França diz que o diálogo nuclear não está pronto para um acordo imediato
Estados Unidos e Irã prolongam para quarta-feira a negociação nuclear
Os representantes das seis potências mundiais e do Irã, tendo à frente o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, e o ministro das Relações Exteriores iraniano, Mohamed Javad Zarif, retomaram na quarta-feira o diálogo na Suíça. Mas o otimismo mostrado horas antes por Zarif foi moderado pelo chefe da diplomacia francesa, Laurent Fabius, que declarou após regressar de Lausanne à Paris que o diálogo nuclear não está suficientemente maduro para um acordo iminente, informa a Reuters. Fabius declarou-se disposto a voltar à Lausanne “quando for necessário”.
As negociações sobre o programa nuclear do Irã “avançaram bastante” e o rascunho de um acordo inicial pode começar a ser redigido na quarta-feira, segundo disse Zarif na madrugada de terça após a intensa jornada de reuniões. Os diplomatas de seis potências mundiais e o Irã ultrapassaram o prazo estabelecido, a meia-noite de terça-feira (19h de Brasília), sem fechar um acordo inicial que limite o programa nuclear de Teerã. O prazo para um pacto definitivo – incluindo os detalhes técnicos – é o dia 30 de junho.
“As conversas foram excelentes [...] Espero que possamos terminar o trabalho na quarta-feira e espero que possamos começar a redigir [um acordo] amanhã [referindo-se à quarta-feira]”, disse Zarif após concluir as reuniões à 1h30 da madrugada (20h30 de Brasília) em Lausanne, informa a agência Efe.
Para além da posição iraniana, existiram discrepâncias sobre o avanço do entendimento nas negociações: a Rússia anunciou que todos os assuntos vitais foram acertados, mas os Estados Unidos negaram: “É possível dizer com suficiente confiança que os ministros acertaram um acordo geral em todos os assuntos vitais” disse o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, à imprensa no hotel que abriga as reuniões, informa a agência Reuters. Lavrov, que deixou Lausanne na quarta-feira, disse na noite de terça que o pacto inclui a supervisão do programa nuclear iraniano por parte da Agência Internacional de Energia Atômica, e os passos para levantar as sanções que estrangulam a economia iraniana e isolam o país internacionalmente. O ministro explicou que esse princípio de acordo será redigido na quarta, e será anunciado posteriormente à imprensa por Zarif e a alta representante de Política Exterior da União Europeia, Federica Mogherini.
Um diplomata norte-americano, entretanto, negou em declarações à agência AFP a chegada a um entendimento preliminar. “Não foram acertados todos os assuntos”, disse em resposta às declarações de Lavrov.
O ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, Philip Hammond, expressou-se na mesma direção na manhã de quarta-feira, ao afirmar que ainda existem vários temas que precisam ser resolvidos. “Sou otimista em que possamos avançar ainda mais esta manhã [quarta], mas isso depende dos iranianos demonstrarem sua vontade de resolver os temas que ainda estão pendentes”, declarou Hammond à imprensa. “Alguns deles são bastante técnicos, o que nos faz ter ainda muito trabalho pela frente”, acrescentou.
Após 15 meses de negociações, as seis potências (Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia, China e Alemanha) querem que durante pelo menos 10 anos a capacidade nuclear iraniana fique a um ano de distância de adquirir o material para produzir uma bomba. Em troca, levantariam as sanções contra Teerã, que negou estar desenvolvendo uma bomba atômica.
As principais discrepâncias entre os negociadores, segundo fontes citadas pela Reuters, são o calendário de levantamento das sanções da ONU – cuja retirada é mais complexa que as impostas pelos EUA e a UE – e o pedido iraniano de ter o direito de pesquisar e desenvolver centrifugadores nucleares avançados uma vez passados os 10 anos do acordo.
O ministro das Relações Exteriores, Laurent Fabius, abandonou as negociações na Suíça para participar de uma reunião ministerial em Paris e voltará quando sua presença for “útil”, segundo a delegação francesa. E em Washington, o presidente dos EUA, Barack Obama, abordou a evolução das negociações em uma videoconferência com sua equipe de segurança nacional, incluindo a delegação norte-americana em Lausanne liderada pelo secretário de Estado, John Kerry, e o de Energia, Ernest Moniz.
Por outro lado, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, lançou na quarta-feira um novo apelo às potências e pediu um “acordo melhor”, já que considera que o cenário atual não bloqueia a obtenção da bomba atômica por parte da República Islâmica. “Agora é o momento da comunidade internacional insistir em um acordo melhor”, disse Netanyahu, em um discurso transmitido em inglês.
Tu suscripción se está usando en otro dispositivo
¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?
Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.
FlechaTu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.
Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.
En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.
Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.
Mais informações
Arquivado Em
- Diplomacia
- Laurent Fabius
- Acordo nuclear iraniano
- Barack Obama
- Programa nuclear Irã
- Irã
- Segurança nuclear
- Tratado nuclear
- Rússia
- Tratados internacionais
- Tratados desarmamento
- Armas nucleares
- Relações internacionais
- Energia nuclear
- Europa Leste
- Estados Unidos
- França
- América do Norte
- Oriente próximo
- Armamento
- Europa Ocidental
- Defesa
- Ásia
- América
- Europa