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Governo iraquiano prepara ataque a Tikrit, controlada por jihadistas

Operação iniciada há 10 dias é teste para a cooperação entre milícias xiitas e tribos sunitas

Ángeles Espinosa
Soldados iraquianos comemoram avanço em direção a Tikrit nos arredores da cidade.
Soldados iraquianos comemoram avanço em direção a Tikrit nos arredores da cidade.AHMAD AL-RUBAYE (AFP)

As forças iraquianas pró-governo alcançaram nesta terça-feira a periferia de Tikrit e pretendem avançar para o centro da cidade, que desde junho do ano passado está sob o controle do Estado Islâmico (EI), segundo diferentes porta-vozes. Esse cenário se tornou possível depois da retomada da aldeia de Al Alam, a Nordeste, a partir de onde a aliança de soldados das forças regulares, milicianos xiitas e combatentes sunitas espera lançar o ataque à capital da província de Saladino. Em caso de sucesso, seria a primeira cidade retomada, e animaria Bagdá a começar a campanha de Mossul, 225 quilômetros para o Norte.

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“A libertação de Tikrit começou nesta manhã, a partir de quatro eixos, Al Alam, Albu Ajil, Qadisiyah e Awenat”, disse um porta-voz das Unidades de Mobilização Popular, a organização que agrupa as diversas milícias xiitas e que representa a maioria dos 20.000 a 30.000 combatentes mobilizados. A cidade é simbólica porque em suas proximidades, na aldeia de Awja, nasceu o presidente Saddam Hussein, que foi executado.

Pouco depois a rede de TV Al Jazeera divulgou um comunicado do Ministério da Defesa anunciando a nova fase da ofensiva, que poderia começar na próxima madrugada. Embora o Governo de Bagdá tenha feito várias tentativas para retomar Tikrit, é a primeira vez que avança tanto. Depois do lento progresso dos dez últimos dias, a captura de Al Alam, na véspera, permitiu às forças iraquianas o cerco quase completo da cidade.

“Anuncio oficialmente que Al Alam está sob o controle total das forças de segurança, das Unidades de Mobilização Popular e dos combatentes das tribos locais”, declarou seu prefeito, Laiz al Juburi, segundo a agência de notícias Reuters.

Mas a euforia não pode ocultar as dificuldades pela frente. De um lado, o EI tem levado reforços para Tikrit de outras partes de seu autoproclamado califado. De outro, como já se viu no caminho, suas hostes espalham minas terrestres pelos acessos e deixam armadilhas explosivas quando batem em retirada.

Além disso, desde o início da operação, em 2 de março, teme-se que os xiitas, que constituem o grosso das tropas, tentem se vingar da população local, sunita, devido aos assassinatos de membros de sua comunidade na região. Isso destruiria a frágil aliança com as tribos locais contrárias ao EI. Até agora não houve indícios de vingança.

“Embora os relatos sejam preliminares, a cooperação entre os sunitas e as milícias xiitas apoiadas pelo Irã é digna de nota”, escreveu Sinan Adnan, do Institute for the Study of the War. Segundo o especialista, os sunitas que lutam contra o EI e os que querem simplesmente recuperar suas casas têm problemas de pessoal e de apoio militar. Daí estarem dispostos a cooperar com as milícias xiitas, “fruto da necessidade diante de um inimigo comum”.

A prova de fogo foi a retomada de Albu Ajil, a Leste de Tikrit, antes de chegar a Al Alam. Existe a suspeita de que os habitantes dessa aldeia tenham sido cúmplices do massacre de Camp Speicher, em que os jihadistas mataram várias centenas de soldados da base, pouco depois da tomada de Mossul. Embora, de acordo com porta-vozes extraoficiais, os milicianos tenham incendiado algumas casas, não há notícia de assassinatos extrajudiciais como vingança.

“O sucesso dessas operações conjuntas é um sinal positivo e um modelo que pode ser reproduzido no futuro”, diz Adnan.

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