Polícia de Charleston prende Dylann Roof, suspeito de massacre em igreja
Polícia identifica como Dylann Roof, de 21 anos, como sendo o autor dos disparos
A polícia de Charleston, no Estado da Carolina do Sul (EUA), prendeu nesta quinta-feira Dylann Roof, de 21 anos, o suspeito de ser o autor dos disparos que mataram nove pessoas em um ataque à Igreja Metodista Episcopal Africana Emanuel (Emanuel African Methodist Episcopal Church), voltada para a comunidade negra na cidade. A prisão ocorreu às 11h30 (12h30, no horário de Brasília), em Shelby, a quatro horas de Charleston, após o jovem ser identificado pelos seus próprios familiares graças às imagens divulgadas pela polícia que mostram um homem branco entrando no local e depois fugindo em um carro preto. Segundo a agência Reuters, um tio de Roof identificou o sobrinho ao ver as imagens. "Quanto mais olho (as fotos), mas estou convencido de que é ele", afirmou Carson Crowles.
Em comunicado, a polícia disse acreditar que o atentado tenha sido um "crime de ódio" racial. Dylann Roof é morador da área de Columbia, no subúrbio de Charleston. Os fatos ocorreram às 21h de quarta-feira (20h em Brasília). O suspeito entrou na igreja, juntou-se ao grupo que participava de uma sessão de estudos da Bíblia e ficou ali sentado durante uma hora antes de começar a disparar. Oito das vítimas morreram dentro do templo e outra no caminho ao hospital.
O chefe da polícia local, Greg Mullen, explicou em entrevista coletiva que as vítimas eram três homens e seis mulheres, incluindo o reverendo Clementa Pinckney, de 41 anos, pastor da igreja e senador democrata no Parlamento da Carolina do Sul. Pinckney era um reconhecido líder da comunidade negra no Estado e dirigia uma das igrejas afro-americanas mais antigas do país, que data dos tempos da escravidão.
O atentado ocorreu após um ano de protestos nos Estados Unidos contra as mortes de negros desarmados nas mãos da polícia. Esses casos, um deles ao norte de Charleston em abril, reabriram o debate sobre a relação entre brancos e negros, a manutenção de disparidades implícitas e o tratamento dispensado à comunidade afro-americana pela polícia norte-americana. A questão vem à tona meio século após o término oficial da segregação racial.
Após o massacre, grupos de pessoas negras se reuniram ao redor da igreja fazendo círculos de mãos dadas. “Achávamos que os temas raciais tinham sido superados”, disse uma delas a um repórter do jornal The Post and Courier.
Histórico de violência racial
O massacre em Charleston reviveu uma triste realidade não tão distante neste país: os ataques racistas contra igrejas frequentadas por negros. Incêndios e atentados contra templos religiosos afro-americanos eram uma realidade do século XIX. E se intensificaram durante a época dos direitos civis, nas décadas de cinquenta e sessenta do século passado. Um dos episódios mais conhecidos é a morte de quatro meninas de uma igreja em Birmingham (Alabama), em 1963, num ataque da Ku Klux Klan. Uma onda de atentados em meados dos anos noventa levou a uma investigação do Congresso norte-americano. O último caso relevante aconteceu em janeiro de 2009, no dia da posse de Barack Obama como presidente dos EUA, quando um homem branco atacou uma igreja negra de Massachusetts.
A Carolina do Sul não fugiu a essa triste realidade. Foi em Charleston que teve início a Guerra Civil (1861-1865) entre os Estados escravistas do sul contra os da “União”, do norte. A Carolina do Sul integrava a antiga Confederação. E, como outros estados do sul, tem uma reprovável história de discriminação racial. O Estado manteve a escravidão dos negros durante boa parte do século XIX. A população negra ficou marginalizada até o fim oficial da segregação, há meio século.
O último episódio de tensão racial nessa cidade foi a morte de Walter Scott, em abril. Scott, um negro de 50 anos que estava desarmado, recebeu oito disparos de um policial branco. O incidente ocorreu em plena luz do dia numa área de jardins na parte norte de Charleston e ficou famoso quando as imagens foram difundidas por um pedestre. O agente foi indiciado e a comunidade negra saiu às ruas para denunciar a discriminação racial da polícia.
Os protestos em North Charleston foram semelhantes aos ocorridos ano passado nos EUA. Foi a última explosão de indignação após os casos dos assassinatos de negros desarmados cometidos pela polícia, como os registrados antes em Ferguson (Missouri) e Staten Island (Nova York). Charleston é uma cidade de 127.000 habitantes. Da população total do condado, 67% é branca e 29% negra, segundo o censo federal.
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