Crescimento global continuará tímido até 2020, diz FMI
Fundo calcula que em médio prazo a expansão de países desenvolvidos e emergentes ficará muito aquém dos níveis pré-crise
As economias avançadas e emergentes crescerão nos próximos cinco anos a um ritmo muito inferior ao registrado antes da atual crise global, o que ainda é principalmente um reflexo do desmoronamento do sistema financeiro ocorrido há seis anos. Mas, como observa o Fundo Monetário Internacional (FMI) em um estudo que acompanhará seu próximo relatório sobre as perspectivas globais, o crescimento também está sendo prejudicado pelo envelhecimento populacional, por aumentos mais tímidos na produtividade e pela fragilidade do investimento privado. Tudo isto faz com que os juros tendam a permanecer baixos durante um bom tempo.
A partir desse cenário, os técnicos do FMI fazem cálculos usando como referência 16 países do G20 (bloco de grandes economias desenvolvidas e emergentes). Nos anos anteriores à Grande Recessão, o crescimento potencial das economias avançadas chegou a ficar em 2,4%, mas caiu para uma média de 1,3% ao ano entre 2008 e 2014. O estudo mostra que houve uma recuperação de 0,2 ponto percentual nos dois últimos exercícios, mas a estimativa é que se mantenha em torno de apenas 1,6% até 2020.
Davide Furceri, coordenador do relatório, afirmou em entrevista coletiva que uma parte dessa redução no potencial de crescimento das economias avançadas já era esperado, devido a fatores demográficos e à queda na inovação. Na verdade, ele relata que o potencial de crescimento começou a cair já em meados da passada década, antes da crise financeira. Mas grande parte do problema decorre de a economia crescer menos que o esperado depois do colapso do sistema bancário, em 2008.
É o que os economistas chamam de “o novo normal”. Os países emergentes, tábua de salvação da economia global no auge da crise, tampouco escapam da correção. Se durante o período de expansão, entre 2001 e 2007, seu crescimento potencial chegava a 7,4%, agora a projeção é de que ele sofrerá uma queda de quase dois pontos percentuais, ficando no patamar de 5,2% no período de 2015 a 2020.
As economias mais relevantes do mundo em desenvolvimento conseguiram manter um crescimento potencial de 6,5% durante o período posterior à crise financeira, em grande parte porque se transformaram em uma alternativa para os investimentos. Mas durante os últimos dois anos já foi observada uma mudança de tendência no perfil de crescimento das economias emergentes, como adverte o Banco Mundial.
Envelhecimento populacional
Embora os dois grupos sejam diferentes, há elementos comuns que explicam a redução do crescimento potencial nas nações desenvolvidas e nos países emergentes. O mais evidente é o efeito negativo vinculado a fatores demográficos, em particular o envelhecimento da população. Outro fator são os entraves à geração de capital e investimento. E, terceiro, um menor crescimento da produtividade, porque os avanços tecnológicos e as possibilidades de melhoria se aproximam cada vez mais do limite.
Esse menor crescimento em médio prazo, adverte o FMI, constitui um novo desafio. O Fundo cita, especialmente, as dificuldades em manter contas públicas ajustadas, antevendo complicações na redução de déficits e dívidas. Os técnicos também preveem que esse novo perfil modesto do crescimento levará os juros a permanecerem abaixo do normal, privando os bancos centrais de uma margem de manobra importante na hora de enfrentar situações adversas.
“Elevar o crescimento potencial deve ser uma prioridade”, reiteram os autores do estudo. O FMI apresentará suas novas previsões de crescimento dentro de uma semana, às vésperas da sua cúpula semestral em Washington. O organismo insiste na necessidade de amparar o crescimento com reformas estruturais, mas sem abrir mão dos investimentos em inovação e infraestrutura.
Para salientar essa ideia, o FMI publica um estudo específico sobre o investimento privado nos países avançados. A recuperação, observam os autores, foi pequena depois da contração de 25% nos anos da crise financeira. É um sintoma, diz o texto, da fragilidade que continua assolando a economia. A baixa demanda é um fator dominante.
O estudo cita ainda restrições no lado financeiro, as quais obrigam as empresas a pensarem duas vezes antes de investir. O Fundo identifica também um fator ligado à incerteza política em alguns países do sul da Europa. Por isso, insiste que é necessário um esforço fiscal e monetário para apoiar o crescimento e consequentemente elevar o investimento, embora admita que seja difícil recuperar a tendência anterior à Grande Recessão.
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