Obama cobra outra vez que se abra debate sobre acesso fácil a armas
Presidente diz que esse tipo de assassinatos não acontece em outros países avançados


Desta vez foi em uma igreja de negros no sul dos Estados Unidos, o que evoca tempos difíceis da história racista do país. Mas antes foi em um colégio, e em uma universidade, e uma comunidade amish... “Tenho feito declarações como essa vezes demais”, disse o presidente Barack Obama, que compareceu ante a imprensa nesta quinta-feira antes de viajar para Los Angeles. De fato, Obama fez discursos devido à violência por arma de fogo 14 vezes nos últimos sete anos.
Frustrado, o presidente declarou que, apesar de ainda não se ter conhecimento da fotografia completa do que aconteceu, não há dúvida de que alguém teve acesso a uma arma para cometer um "crime sem sentido" contra inocentes no coração da história dos cidadãos negros dos Estados Unidos. "Agora temos que chorar pelos mortos e nos recuperar, mas deixem-me ser claro, em algum momento, como país, teremos que lidar com o fato de que esse tipo de violência de massa não ocorre em outros países avançados".
À direita de Obama estava seu vice-presidente, Joe Biden, como também visto antes, que comanda a batalha nunca ganha dentro da guerra que é a violência das armas. Obama usou palavras como "profunda pena" e "justiça" no discurso em que falou que o ataque contra uma igreja de religiosos negros no sul dos Estados Unidos revivia um dos capítulos mais obscuros da história norte-americana.
O ocorrido, disse o presidente, "é particularmente desolador" já que aconteceu em um "lugar de oração" considerado "sagrado". "O ódio contra raças e religiões representa uma ameaça particular para nossa democracia e nossos ideias", acrescentou Obama.
Com uma investigação aberta pelo FBI, que considera o ataque em que nove pessoas fora mortas um "crime de ódio", o presidente voltou alguns anos na história para lembrar a pedra angular que a igreja atacada representa para o movimento dos direitos civis da comunidade negra dos Estados Unidos. Nessa mesma igreja falou Martin Luther King e essa mesma igreja sobreviveu a incêndios provocados pela intolerância da escravidão e da segregação.
"A Mãe Emanuelé mais do que uma igreja", disse Obama. "É um espaço de oração fundado por afro-americanos que buscavam sua liberdade. É uma igreja que foi queimada até o cimento porque seus membros lutaram para acabar com a escravidão".
O local é um símbolo da liberdade dos negros. “Quando as leis proibiram o culto, continuaram na clandestinidade", acrescentou o presidente. "Durante os protestos pelos direitos civis, iniciaram marchas a partir das escadas dessa mesma igreja", concluiu Obama, que classificou a Mãe Emanuelé como "um lugar sagrado na história de Charleston e na história da América". Dito isso, Obama se retirou do pódio e partiu da residência. Não houve perguntas.