México abre as portas para um aumento dos juros em 2015
País admite que também está disposto a elevar sua taxa diante do risco de fuga de capitais
O México está disposto a utilizar toda a artilharia ao seu alcance para evitar que sua economia entre em territórios perigosos. O esperado aumento dos juros nos EUA somado à grande queda do preço do petróleo se transformou em uma séria ameaça para a estabilidade das finanças públicas mexicanas. Nos últimos meses, o peso sofreu uma forte desvalorização e as expectativas de crescimento do PIB quase não passam de modestos 2%. Diante dos riscos de que as turbulências precipitem uma fuga de capitais e causem o aumento da inflação, o Banco do México lançou um sinal ao mercado. Está preparado para usar a política monetária como arma dissuasória. “Estaremos muito atentos à volatilidade gerada pela decisão da FED, e se for necessário poderemos também aumentar a taxa dos juros”, advertiu na quinta-feira o presidente da entidade Agustín Carstens.
A recuperação da locomotiva norte-americana e a guinada brusca da Reserva Federal – prevista para junho – são um contratempo para praticamente todas as economias emergentes. Os seis anos de juros baratos nos EUA serviram de incentivo para a viagem de importantes fluxos de capital rumo a outros destinos com excelente rentabilidade. Mas o dinheiro começou a tomar o caminho de volta e a proverbial suscetibilidade dos investidores se traduziu em uma forte volatilidade em grande parte dos mercados de dívida, moedas e renda variável. “A desvalorização não está sendo só contra o peso. Nos últimos oito meses o dólar viveu o maior aumento desde 1973. Todos os emergentes estão vendo suas moedas caírem”, disse Carstens durante um ato organizado pelo sindicato bancário mexicano.
É certo que o peso, com uma queda próxima aos 10% em 2015, não está sendo o maior prejudicado. O bolívar venezuelano registra mais de 30% e o peso argentino bate os 20%. Mas a moeda soberana mexicana foi um dos principais destinos para os investidores internacionais durante os últimos anos e as repercussões de uma potencial saída fariam as finanças públicas cambalearem. A posse de bônus mexicanos em mãos estrangeiras alcançou recorde histórico no final de 2014. Quase 40% da dívida pública asteca em circulação pertencem a grandes fundos e bancos estrangeiros.
É preciso adicionar neste delicado contexto a profunda queda do petróleo, produto do qual depende um quarto da renda do Estado. O barril de mistura mexicana perdeu mais de 60% de seu valor nos últimos 10 meses, o que causou a reação do Governo em janeiro com um duro corte nos gastos públicos de 9 bilhões de dólares (29 bilhões de reais) [0,7% do PIB]. “Enviamos um sinal muito claro. O Governo tomará as medidas que forem necessárias para assegurar a consolidação das contas públicas”, defendeu o secretário da Fazenda Luis Videgaray, também presente no ato organizado pelos representantes do setor financeiro mexicano. “Sabemos que a queda do preço do petróleo será uma constante durante o ano. O Governo precisa apertar o cinto”, acrescentou aludindo a um possível segundo corte nos gastos durante o ano.
O termômetro para medir a temperatura do risco antes de agir será a inflação. “Por enquanto o impacto foi limitado. Mas é preciso estar alerta e ajustar os juros se for o caso”, disse Carstens. O índice de preços no México se mantém em uma boa taxa de 3%, alinhado com o objetivo da autoridade monetária do país e favorecido paradoxalmente pelo barateamento das matérias primas e a fraca demanda interna.
O último movimento na taxa de referência dos juros ocorreu em 2014. O Banco do México abaixou em meio ponto o valor do dinheiro em uma tentativa de estimular a atividade econômica, que já acumula dois anos de avanços anêmicos, bem distantes das vigorosas taxas de 6% previstas por Enrique Peña Nieto no começo de seu mandato. No caso de um aumento durante 2015, o Governo mexicano sacrificaria uma das armas para estimular o crescimento em troca de tampar a possível hemorragia de capitais.
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