Como funcionam as caixas-pretas?
Estes dois dispositivos são fundamentais para se conhecer as causas de um acidente
As empresas aéreas têm a obrigação, desde os anos 60, de incorporar em todos os aviões comerciais duas caixas-pretas (que curiosamente não são desta cor, mas laranja ou vermelha, ficando pretas se ocorrer um incêndio) que ajudam a investigar as causas que provocam um acidente. A França diz que um das caixas-pretas do acidente nos Alpes foi encontrada, mas informa que o dispositivo está danificado.
Por que há duas caixas-pretas?
Uma delas (a CVR) grava as conversas na cabine, entre os pilotos, destes com os controladores e os barulhos que os especialistas podem analisar para elucidar o que aconteceu antes de um acidente, e essa é precisamente a caixa que foi encontrada. A outra caixa (FDR) registra os detalhes técnicos do voo como a posição do avião, a velocidade e a trajetória.
Como são?
As duas são aparelhos pesando cerca de 4,5 quilos, fabricados com aço inoxidável e titânio. Têm o tamanho de uma caixa de sapatos, com listras brilhantes para facilitar sua localização. Recobertas de uma armação de aço com isolante térmico, ficam na parte traseira do avião porque é o lugar que, estatisticamente, resiste melhor a um acidente.
Como podem ser encontradas?
Suportam desacelerações equivalentes a passar de 500 quilômetros por hora a zero em menos de cinco segundos, podem resistir a temperaturas de 1.100 graus centígrados durante uma hora, aguentar um mês submersas a 6.000 metros de profundidade ou o impacto de uma colisão. Caso o avião caia no mar, algo que só ocorre em 10% dos casos, emitem um sinal de rádio para ajudar sua localização.
Existem atualmente dois tipos de tecnologias, as de fita magnética, em vias de extinção, e a de memória eletrônica, similar aos cartões Flash SDD das câmeras fotográficas digitais; as que estavam instalados no avião acidentado eram desse tipo.
Quanto tempo demora para analisá-las?
Escutar as conversas demora pouco tempo. Para os ruídos, depende de sua intensidade. A análise pode demorar de 48 horas a semanas ou meses. Depois de recuperadas, os especialistas em acidentes aéreos se encarregam de extrair os dados dessas caixas-pretas que funcionam como a memória de um avião e começam a interpretá-los para gerar “curvas ou tabelas e fazer cálculos relativos ao comportamento do avião”.
Elas podem falhar?
Podem e já falharam. Uma falha na caixa-preta que grava as conversas entre os pilotos no avião da Air Algérie – que no dia 24 de julho de 2014 caiu no Mali – complicou as investigações para conhecer as causas do acidente.
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