_
_
_
_

Bachelet faz mudança drástica ao trocar nove ministros de sua equipe

Após pedir a renúncia de todo o seu gabinete, a presidenta mantém 14 dirigentes Demite seus homens de confiança dos ministérios da Fazenda e do Interior

Rocío Montes
Santiago de Chile -
O ex-ministro de Defesa de Chile, Jorge Burgos, assina como novo ministro do Interior.
O ex-ministro de Defesa de Chile, Jorge Burgos, assina como novo ministro do Interior.FELIPE TRUEBA (EFE)

Depois de 108 horas em que o gabinete de Michelle Bachelet permaneceu à espera de seu futuro e com a renúncia coletiva apresentada, a presidenta chilena anunciou mudanças drástica em seu Governo, as de maior profundidade que um mandatário realizou no Chile desde a volta à democracia, em 1990. Catorze meses após ter assumido seu segundo mandato, em março de 2014, a governante socialista não só removeu toda a equipe política que a acompanhava no palácio de La Moneda, encabeçada por Rodrigo Peñailillo, como também demitiu o ministro da Fazenda, Alberto Arenas. A saída do líder econômico do Executivo chileno é uma novidade histórica: nenhum chefe de Estado dos governos pós-ditadura havia tomado a decisão de promover mudanças nessa área.

“É tempo de dar um novo impulso à missão do Governo, e nessa nova fase, tão exigente quanto estimulante, é preciso colocar energia renovada e rostos novos à frente das tarefas que prometemos ao país e que os chilenos nos pedem. Por essa razão decidi, no uso de minhas prerrogativas constitucionais, convocar uma nova equipe ministerial”, disse Bachelet.

Num discurso esperado pelos políticos e pela população desde quarta-feira passada, quando anunciou a dissolução de seu gabinete pela televisão, a socialista fez mudanças em 9 dos 23 ministérios. As saídas dos titulares do Interior e da Fazenda são, sem dúvida, as de maior impacto. Desde os tempos em que Bachelet vivia em Nova York, como diretora da ONU Mulheres (entre setembro de 2010 e março de 2013), Peñailillo e Arenas foram seus dois homens de confiança e os arquitetos de sua volta ao Chile, de seu programa de governo e de sua segunda campanha à presidência. Nesse primeiro ano de governo, ocupando os cargos mais importantes do gabinete, ambos estiveram à frente das principais reformas do Executivo, como a tributária e as alterações no sistema eleitoral binominal.

Mais informações
Bachelet desenha seu novo gabinete em completo segredo
O Chile de Bachelet, uma lição para Dilma Rousseff?
A presidenta de Chile pede a renúncia a todos seus ministros
Michelle Bachelet pede a renúncia de todos os ministros de seu Governo
Bachelet anuncia uma profunda reforma contra a corrupção no Chile
Michelle Bachelet: “Não penso em renunciar, de modo algum”
A vaidade ferida do Chile

A presidenta nomeou para o Interior o democrata-cristão Jorge Burgos, que tem longa carreira no Executivo e no Congresso e que até agora era ministro da Defesa, e para a Fazenda, Rodrigo Valdés, do Partido pela Democracia (PPD), reconhecido por sua capacidade de realização e que era presidente executivo do Banco Estado.

Com essas duas mudanças-chave e pelos perfis dos substitutos de Peñailillo e Arenas, pode-se concluir que, ao recomeçar seu governo, Bachelet quis demonstrar uma disposição à negociação e ao diálogo. Como membro de diversos governos de centro-esquerda desde 1990 e depois de três mandatos de deputado, Burgos é um especialista em negociações complexas e um político experimente, com conexões profundas em todos os setores. A nomeação de Valdés para a Fazenda vai na mesma direção. Num governo que pretende realizar uma ambiciosa agenda de reformas, para a qual restam menos de três anos, Bachelet optou por um interlocutor respeitado no mundo empresarial, onde Arenas enfrentou vários problemas, e, depois de 14 meses, havia perdido a legitimidade necessária para levar adiante sua difícil tarefa.

A equipe política do palácio de La Moneda, composta por três ministros, ficou sem a presença de mulheres. Na Secretaria-Geral do Governo, que faz o trabalho de porta-voz, saiu o socialista Álvaro Elizalde e entrou Marcelo Díaz, também militante do PS, que vinha exercendo o cargo de embaixador na Argentina. À Secretaria-Geral da Presidência, encarregada da agenda legislativa do Executivo e do contato com o Congresso, aportou o deputado Jorge Insunza, do PPD, que substitui Ximena Rincón, a partir de agora no Ministério do Trabalho.

Nessa reforma de gabinete aconteceram outras trocas entre membros da equipe: além do deslocamento de Burgos e Rincón, José Antonio Gómez, do Partido Radical, passou da Justiça para a Defesa. Javiera Blanco, independente, foi transferida do Trabalho para encabeçar o Ministério da Justiça. No Ministério da Cultura entra Ernesto Ottone Ramírez, substituindo Claudia Barattini, enquanto no Desenvolvimento Social toma posse o segundo político comunista do Executivo, Marcos Barraza, que fica no lugar de Fernanda Villegas. Nessa profunda transformação, cinco ministros deixaram o Governo Bachelet.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_