Norte-americanos apoiam política de Obama para Cuba
73% aprovam a reabertura de embaixadas e 72% defendem o fim do embargo
O restabelecimento das relações diplomáticas com Cuba indignou alguns políticos no Capitólio e a comunidade de exilados anticastristas de Miami. Mas a grande maioria dos norte-americanos, incluindo uma parcela nada desprezível de republicanos, aprova o processo de normalização de relações iniciado pelo presidente Barack Obama e que, na segunda-feira, resultou no restabelecimento das relações diplomáticas interrompidas por 54 anos. E não é só isso: outra grande maioria é a favor de passos mais contundentes e acabar com o embargo, segundo uma pesquisa nacional do Pew Research Center publicada na terça-feira.
De acordo com a pesquisa, realizada entre 14 e 20 de julho de 2015 – dia em que foram reabertas as embaixadas em Washington e Havana – com 2002 adultos de todo o país, 73% dos norte-americanos diz aprovar o restabelecimento das relações diplomáticas. São 10 pontos percentuais a mais que em janeiro, destaca o instituto de pesquisas. E embora o apoio seja muito maior entre democratas (83%) e independentes (75%), a cifra de republicanos que aplaudem esse passo não é nada desprezível, 56% ou 16 pontos a mais que em janeiro, quando o Pew Research Center fez uma pesquisa similar com o mesmo número de pessoas.
O apoio também é contundente quando se pergunta aos entrevistados se são a favor do fim do embargo comercial contra Cuba. Responderam afirmativamente 72% dos pesquisados, por considerar que esse passo “permitiria às empresas norte-americanas realizar negócios em Cuba e a empresas cubanas fazer negócios nos Estados Unidos”. Em janeiro, o apoio ao fim do embargo, exigência reiterada pelo chanceler cubano Bruno Rodríguez na inauguração da embaixada em Washington, já era alto em janeiro (66%). O interessante agora é o que o instituto aponta como “mudança dramática” no posicionamento dos republicanos conservadores: 55% deles, ou seja, uma cômoda maioria, agora também são a favor de acabar com o embargo, em contraste com os 40% de janeiro.
Diferente é a resposta à pergunta se a aproximação produzirá em Cuba a mudança democrática que o Governo de Obama diz continuar tendo como meta. O ceticismo é generalizado nesse ponto, assinala o Pew Research Center. Só 43% dizem acreditar que Cuba ficará “mais democrática” nos próximos anos graças às mudanças, enquanto 49% pensam que a situação será mais ou menos a mesma apesar da mudança de rumo dos EUA em relação à ilha. No entanto, só 3% opinam que Cuba ficará menos democrática devido à aproximação.
Numerosos especialistas ressaltaram que a normalização das relações com Cuba vai além do bilateral e servirá também para melhorar os vínculos de Washington com todo o hemisfério ocidental, que desde o anúncio de dezembro apoiou publicamente o processo que teve o primeiro passo concreto com o restabelecimento de relações diplomáticas na segunda-feira.
A razão, assinalou ao EL PAÍS o cientista político cubano Arturo López-Levy, professor adjunto do Centro de Assuntos Globais da Universidade de Nova York, é que “durante muito tempo se considerou uma mudança da política norte-americana para Cuba como a prova por excelência de um compromisso de Washington com uma nova política de ‘boa vizinhança’ para toda a região latino-americana”.
Por isso, a reabertura de embaixadas “é o primeiro dia de uma nova era não só nas relações entre os Estados Unidos e Cuba, mas também nas relações de Washington com a América Latina”, coincidiu o pesquisador Peter Kornbluh, co-autor do livro Back Channel to Cuba e que participou da cerimônia na representação diplomática cubana na segunda-feira.
Os números, segundo o Pew Research Center, parecem respaldar esta visão. De acordo com uma pesquisa elaborada em maio, antes de Obama anunciar a reabertura de embaixadas, mas divulgada só agora, o apoio na região é “robusto”.
A pesquisa, realizada com 6.000 pessoas em seis países latino-americanos – Argentina, Brasil, Chile, México, Peru e Venezuela - mostra uma média de 76% de apoio ao restabelecimento de relações diplomáticas entre Washington e Havana. O fim do embargo conta com o respaldo de 77% da região.
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