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Copiloto da Germanwings treinou derrubada de avião com voo anterior

Andreas Lubitz acionou até cinco vezes o piloto automático para programar a descida

Carlos Yárnoz
Andreas Lubitz, em uma foto de 2009.
Andreas Lubitz, em uma foto de 2009.Michael Mueller (AP)

Andreas Lubitz, o copiloto da companhia aérea Germanwings que derrubou deliberadamente um Airbus A320 no dia 24 de março nos Alpes com 150 pessoas a bordo, fez também manobras anormais de descida no voo anterior entre Dusseldorf e Barcelona, na manhã do mesmo dia. Nesse voo, ele também tinha ficado sozinho na cabine por alguns minutos e pôs o avião em descida máxima diversas vezes, segundo o relatório preliminar feito pela agência de investigação do Governo da França.

O relatório, de 30 páginas, mostra que às 7 horas, 19 minutos e 59 segundos do dia 24, no voo Dusseldorf-Barcelona, “são registrados ruídos que parecem ser da abertura e fechamento da porta da cabine, que correspondem a quando o comandante saiu da cabine”. A aeronave estava a 37.000 pés (cerca de 11.000 metros) de altura.

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Às 7 horas, 20 minutos e 29 segundos, o centro de controle de Burdeos orientou o avião a descer para 35.000 pés, manobra executada pelo copiloto. E 18 segundos depois o copiloto selecionou a altitude de 100 pés, a menor possível. Manteve-a programada por 3 segundos e depois a aumentou para o máximo permitido, 49.000 pés, para logo depois reduzi-la para 35.000.

Novamente às 7 horas, 22 minutos e 27 segundos, a altitude selecionada por Lubitz voltou a ser de 100 pés. Mudou-a várias vezes, até estabelecê-la em 25.000. Às 7h24 se ouve o sinal sonoro acionado pelo piloto para que seja aberta a porta de acesso à cabine. Às 7h24m29s a porta é destravada, e o comandante entra. Durante sua ausência, o copiloto selecionou a altitude mínima quatro vezes, corrigindo-a depois.

“Lubitz modificou reiteradamente a velocidade de descida”

O copiloto Andreas Lubitz selecionou a velocidade máxima permitida na descida do avião, segundo as conclusões do relatório provisório dos investigadores. Lubitz escolheu essa velocidade às 9 horas, 35 minutos e 3 segundos, e o avião tocou o chão exatamente às 9 horas, 41 minutos, 6 segundos, como detalha o documento.

A velocidade selecionada foi de 350 nós, ou 640 quilômetros por hora, que é a máxima nas condições em que voava o avião nesse momento, quer dizer, o limite recomendado para que a estrutura do avião aguentasse. Os 350 nós nesse momento eram, afirma o documento, “o valor máximo que a tripulação pode selecionar”. “Corresponde”, precisa, “à velocidade máxima operativa”.

Os investigadores relatam que o comandante do Airbus deixou a cabine às 9 horas, 30 minutos, 24 segundos, e que apenas 31 segundos depois, Lubitz selecionou também a altitude mínima permitida, 100 pés ou 33 metros sobre o solo. Modificou reiteradamente a velocidade de descida. Seis vezes, por exemplo, durante 13 segundos, até que finalmente escolheu a máxima possível nessas condições. A velocidade final era de 345 nós, apenas cinco a menos que a máxima.

Às 9 horas, 40 minutos, 41 segundos, foi ativado o primeiro alarme de proximidade do solo. “Terrain, terrain. Pull up, pull up” (Terra, terra, suba, suba) do chamado Ground Proximity Warning System (sistema de alerta de proximidade da terra). Continuou ativado até o final. Como dois outros alertas que se ativaram 12 segundos antes da catástrofe.

A investigação sobre o caso apontou que Andreas Lubitz “teve vontade” de destruir o avião. O copiloto que impediu que o comandante voltasse para a cabine, e o atirou deliberadamente contra uma montanha nos Alpes francês com 144 passageiros e seus cinco companheiros de tripulação a bordo. Lubitz tinha 27 anos e era da localidade alemã de Montabaur. Ainda segundo a investigação, ele já havia demonstrado tendências suicidas antes da tragédia.

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