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Após protestos, Correa recua em aumentar imposto sobre herança

O presidente do Equador também queria subir os tributos sobre o lucro imobiliário Os projetos foram retirados temporariamente

Manifestação na noite de segunda-feira em Quito.
Manifestação na noite de segunda-feira em Quito.José Jácome (EFE)

O Palácio Carondelet, sede do Governo do Equador, viveu uma segunda-feira agitada após uma semana de protestos diários em todo o país contra dois dos projetos para aumentar impostos sobre a herança e o lucro imobiliário. O presidente, Rafael Correa, discursou da sacada do palácio às centenas de simpatizantes convocados por seu partido. Agradeceu o apoio e anunciou que manteria os projetos: “Toda acumulação de riqueza excessiva é injusta e imoral, e contra isso estamos lutando. Essas pessoas e os seus seguidores não estão defendendo os pobres (...) Estão defendendo os seus bolsos”.

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Mas, às 21h, Correu falou novamente do Carondelet, exibindo sua faixa presidencial —uma imagem pouco habitual. E causou surpresa ao informar que retiraria “temporariamente” os projetos de lei, usando a visita do Papa, no próximo 8 de julho, para justificar a decisão. “Para evitar que esses grupos [a oposição] provoquem mais violência, mais ainda quando precisamos de um ambiente de paz, alegria e reflexão durante a visita do papa Francisco”, disse.

Correa afirmou que os projetos ficarão suspensos “enquanto durar o debate”, lembrando que “isso será apenas uma espera” para desarticular “as mentiras” que a oposição propagou contra as emendas. Mas o anúncio não satisfez seus rivais políticos, que mantêm as convocatórias para esta semana. O ex-presidente da Câmara de Comércio de Quito, Blasco Peñaherrera Solah, considera que a decisão é para “ganhar tempo” e “uma enganação”. “A convocatória será mantida com mais força do que nunca. Não é só pelas duas leis, mas uma manifestação de rejeição dos últimos nove anos, pela violação dos direitos fundamentais dos cidadãos”, afirmou.

Também será mantida a marcha que os sindicalistas organizam nesta quinta-feira. “Não somos apenas contra os impostos à herança, mas contra as emendas, as leis trabalhistas e o alto custo de vida”, explicou Mario Morales, da central Fetralpi.

Apesar dos anúncios, os opositores mantêm os protestos nesta semana

Correa e seu aparato de comunicação insistem nos novos tributos. “Se alguém me demonstrar que alguma das leis afeta os pobres ou a classe média, arquivarei definitivamente os projetos. Se alguém demonstrar que as leis tinham fins de arrecadação por suposto desvio dos recursos públicos, também os arquivarei de forma definitiva”, disse o presidente em rede nacional.

A Secretaria de Comunicação tem se esforçado para mostrar que existe uma conspiração e que os veículos de comunicação privados ajudam a desestabilizar a democracia e a provocar outra tentativa de golpe de Estado, como ocorreu em 30 de setembro de 2010. O secretário de Comunicação, Fernando Alvarado, acusou os canais de TV Teleamazonas e Ecuavisa de apoiar os planos golpistas.

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