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Argentina sofre o maior incêndio florestal de sua história

Na província sulista de Chubut 30.000 hectares já arderam

A. Rebossio
Buenos Aires -
Bombeiro tenta apagar o incêndio florestal em Chubut.
Bombeiro tenta apagar o incêndio florestal em Chubut.JOSÉ ROMERO (AFP)

A Argentina está sofrendo o maior incêndio florestal desde que esses sinistros passaram a ser registrados, segundo afirmou o ex-chefe do Plano Nacional de Manejo de Fogo Jorge Barrionuevo, que deixou o cargo no sábado. Depois de duas semanas de chamas que queimaram quase 30.000 hectares de bosques na província sulista de Chubut, Barrionuevo foi demitido pelo novo chefe do Gabinete de Ministros e um dos sete candidatos presidenciais para as primárias kirchneristas, Aníbal Fernández, que o qualificou de “ineficaz”. “Estamos imersos na pura e simples provocação dos incêndios. Todos os incêndios são provocados. A motivação é imobiliária”, afirmou Fernández nesta segunda-feira, depois de viajar no sábado para Chubut.

O fogo se espalhou nos Andes patagônicos. Mais de 20.000 hectares arderam ao redor do lago e do povoado de Cholila. Nessa localidade vivem 2.500 pessoas. Ao redor, vários milionários possuem mansões e grandes extensões de bosques, em parte arrasados pelo fogo. É o caso do cantor francês Florent Pagny, dos empresários Paolo Rocca – que é do setor do aço e conta com a segunda maior fortuna da Argentina – e Hugo Sigman, do setor farmacêutico, mais famoso por produzir filmes como Relatos Selvagens, e o apresentador de TV Marcelo Tinelli. Perto do lago Epuyén queimaram 8.000 hectares e ao redor de Puelo, outros 900, o que obrigou as autoridades a retirar por algumas horas as 500 famílias que vivem em Villa del Lago.

As equipes de bombeiros, com seus aviões-hidrantes, conseguiram controlar alguns focos do incêndio, mas na região de Cholila continuavam na expectativa de que começasse a chover para aplacar as chamas. Apenas um dia e meio depois de assumir o cargo de chefe de Gabinete, Fernández viajou para Cholila (1.760 quilômetros a sudoeste de Buenos Aires) para conhecer a situação e, então, demitiu Barrionuevo. “O trabalho que ele fez não foi satisfatório. Chega de ficar aguentando [funcionários] ineficazes que acham que isto é uma piada”, declarou o substituto de Jorge Capitanich, que regressou a seu cargo de governador de Chaco, no norte do país.

Governo argentino demite chefe do Plano de Manejo de Fogo por ser “ineficaz”

Fernández também endossou as especulações do Governo de Chubut e de moradores de Cholila de que o fogo foi ateado. “É um terreno que tem determinadas dimensões e está muito bem localizado, e tem determinado arvoredo que não vale nada para o dono desse terreno porque ele não pode fazer uso dele, a não ser (esperar) a valorização. Se essas árvores deixam de existir, passam a ser terrenos passíveis de serem vendidos”, opinou o chefe do Gabinete do Governo de Cristina Fernández de Kirchner.

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“Não há nenhuma dúvida de que vários desses incêndios são intencionais e estão vinculados com o negócio imobiliário”, comentou também o governador de Chubut, o kirchnerista Martín Buzzi. “Isto porque os proprietários de terras querem lotear para construir e, como não podem fazer isso porque as árvores são patrimônio do Estado, eles as fazem desaparecer”, continuou o dirigente da província. Outra hipótese é a de que moradores tenham queimado mato, mas o fogo escapou de suas mãos.

O incêndio tem avançado à proporção de 16 metros por minuto ao longo de 40 quilômetros. Não estão previstas chuvas suficientes para apagá-lo.

No domingo também arderam bosques dentro de Bariloche, na vizinha província de Rio Negro. Dezenas de casas foram afetadas e duas delas chegaram a ficar reduzidas a cinzas, mas os bombeiros controlaram as chamas com rapidez. Aníbal Fernández considera que o incêndio de Bariloche também teve origem na especulação imobiliária.

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