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Editoriais
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54 anos depois

A Espanha perde a oportunidade de ser um ator de primeira linha na nova situação de Cuba

A reabertura de embaixadas entre Estados Unidos e Cuba – nesta segunda-feira a cerimônia se limitou à legação cubana em Washington – consolida o diálogo como mecanismo de solução dos problemas entre dois países que se enfrentaram durante mais de meio século. É um degrau a mais em um processo que transcende o marco puramente bilateral; tem vocação hemisférica pela influência dos EUA e Cuba na América Latina e outros países.

À espera de conhecer os detalhes dos acordos para tornar possível a reabertura de embaixadas, cabe supor que Obama renunciou ao trabalho da representação diplomática em Havana –historicamente exercido pelas Administrações republicanas– de ajudar os opositores e forçar a transição para a democracia. Isso não deve significar que Obama desista de promover as liberdades na ilha pelas vias da Convenção de Viena.

Além disso, seria coerente –tarefa do Congresso, não da Casa Branca– levantar o embargo e apoiar a incipiente abertura econômica e social registrada no país caribenho com a mudança de rumo de Raúl Castro há quatro anos. O desenvolvimento e maiores níveis de bem-estar individual demonstrarão que o pluralismo é melhor ferramenta que o partido único e a estatização para administrar uma sociedade e encaminhá-la na direção do progresso.

Valorizar esses passos e constatar a crescente presença global de líderes em direção à Cuba leva a lamentar que a atividade espanhola na ilha não mantenha um ritmo político e econômico muito mais intenso. É grave a perda de iniciativa em uma zona estratégica para a Espanha; é chegar tarde à mudança e perder a oportunidade de ser um ator de primeira linha na nova situação.

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