A foto que comoveu a Internet

Há uma semana, desde 24 de março, que a imagem desta pequena criança síria continua aparecendo nas redes sociais e nos meios de comunicação de todo o mundo. Uma menina com as mãos ao alto, os punhos e os lábios cerrados, os olhos arregalados que comoveram os que a viram, e também as milhares de pessoas que ajudaram a propagar a imagem com retuítes. A fotógrafa palestina Nadia AbuShaban publicou a foto em sua conta acompanhada deste texto: “Um fotojornalista tirou esta foto de uma menina síria de 4 anos, pensava que ele tinha uma arma, em vez de uma câmera, e por isso levantou os braços. #Rendida”. A foto já tinha mais de 14.000 retuítes na terça-feira e havia sido compartilhada no Facebook e Reddit.

Ao contrário do que muitos pensaram, a foto não foi tirada por AbuShaban, como ela mesma fez questão de esclarecer em sua conta no Twitter, embora não tivesse informado quem era o autor da imagem. Tampouco se trata de um menino, como também foi publicado. A fotografia original foi tirada pelo fotógrafo turco Osman Sagirli, e publicada em dezembro de 2014 no jornal de seu país, Türkiye. Um recorte da publicação está circulando pela Internet fazendo referência a uma notícia “por volta de 2012”, o que também não é correto.

A história completa foi contada pelo próprio fotógrafo à BBC Trending, onde afirmou que a foto é de uma menina síria de 4 anos chamada Hudea, e que foi tirada no campo de refugiados de Atmeh, na Síria, perto da fronteira com a Turquia, em dezembro passado. A imagem foi publicada em janeiro no Türkiye. Sagirli recorda dessa forma o momento exato no qual tirou a foto:

“Estava usando uma teleobjetiva e ela pensou que era uma arma. Percebi que estava morrendo de medo depois que tirei a foto, porque mordia os lábios e levantou os braços. Normalmente, as crianças fogem, escondem o rosto ou sorriem quando veem uma câmera.” Por isso Sagirli interpreta que a menina o confundiu com um soldado.

Independentemente do que a pequena Hudea tenha pensado naquele momento, a imagem — e especialmente os olhos da menina —serviram para novamente chamar a atenção para os milhares de deslocados por uma guerra que dura mais de quatro anos.