Obras inacabadas
Aldeias da Terra Indígena do Alto Rio Purus são repletas de esqueletos de construções inacabadas, mal feitas ou esquecidas pelo poder público
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1O professor e conselheiro da aldeia Morada Nova, José Arlindo Doriano, de 31 anos, mostra uma torneira que não funciona. Ela era parte de uma obra, feita com verba do Governo federal em 2008, que consistia na construção de duas caixas d'água de 30.000 litros e a instalação de mais de 30 torneiras para que as pessoas da aldeia não precisassem ir até uma fonte, no meio do mato, para buscar água mais suja. Um ano depois, o motor da bomba que sugava a água do subsolo para a caixa parou de funcionar e, até hoje, não foi trocado. As torneiras se tornaram instalações inúteis no meio da aldeia. Doriano perdeu dois filhos após fortes diarreias. Alex Almeida -
2Crianças brincam perto de esqueleto de obra na aldeia Canamary. Conhecida como "chafariz", a estrutura tem três vasos sanitários e seis chuveiros completamente abandonados. A estrutura deixou de ser usada menos de um ano depois de ter sido construída porque o motor que levava a água do subsolo para a caixa d'água não passou por manutenção. O local está abandonado, lotado de fezes de animais. A mesma situação foi vista em todas as aldeias visitadas pelo EL PAÍS na Terra Indígena Alto Rio Purus. Alex Almeida -
3Detalhe de vaso sanitário abandonado no chafariz da aldeia Canamary. Alex Almeida -
4Detalhe de chuveiro abandonado no chafariz da aldeia Canamary. A estrutura deveria funcionar como uma espécie de vestiário coletivo, onde os membros da aldeia poderiam tomar banho. Sem esses chuveiros, eles permanecem tomando banho nas vertentes de água. Alex Almeida -
5Na aldeia Novo Lugar, o Governo instalou caixas d'água que deveriam servir para guardar a água que seria puxada do subsolo por meio de uma bomba. Os funcionários furaram por 60 metros, mas não encontraram água. Os próprios índios diziam que o local adequado era outro. Depois do fiasco, nunca mais voltaram e a instalação ficou abandonada. Alex Almeida -
6Indígenas mostram a obra de posto de saúde, previsto para inaugurar em setembro na aldeia Maronawa. Quando o EL PAÍS esteve no local, apenas um pedreiro estava lá, sozinho há um mês. A obra, que custou 622.737 reais e foi financiada pelo Governo federal, estava paralisada porque o material necessário para continuá-la ainda não havia chegado. Em outra aldeia, a Buaçu, o posto que está sendo construído deveria ter sido entregue em julho, mas a obra também atrasou por demora na entrega do material e por atraso no salário dos funcionários. Alex Almeida