_
_
_
_

Vaticano diz que casamento gay é “derrota para a humanidade”

Secretário de Estado diz que a Igreja precisa reagir ao resultado do referendo irlandês

Simpatizantes da causa celebram o resultado do referendo em Dublin, no último sábado.
Simpatizantes da causa celebram o resultado do referendo em Dublin, no último sábado.AID. CRAWLEY (EFE)

O sim da católica Irlanda ao casamento homossexual caiu como uma bomba no Vaticano. Seu mais graduado funcionário, o secretário de Estado Pietro Parolin, um diplomata com muitos anos de experiência e fama de moderado, assim se referiu ao resultado do referendo: “Não só se pode falar de uma derrota dos princípios cristãos, mas também de uma derrota da humanidade”.

O cardeal italiano Parolin acrescentou que se sente “muito triste pelo resultado” – 62% dos votos favoráveis ao casamento entre homossexuais, 37% apostaram contra – e pediu à Igreja que reaja. “O arcebispo de Dublin”, acrescentou o secretário de Estado durante um ato da fundação Centesimus Annus, “disse que a Igreja deve levar em conta essa realidade, mas me parece que no sentido de reforçar seu esforço evangelizador. A família tem que continuar no centro, e devemos defendê-la, tutelá-la e promovê-la. O futuro da humanidade e da Igreja depende da família. Golpeá-la seria como tirar os alicerces do edifício do futuro”.

Mais informações
Direitos dos gays pelo mundo
Irlanda, o primeiro país a aprovar o casamento gay em um referendo
Terapia visual contra a homofobia
Irlanda dá um grande salto
Primeiro casamento gay de um primeiro-ministro na UE

As palavras de Parolin chamam a atenção por dois aspectos. Primeiro porque ele não costuma se estender – e muito menos com tal eloquência – quando fala em público. Seu trabalho até agora era no sentido de sustentar de forma calada, quase invisível, os esforços do papa Francisco para renovar a Igreja e, sobretudo, colocar a máquina diplomática do Vaticano a serviço da paz. Em segundo lugar, desde que o Papa se referiu à homossexualidade durante seu voo de volta do Brasil – “Quem sou eu para julgar os gays” – a Santa Sé vinha procurando atualizar os velhos clichês.

Mas, até o momento, tratava-se apenas de uma aproximação mais respeitosa, talvez mais compreensiva em relação aos homossexuais, mas deixando claro –como faz nesta quarta-feira o cardeal Angelo Bagnasco, presidente da Conferência Episcopal Italiana, em uma entrevista ao jornal La Repubblica – que a Igreja continua rejeitando as uniões civis. “Acreditamos”, observa Bagnasco, “na família que nasce da união estável entre um homem e uma mulher, potencialmente aberta à vida; esta união, que constitui um bem essencial para a sociedade, não é equiparável a outras formas de convivência”.

Talvez as palavras de Pietro Parolin possam ser explicadas pelo fato de a Igreja temer um efeito-dominó do referendo europeu no resto da Europa.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_