Vitor Leal, do Greenpeace, uma das ONGS que fazem parte do coletivo.

A questão do assédio sexual no transporte público, embora não tenha uma ligação direta com o processo de licitação para a contratação das companhias que irão administrar os ônibus, também ficou latente. "Outra coisa que apareceu foi a questão do ônibus muito cheio, o que se conecta diretamente ao assédio", diz Vitor. Ele ressalta que o veículo cheio é uma dos argumentos usados pelos que praticam o assedio.

"As mulheres que usam o transporte público diariamente não se surpreenderiam com esse tipo de demanda", diz Gabriela Vuolo, do Fórum Regional de Mulheres da zona oeste, sobre o assédio aparecer no levantamento com tanto engajamento. "Os casos não são isolados, é um problema grave e estamos cansadas de passar por isso todos os dias. O que essa demanda mostra é que estamos chegando num limite".

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Evitar a superlotação

Vitor e Gabriela concordam que o assédio sexual no transporte coletivo é um problema que requer muito engajamento para ser resolvido. "A solução passa por uma capacitação de todo o poder público e de envolvidos no transporte coletivo", diz Gabriela. Outras mudanças importantes, segundo ela, seriam investimento em iluminação das ruas e dos pontos de ônibus, aumento da frota - evitando a superlotação - e o aumento da quantidade de pontos de ônibus, o que poderia deixar a distância entre a casa e o transporte público mais curta.

O problema do assédio sexual não se restringe somente aos usuários do ônibus. Na tarde desta segunda-feira, alguns coletivos de mulheres se juntaram em uma manifestação para denunciar o assédio a mulheres no metrô. Na movimentada estação República, por volta das 18h - o horário de pico do metrô - cerca de 50 manifestantes, 99% mulheres, tocaram na instrumentos de fanfarra e levantaram cartazes com dizeres "Basta! Não vamos nos calar!" e "o metrô é público mas meu corpo não". A manifestação foi pacífica.

Para Solange Chaves, da secretaria de mulheres do Sindicato dos Metroviários, a solução para o problema do assédio passa por aumentar o número de vagões, o que desafogaria a superlotação, e contratar mais seguranças mulheres. "Dos 1.200 seguranças do metrô, apenas 20% são mulheres", diz. A criação de um vagão exclusivo feminino não tem um consenso entre os coletivos que estavam ali. "O Movimento Passe Livre (MPL) é radicalmente contra a criação de vagões para mulheres", disse Carol Oliveira, do MPL. Já para Marcela Azevedo, do Movimento Mulheres em Luta, essa poderia ser uma medida paliativa. "Não é a solução, mas é uma medida que neste momento poderia ser tomada". Segundo Solange Chaves, um plebiscito deve ser feito em novembro nas principais estações do metrô para discutir essa questão.

Enquanto o poder público não toma uma iniciativa, a sociedade vai criando seus próprios mecanismos para tentar driblar o problema do assédio. Existe um movimento no Facebook, chamado Vamos Juntas?, que incentiva que as mulheres andem juntas em locais que possam colocá-las em risco. "Na próxima vez que estiver em uma situação de risco, observe: do seu lado pode estar outra mulher passando pela mesma insegurança. Que tal irem juntas?", diz a página.

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